quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

PRINCESA MONONOKE

“Ugh! Eu cheiro a humano.”


Esta fábula épica, com seu belo exotismo, mostra deuses e demônios em uma luta que vai definir o destino de uma floresta preservada prestes a ser destruída. Para isso se utiliza de um elaborado universo de ética e moral criado por seu diretor Miyazaki. Diversas cenas de batalha e duelos - suficientes para distinguir claramente o filme de uma animação puramente infantil - são importantes para manter o ritmo da história. As cenas de ação são de tirar o fôlego de qualquer ser vivente; porém, é a presença da natureza, dos personagens míticos e o enredo em si que tornam esse filme tão especial. ''Princesa Mononoke'' começa com um ataque de uma fera a um distante vilarejo montanhoso. Um demoníaco javali, cravejado de vermes pulsantes ao redor do corpo (dando uma impressão de uma aranha), é a razão de o jovem Ashitaka seguir seu destino de acudir a floresta. Infectado pelo animal, o herói ruma para o Oeste, em busca da cura que irá salvar sua vida. Uma vez dentro da mata, envolve-se em uma amarga batalha com Lady Eboshi e um orgulhoso grupo de humanos contra os deuses-animais da floresta, comandados pela corajosa princesa Mononoke (criada por uma familia de lobos).

Somente a visão do Espirito da Floresta - que durante o dia se transforma em animal e à noite toma a forma de uma divindade com poderes mágicos -, vale o filme. A imagem das plantas e flores desabrochando sob as pisadas simples e simbólicas da entidade é um espetáculo único.

Também é admirável que tenha sido evitado o antropomorfismo animal, um vício presente na maioria das animações. O respeito aos animais e à natureza é preservado de forma religiosa. A trilha sonora do filme é soberbamente utilizada para coroar as cenas. Dificilmente uma animação será capaz de reproduzir de forma tão poética os contrastes entre a cobiça humana e a luta dos animais pela preservação da natureza. Maravilhoso.



Princesa Mononoke (Mononoke-Hime)
1997 – JAPÃO - 134 min. – Colorido – ANIMAÇÃO
Direção: HAYAO MIYAZAKI. Roteiro: HAYAO MIYAZAKI. Fotografia: ATSUSHI OKUI. Montagem: HAYAO MIYAZAKI E TAKESHI SEYAMA. Música: JOE HISAISHI. Produção: TOSHIO SUZUKI, distribuído pela MIRAMAX.

Elenco: YÔJI MATSUDA( Voz de Ashitaka), YURIKO ISHIDA ( Voz de San/Princesa Mononoke), YÛKO TANAKA (Voz de Lady Eboshi), KAORU KOBAYASHI (Voz de Jiko-bô), MASAHIKO NISHIMURA (Voz de Kouroko), TSUNEHIKO KAMIJÔ (Voz de Gonza), SUMI SHIMAMOTO (Voz de Toki), TETSU WATANABE (Voz de Yama Inu), MITSURU SATÔ (Tatari-gami), AKIRA NAGOYA (Voz de Usi-kai) , AKIHIRO MIWA (Voz de Moro-no-kimi) , MITSUKO MORI (Voz de Hii-sama) e HISAYA MORISHIGE (Voz de Okkotu-nusi)



Cenas do filme:



Assista também:




A Viagem de Chihiro

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

PREMIAÇÃO DO SAG - NOITE SEM GRANDES SURPRESAS

A festa de premiação do Screen Actors Guild - SAG nesta noite terminou sem grandes surpresas. Ou talvez uma - a vitória de Meryl Streep em "Dúvida". Muito querida pela classe artística, a própria atriz não acreditou quando ouviu seu nome sendo anunciado por Ralph Fiennes. Apesar disso, Meryl não deve repetir a vitória no dia 22 de Fevereiro, quando serão anunciados os vencedores do Oscar. Kate Winslett acabou ganhando como atriz coadjuvante por "O Leitor". Como Penélope Cruz concorria também nesta categoria, saiu de mãos vazias para casa. No Oscar, com a improvável vitória de Streep, e a quase certa de Winslett, Cruz pode começar a acender as velas...
Sean Penn ganhou a estatueta de Melhor Ator Principal e segue como favorito ao Oscar nesta categoria. Mickey Rourke disfarçou um sorriso amarelo e terá que "lutar" mais para vencer em Fevereiro.
Heath Ledger, vencedor na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, confirma a tendência da Academia em dar um prêmio póstumo. O elenco de "Quem Quer Ser Milionário" foi premiado como o melhor da noite, reforçando também um possível Oscar de Melhor Filme.

Veja abaixo os principais prêmios da noite.



CINEMA

Melhor Ator Principal
RICHARD JENKINS / Walter Vale - "THE VISITOR" (Overture Films)
FRANK LANGELLA / Richard Nixon - "FROST/NIXON" (Universal Pictures)
SEAN PENN / Harvey Milk - "MILK – A VOZ DA IGUALDADE" (Focus Features) *
BRAD PITT / Benjamin Button - "O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON" (Paramount Pictures)
MICKEY ROURKE / Randy - "O LUTADOR" (Fox Searchlight Pictures)

Melhor Atriz Principal
ANNE HATHAWAY / Kym - "O CASAMENTO DE RACHEL" (Sony Pictures Classics)
ANGELINA JOLIE / Christine Collins - "A TROCA" (Universal Pictures)
MELISSA LEO / Ray Eddy - "RIO CONGELADO" (Sony Pictures Classics)
MERYL STREEP / Sister Aloysius Beauvier - "DÚVIDA" (Miramax Films) *
KATE WINSLET / April Wheeler - "FOI APENAS UM SONHO" (Paramount Vantage)

Melhor Ator Coadjuvante
JOSH BROLIN / Dan White - "MILK – A VOZ DA IGUALDADE" (Focus Features)
ROBERT DOWNEY, JR. / Kirk Lazarus - "TROVÃO TROPICAL" (Paramount Pictures)
PHILIP SEYMOUR HOFFMAN / Father Brendan Flynn - "DÚVIDA" (Miramax Films)
HEATH LEDGER / Joker - "BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS" (Warner Bros. Pictures) *
DEV PATEL / Older Jamal - "QUEM QUER SER MILIONÁRIO?" (Fox Searchlight Pictures)

Melhor Atriz Coadjuvante
AMY ADAMS / Sister James - " DÚVIDA" (Miramax Films)
PENÉLOPE CRUZ / Maria Elena - "VICKY CRISTINA BARCELONA" (The Weinstein Company)
VIOLA DAVIS / Mrs. Miller - "DÚVIDA" (Miramax Films)
TARAJI P. HENSON / Queenie - "O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON" (Paramount Pictures)
KATE WINSLET / Hanna Schmitz - "O LEITOR" (The Weinstein Company) *

Melhor Elenco de Filme
O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (Paramount Pictures)
MAHERSHALALHASHBAZ ALI Tizzy
CATE BLANCHETT Daisy
JASON FLEMYNG Thomas Button
JARED HARRIS Captain Mike
TARAJI P. HENSON Queenie
ELIAS KOTEAS Monsieur Gateau
JULIA ORMOND Caroline
BRAD PITT Benjamin Button
PHYLLIS SOMERVILLE Grandma Fuller
TILDA SWINTON Elizabeth Abbot

DÚVIDA (Miramax)
AMY ADAMS Sister James
VIOLA DAVIS Mrs. Miller
PHILIP SEYMOUR HOFFMAN Father Brendan Flynn
MERYL STREEP Sister Aloysius Beauvier

FROST/NIXON (Universal Pictures)
KEVIN BACON Jack Brennan
REBECCA HALL Caroline Cushing
TOBY JONES Swifty Lazar
FRANK LANGELLA Richard Nixon
MATTHEW MacFADYEN John Birt
OLIVER PLATT Bob Zelnick
SAM ROCKWELL James Reston, Jr.
MICHAEL SHEEN David Frost

MILK – A VOZ DA IGUALDADE (Focus Features)
JOSH BROLIN Dan White
JOSEPH CROSS Dick Pabich
JAMES FRANCO Scott Smith
VICTOR GARBER Mayor Moscone
EMILE HIRSCH Cleve Jones
DIEGO LUNA Jack Lira
DENIS O’HARE Briggs
SEAN PENN Harvey Milk
ALISON PILL Anne Kronenberg

QUEM QUER SER MILIONÁRIO? (Fox Searchlight Pictures) *
RUBINA ALI Youngest Latika
TANAY HEMANT CHHEDA Middle Jamal
ASHUTOSH LOBO GAJIWALA Middle Salim
AZHARUDDIN MOHAMMED ISMAIL Youngest Salim
ANIL KAPOOR Prem
IRRFAN KHAN Police Inspector
AYUSH MAHESH KHEDEKAR Youngest Jamal
TANVI GANESH LONKAR Middle Latika
MADHUR MITTAL Oldest Salim
DEV PATEL Older Jamal
FREIDA PINTO Older Latika

TELEVISÃO

Melhor Ator em Filme para TV ou Minissérie
RALPH FIENNES / Bernard Lafferty - "BERNARD AND DORIS" (HBO)
PAUL GIAMATTI / John Adams - "JOHN ADAMS" (HBO) *
KEVIN SPACEY / Ron Klain - "RECOUNT" (HBO)
KIEFER SUTHERLAND / Jack Bauer - "24: REDEMPTION" (FOX)
TOM WILKINSON / Benjamin Franklin - "JOHN ADAMS" (HBO)

Melhor Atriz em Filme para TV ou Minissérie
LAURA DERN / Katherine Harris - "RECOUNT" (HBO)
LAURA LINNEY / Abigail Adams - "JOHN ADAMS" (HBO) *
SHIRLEY MacLAINE / Coco Chanel - "COCO CHANEL" (Lifetime)
PHYLICIA RASHAD / Lena Younger - "A RAISIN IN THE SUN" (ABC)
SUSAN SARANDON / Doris Duke - "BERNARD AND DORIS" (HBO)

Melhor Ator em Série de TV (Drama)
MICHAEL C. HALL / Dexter Morgan - "DEXTER" (Showtime)
JON HAMM / Don Draper - "MAD MEN" (AMC)
HUGH LAURIE / Gregory House - "HOUSE" (FOX) *
WILLIAM SHATNER / Denny Crane - "BOSTON LEGAL" (ABC)
JAMES SPADER / Alan Shore - "BOSTON LEGAL" (ABC)

Melhor Atriz em Série de TV (Drama)
SALLY FIELD / Nora Walker - "BROTHERS & SISTERS" (ABC) *
MARISKA HARGITAY / Det. Olivia Benson - "LAW & ORDER: SPECIAL VICTIMS UNIT" (NBC)
HOLLY HUNTER / Grace Hanadarko - "SAVING GRACE" (TNT)
ELISABETH MOSS / Peggy Olson - "MAD MEN" (AMC)
KYRA SEDGWICK / Dep. Chief Brenda Johnson - "THE CLOSER" (TNT)

Melhor Ator em Série de TV (Comédia)
ALEC BALDWIN / Jack Donaghy - "30 ROCK" (NBC) *
STEVE CARELL / Michael Scott - "THE OFFICE" (NBC)
DAVID DUCHOVNY / Hank Moody - "CALIFORNICATION" (Showtime)
JEREMY PIVEN / Ari Gold - "ENTOURAGE" (HBO)
TONY SHALHOUB / Adrian Monk - "MONK" (USA)

Melhor Atriz em Série de TV (Comédia)
CHRISTINA APPLEGATE / Samantha Newly - "SAMANTHA WHO?" (ABC)
AMERICA FERRERA / Betty Suarez - "BETTY, A FEIA" (ABC)
TINA FEY / Liz Lemon - "30 ROCK" (NBC) *
MARY-LOUISE PARKER / Nancy Botwin - "WEEDS" (Showtime)
TRACEY ULLMAN / Various Characters - "TRACEY ULLMAN’S STATE OF THE UNION" (Showtime)

Melhor Elenco em Série de TV (Drama)
BOSTON LEGAL (ABC)
CANDICE BERGEN Shirley Schmidt
SAFFRON BURROWS Lorraine Weller
CHRISTIAN CLEMENSON Jerry Espenson
TARAJI P. HENSON Whitney Rome
JOHN LARROQUETTE Carl Sack
WILLIAM SHATNER Denny Crane
JAMES SPADER Alan Shore
TARA SUMMERS Katie Lloyd
GARY ANTHONY WILLIAMS Clarence Bell

THE CLOSER (TNT)
G.W. BAILEY Lt. Provenza
MICHAEL PAUL CHAN Lt. Mike Tao
RAYMOND CRUZ Det. Julio Sanchez
TONY DENISON Lt. Andy Flynn
ROBERT GOSSETT Commander Taylor
PHILLIP P. KEENE Buzz Watson
GINA RAVERA Det. Irene Daniels
COREY REYNOLDS Sgt. David Gabriel
KYRA SEDGWICK Dep. Chief Brenda Johnson
J.K. SIMMONS Asst. Police Chief Will Pope
JON TENNEY FBI Agent Fritz Howard

DEXTER (Showtime)
PRESTON BAILEY Cody
JULIE BENZ Rita Bennett
JENNIFER CARPENTER Debra Morgan
VALERIE CRUZ Syl Prado
KRISTIN DATTILO Det. Barbara Gianna
MICHAEL C. HALL Dexter Morgan
DESMOND HARRINGTON Joey Quinn
C.S. LEE Vince Masuka
JASON MANUEL OLAZABAL Ramon Prado
DAVID RAMSEY Anton
JAMES REMAR Harry Morgan
CHRISTINA ROBINSON Astor
JIMMY SMITS Miguel Prado
LAUREN VÉLEZ Lt. Maria Laguerta
DAVID ZAYAS Angel Batista

HOUSE (Fox)
LISA EDELSTEIN Dr. Lisa Cuddy
OMAR EPPS Dr. Eric Foreman
PETER JACOBSON Dr. Chris Taub
HUGH LAURIE Dr. Gregory House
ROBERT SEAN LEONARD Dr. James Wilson
JENNIFER MORRISON Dr. Allison Cameron
KAL PENN Dr. Lawrence Kutner
JESSE SPENCER Dr. Robert Chase
OLIVIA WILDE Dr. Remy Hadley/Thirteen

MAD MEN (AMC) *
BRYAN BATT Salvatore Romano
ALISON BRIE Trudy Campbell
MICHAEL GLADIS Paul Kinsey
JON HAMM Don Draper
AARON HART Bobby Draper
CHRISTINA HENDRICKS Joan Holloway
JANUARY JONES Betty Draper
VINCENT KARTHEISER Pete Campbell
ROBERT MORSE Bertram Cooper
MARK MOSES Herman “Duck” Phillips
ELISABETH MOSS Peggy Olson
KIERNAN SHIPKA Sally Draper
JOHN SLATTERY Roger Sterling
RICH SOMMER Harry Crane
AARON STATON Ken Cosgrove


Melhor Elenco em Série de TV (Comédia)
30 ROCK (NBC) *
SCOTT ADSIT Pete Hornberger
ALEC BALDWIN Jack Donaghy
KATRINA BOWDEN Cerie
TINA FEY Liz Lemon
JUDAH FRIEDLANDER Frank Rossitano
JANE KRAKOWSKI Jenna Maroney
JACK McBRAYER Kenneth Parcell
TRACY MORGAN Tracy Jordan
MAULIK PANCHOLY Jonathan
KEITH POWELL Toofer

DESPERATE HOUSEWIVES (ABC)
KENDALL APPLEGATE Penny Scavo
ANDREA BOWEN Julie Mayer
CHARLIE CARVER Porter Scavo
MAX CARVER Preston Scavo
RICARDO ANTONIO CHAVIRA Carlos Solis
GARY COLE Wayne Davis
MARCIA CROSS Bree Van De Kamp Hodge
DANA DELANY Katherine Mayfair
JAMES DENTON Mike Delfino
LYNDSY FONSECA Dylan Mayfair
RACHEL FOX Kayla Huntington
TERI HATCHER Susan Mayer
ZANE HUETT Parker Scavo
FELICITY HUFFMAN Lynette Scavo
KATHRYN JOOSTEN Mrs. McCluskey
BRENT KINSMAN Younger Porter Scavo
SHANE KINSMAN Younger Preston Scavo
JOY LAUREN Danielle Van De Kamp
EVA LONGORIA-PARKER Gabrielle Solis
KYLE MacLACHLAN Orson Hodge
NEAL McDONOUGH Dave Williams
JOSHUA MOORE Parker Scavo
SHAWN PYFROM Andrew Van De Kamp
DOUG SAVANT Tom Scavo
NICOLLETTE SHERIDAN Edie Britt
BRENDA STRONG Mary Alice Young

ENTOURAGE (HBO)
KEVIN CONNOLLY Eric Murphy
KEVIN DILLON Johnny Drama
JERRY FERRARA Turtle
ADRIAN GRENIER Vincent Chase
REX LEE Lloyd
JEREMY PIVEN Ari Gold
PERREY REEVES Mrs. Ari

THE OFFICE (NBC)
LESLIE DAVID BAKER Stanley Hudson
BRIAN BAUMGARTNER Kevin Malone
CREED BRATTON Creed Bratton
STEVE CARELL Michael Scott
JENNA FISCHER Pam Beesly
KATE FLANNERY Meredith Palmer
MELORA HARDIN Jan Levenson
ED HELMS Andrew Bernard
MINDY KALING Kelly Kapoor
ANGELA KINSEY Angela Martin
JOHN KRASINSKI Jim Halpert
PAUL LIEBERSTEIN Toby Flenderson
B.J. NOVAK Ryan Howard
OSCAR NUÑEZ Oscar Martinez
CRAIG ROBINSON Darryl Philbin
PHYLLIS SMITH Phyllis Lapin
RAINN WILSON Dwight Schrute

WEEDS (Showtime)
DEMIÁN BICHIR Esteban Reyes
JULIE BOWEN Lisa
ENRIQUE CASTILLO Cesar
GUILLERMO DIAZ Guillermo
ALEXANDER GOULD Shane Botwin
ALLIE GRANT Isabelle Hodes
JUSTIN KIRK Andy Botwin
HEMKY MADERA Ignacio
ANDY MILDER Dean Hodes
KEVIN NEALON Doug Wilson
MARY-LOUISE PARKER Nancy Botwin
HUNTER PARRISH Silas Botwin
ELIZABETH PERKINS Celia Hodes
JACK STEHLIN Roy Till

Prêmio Especial pea Carreira (Life Achievement Award) - James Earl Jones

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

PEQUENOS ESTÚDIOS DOMINAM INDICAÇÕES AO OSCAR 2009



Entra ano, sai ano, e ficamos na expectativa de que a lista dos indicados ao Oscar seja diferente. Diferente em que sentido? Naquele em que não somente as regras do mercado dominem, mas sim critérios mais artísticos. Isso está mudando...Contudo, não fiquei de todo satisfeito com todas as indicações. Assisti à grande maioria dos filmes - agradeço aos internautas e às cópias passadas, exceto aos documentários (muito difícil de obtê-los) . Tivemos algumas novidades – não surpresas. Bom mesmo foi poder ver Melissa Leo, Marisa Tomei, Michael Shannon, Richard Jenkins, Viola Davis … Todas atuações poderosas realizadas por protagonistas que não possuem a pecha de “superstars”, tais como Brad Pitt ou Angelina Jolie. Muito legal poder ver esses “novos nomes” (são já atores/atrizes consagrados) surgirem na festa.

Apesar da campanha de Kate Winslet para convencer a Academia de que seu papel em “O Leitor” era de coadjuvante, ela ganhou a indicação como atriz principal justamente por este filme. Com Sally Hawkins - a melhor atriz do ano e esquecida injustamente - fora da disputa, Kate passa a ter mais chances, principalmente depois de ter vencido 2 Globos de Ouro. Quem pode roubar a cena é a queridinha da América Angelina Jolie, com muitas chances (embora eu ache injusto), em “A Troca”. Vamos aguardar para ver.
Não estando Kate Winslet na disputa de melhor atriz coadjuvante, aumentam, desta forma, as chances de Penélope Cruz sair vencedora da noite, por seu papel como Maria Elena em “Vicky Cristina Barcelona”. É a atriz mais premiada do ano e seu prêmio seria merecidíssimo.

Será que Sean Penn e Mickey Rourke serão destronados por Jenkins ou Langella? Acho difícil. Rourke faz o papel de sua vida como Randy “The Ram” Robinson, em “O Lutador”. Se analisarmos a fundo, ele interpreta a sua própria trajetória como boxeador e a Academia fica sensibilizada com papéis deste tipo. Também, é a grande chance de resgatar a carreira de Rourke. Como Sean já possui uma estatueta ganha por seu Jimmy Markum em “Sobre Meninos e Lobos” (2003), Rourke tem chances - ganhou o Globo de Ouro. Penn abocanhou os principais prêmios da crítica neste “Milk – A Voz da Igualdade”. Duelo difícil.

Gostaria muito de ver Richard Jenkins premiado. É um dos melhores atores americanos, que tem trabalhado durante décadas à sombra do Oscar. Seu trabalho em “The Visitor” é belo. Mas não tem chances. E quanto a Leonardo DiCaprio? Aposto que está fulo da vida por Michael Shannon ter sido indicado e não ele. Já vimos esta história antes com Titanic, lembram-se?

E Meryl Streep? Com sua 15ª. indicação é a recordista absoluta. Creio que não tenha chances. Porém, sua presença sempre ilumina a festa de premiação. Grande atriz, com performances muito regulares e diversas memoráveis. Caso ganhe, será sua terceira estatueta, após 26 anos. São vinte e seis anos que ela vai à festa ouvindo o nome de outros vencedores. Para ela, bem que este ano poderia ser diferente...

No caso de ator coadjuvante, Dev Pattel deve ter ficado injuriado ao ter sido esnobado nas indicações. O “Bollyoodiano” “Quem Quer Ser um Milionário?” teve 10 indicações e nenhuma para melhor desempenho. Pelo andar da carruagem, Robert Downey Jr. ou Heath Ledger devem receber o prêmio. Acredito que o último deva ser agraciado postumamente. Há uma torcida aguerrida para tal. E seria um prêmio de consolação na única categoria principal em que “Batman” foi indicado.

Quanto às indicações para Melhor Filme do Ano, não houve surpresas. Bollywood vai mostrando sua forma, principalmente por estar produzindo 3-4 mais filmes que sua similar norte-americana. E suas indicações mostram isso. Foram 10 no total, para “Quem Quer Ser um Milionário”? Porém, se a Academia não quiser ousar em demasia, premiará o mais convencional “O Curioso Caso de Benjamin Button”. Foi o filme que obteve o maior numero de indicações anunciadas – 13 indicações (uma a menos que o recordista Titanic).

A grande derrota fica por conta de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, esquecido nas categorias principais, incluindo a direção de Christopher Nolan. A maior bilheteria de 2008 (rendeu US$ 531 milhões nos EUA). Tido como certo nas indicações, acabou sendo substituído pela bilheteria de US$ 7,8 milhões de “O Leitor”. Isso mostra o prestígio dos irmãos Bob e Harvey Weinstein, da Weinsten Company (ex Miramax). No geral, percebe-se que os estúdios de menor porte dominaram as indicações dos filmes – juntamente com a Weinstein Company estão a Focus (“Milk”), e as britânicas Celador (“Quem Quer Ser um Milionário?”) e Working Title (“Frost/Nixon”), que reúne também os franceses do Studio Canal.Somente “O Curioso Caso de Benjamin Button” possui com participação direta de dois grandes estúdios – a Warner e a Paramount.

No dia 22 de Fevereiro, pode ser a volta por cima de Danny Boyle, depois de uma sucessão de filmes irregulares. Desde “Trainspotting” (1996) não fez nada que fosse digno de grande destaque. Clint Eastwood foi esquecido, tanto por “Gran Torino”, quanto por “Changeling”. Idem Woody Allen, por seu “Vicky Cristina Barcelona”. Há uma clara mudança de gerações no Oscar. O único veterano presente, “Ron Howard não deve emplacar. Assim, o prêmio de melhor direção deve ir para um dos quatro estreantes.

Na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, senti a ausência de Gomorra, representante italiano, de Matteo Garrone. Mais uma jogada da Academia, para premiar o israelense “Waltz With Bashir” (retirado da categoria de animação). Vai ser um páreo difícil para “Entre os Muros da Escola”, belo filme de Laurent Cantet, premiado com a Palma de Ouro em Cannes.

Nesta lista extensa de indicações, somente um prêmio é certo: Melhor animação para Wall-E. Alguém duvida?

Lista dos indicados

Melhor Filme
• O Curioso Caso de Benjamin Button (2008)
• Frost/Nixon (2008)
• Milk - A Voz da Igualdade (2008)
• O Leitor (2008)
• Quem Quer Ser um Milionário? (2008)

Melhor Ator
• Richard Jenkins - The Visitor (2007)
• Frank Langella - Frost/Nixon (2008)
• Sean Penn - Milk - A Voz da Igualdade (2008)
• Brad Pitt - O Curioso Caso de Benjamin Button (2008)
• Mickey Rourke - O Lutador (2008)

Melhor Atriz
• Anne Hathaway - O Casamento de Rachel (2008)
• Angelina Jolie - A Troca (2008)
• Melissa Leo -Rio Congelado (2008)
• Meryl Streep - Dúvida (2008)
• Kate Winslet - O Leitor (2008)

Melhor Ator Coadjuvante
• Josh Brolin - Milk - A Voz da Igualdade (2008)
• Robert Downey Jr. - Trovão Tropical (2008)
• Philip Seymour Hoffman - Dúvida (2008)
• Heath Ledger -Batman:O Cavaleiro das Trevas (2008)
• Michael Shannon - Foi Apenas um Sonho (2008)

Melhor Atriz Coadjuvante
• Amy Adams - Dúvida (2008)
• Penélope Cruz -Vicky Cristina Barcelona (2008)
• Viola Davis - Dúvida (2008)
• Taraji P. Henson - O Curioso Caso de Benjamin Button (2008)
• Marisa Tomei - O Lutador (2008)

Melhor Diretor
• Danny Boyle - Quem Quer Ser um Milionário? (2008)
• Stephen Daldry - O Leitor (2008)
• David Fincher - O Curioso Caso de Benjamin Button (2008)
• Ron Howard - Frost/Nixon (2008)
• Gus Van Sant - Milk - A Voz da Igualdade (2008)

Melhor Roteiro Original
• Rio Congelado(2008)Courtney Hunt
• Simplesmente Feliz (2008): Mike Leigh
• Na Mira do Chefe (2008): Martin McDonagh
• Milk - A Voz da Igualdade (2008): Dustin Lance Black
• WALL-E (2008): Andrew Stanton, Pete Docter, Jim Reardon

Melhor Roteiro Adaptado
• O Curioso Caso de Benjamin Button (2008): Eric Roth, Robin Swicord
• Dúvida (2008): John Patrick Shanley
• Frost/Nixon (2008): Peter Morgan
• O Leitor (2008): David Hare
• Quem Quer Ser um Milionário? (2008): Simon Beaufoy

Melhor Fotografia
• A Troca (2008): Tom Stern
• O Curioso Caso de Benjamin Button (2008): Claudio Miranda
• Batman-O Cavaleiro das Trevas (2008): Wally Pfister
• O Leitor (2008): Roger Deakins, Chris Menges
• Quem Quer Ser um Milionário? (2008): Anthony Dod Mantle

Melhor Edição
• O Curioso Caso de Benjamin Button (2008): Angus Wall, Kirk Baxter
• Batman-O Cavaleiro das Trevas(2008): Lee Smith
• Frost/Nixon (2008): Daniel P. Hanley, Mike Hill
• Milk - A Voz da Igualdade (2008): Elliot Graham
• Quem Quer Ser um Milionário? (2008): Chris Dickens

Melhor Direção de Arte
• A Troca (2008): James J. Murakami, Gary Fettis
• O Curioso Caso de Benjamin Button (2008): Donald Graham Burt, Victor J. Zolfo
• Batman-O Cavaleiro das Trevas (2008): Nathan Crowley, Peter Lando
• A Duquesa (2008): Michael Carlin, Rebecca Alleway
• Foi Apenas um Sonho (2008): Kristi Zea, Debra Schutt

Melhor Figurino
• Australia (2008): Catherine Martin
• O Curioso Caso de Benjamin Button (2008): Jacqueline West
• A Duquesa (2008): Michael O'Connor
• Milk - A Voz da Igualdade (2008): Danny Glicker
• Foi Apenas um Sonho (2008): Albert Wolsky

Melhor Maquiagem
• O Curioso Caso de Benjamin Button (2008): Greg Cannom
• Batman-O Cavaleiro das Trevas (2008): John Caglione Jr., Conor O'Sullivan
• Hellboy II - O Exército Dourado (2008): Mike Elizalde, Thomas Floutz

Melhor Trilha Sonora
• O Curioso Caso de Benjamin Button (2008): Alexandre Desplat
• Defiance (2008): James Newton Howard
• Milk - A Voz da Igualdade (2008): Danny Elfman
• Quem Quer Ser um Milionário? (2008): A.R. Rahman
• WALL-E (2008): Thomas Newman

Melhor Canção
• Quem Quer Ser um Milionário? (2008): A.R. Rahman, Gulzar - "Jai Ho"
• Quem Quer Ser um Milionário? (2008): A.R. Rahman, Maya Arulpragasam - "O Saya"
• WALL-E (2008): Peter Gabriel, Thomas Newman - "Down to Earth"

Melhor Som
• O Curioso Caso de Benjamin Button (2008): David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce, Mark Weingarten
• Batman-O Cavaleiro das Trevas (2008): Ed Novick, Lora Hirschberg, Gary Rizzo
• Quem Quer Ser um Milionário? (2008): Ian Tapp, Richard Pryke, Resul Pookutty
• WALL-E (2008): Tom Myers, Michael Semanick, Ben Burtt
• Procurado (2008): Chris Jenkins, Frank A. Montaño, Petr Forejt

Melhor Edição de Som
• Batman-O Cavaleiro das Trevas(2008): Richard King
• Homem de Ferro(2008): Frank E. Eulner, Christopher Boyes
• Quem Quer Ser um Milionário? (2008): Tom Sayers
• WALL-E (2008): Ben Burtt, Matthew Wood
• Procurado(2008): Wylie Stateman

Melhores Efeitos Visuais
• O Curioso Caso de Benjamin Button (2008): Eric Barba, Steve Preeg, Burt Dalton, Craig Barron
• Batman-O Cavaleiro das Trevas (2008): Nick Davis, Chris Corbould, Timothy Webber, Paul J. Franklin
• Homem de Ferro (2008): John Nelson, Ben Snow, Daniel Sudick, Shane Mahan

Melhor Animação
• Bolt Supercão (2008)
• Kung Fu Panda (2008)
• WALL-E (2008)

Melhor Filme Estrangeiro
• Der Baader Meinhof Komplex (2008) - Alemanha
• Entre os Muros da Escola (2008) - França
• Revanche (2008) - Austria
• Okuribito (2008) - Japão
• Waltz With Bashir (2008) - Israel

Melhor Documentário
• The Betrayal - Nerakhoon (2008)
• Encounters at the End of the World (2007)
• The Garden (2008)
• Man on Wire (2008)
• Trouble the Water (2008)

Melhor Curta-Metragem Documentário
• The Conscience of Nhem En
• The Final Inch
• Smile Pinki
• The Witness from the Balcony of Room 306

Melhor Curta-Metragem de Animação
• La Maison en Petits Cubes
• Ubornaya istoriya - lyubovnaya istoriya (2007)
• Oktapodi (2007)
• Presto (2008)
• This Way Up (2008)

Melhor Curta-Metragem
• Auf der Strecke (2007)
• Manon sur le bitume (2007)
• New Boy (2007)
• Grisen (2008)
• Spielzeugland (2007)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

FRAMBOESA DE OURO 2009

Todos os anos é divulgada a lista dos indicados ao Framboesa de Ouro, o prêmio cinematográfico dado aos piores do ano em Hollyood. Sempre bem-humorado, o Framboesa de Ouro é uma espécie de anti-Oscar, entregue aos piores filmes produzidos ao longo de um ano. Surgido em 1980, atualmente é escolhido por internautas tendo sido a primeira "premiação" realizada na sala de John Wilson, o idealizador. O tom de deboche em cima dos prêmios da Academia é tamanho que as indicações saem um dia antes das do Oscar – e a "premiação", também, é um dia antes da festa. A estatueta é uma framboesa de plástico sobre um filme Super 8, pintado em tinta dourada.Acompanhe a lista dos indicados ao Framboesa de Ouro 2009:


PIOR FILME



Super-heróis - A liga da injustiça
Uma sátira aos filmes de Hollywood. Grupo de jovens na casa dos vinte e poucos anos de idade encara, durante um dia, uma série de desastres naturais e eventos catastróficos, parodiando os filmes catástrofes.





Espartalhões
Sátira ao filme 300, de Zack Snyder, que traz a luta entre gregos e persas. O filme também satiriza personagens dos longas “Homem-Aranha 3”, “Motoqueiro Fantasma”, “Transformers” e até mesmo “Shrek Terceiro”.





Fim dos Tempos
Filme que aborda misteriosas mortes que ocorrem em algumas das principais cidades americanas, o que faz com que um professor, sua esposa e seu melhor amigo fujam para as fazendas da Pensilvania.






A Gostosa e a Gosmenta
Paris Hilton é Cristabelle Abbott, uma moça que desperta a paixão do amigo de infância Nate Cooper (Joel Moore). Mas ela não aceita casar com ele até que encontre o homem perfeito para sua melhor amiga, que não é bonita.





Em Nome do Rei
Um homem arrisca-se numa aventura perigosa para resgatar a esposa seqüestrada e vingar-se do assassinato do filho. Adaptação do popular video game produzido pela Microsoft.







O Guru do Amor
Mike Myers é Pikta, um guru de auto-ajuda que auxilia casais que enfrentam problemas de relacionamento.








PIOR DIRETOR









Uwe Boll , por “Postal”










Jason Friedberg e Aaron Seltzer , por “Super-heróis - A liga da injustiça” e “Espartalhões”










Tom Putnam , por “A Gostosa e a Gosmenta”










Marco Schnabel , por “O Guru do Amor”











M. Night Shyamalan , por “Fim dos Tempos”








PIOR ATOR PRINCIPAL









Larry the Cable Guy , por “Witless Protection”










Eddie Murphy , por ”O Grande Dave”










Mike Myers , por ”O Guru do Amor”











Al Pacino , por “88 Minutos”










Mark Wahlberg , por “Max Payne”








PIOR ATRIZ PRINCIPAL









Jessica Alba, por “O Olho do Mal”










Annette Bening, Eva Mendes, Debra Messing, Jada Pinkett-Smith e Meg Ryan (Todo o elenco), em ”Mulheres – O Sexo Forte”










Cameron Diaz , em “Jogos de Amor em Las Vegas”










Paris Hilton , em “A Gostosa e a Gosmenta”










Kate Hudson , em “Um Amor de Tesouro”








PIOR ATOR COADJUVANTE









Uwe Boll , em “Postal”










Pierce Brosnan , em “Mamma Mia”










Ben Kingsley , em “O Guru do Amor”












Burt Reynolds , em “Em Nome do Rei”










Verne Troyer , em “O Guru do Amor”








PIOR ATRIZ COADJUVANTE








Carmen Electra , em “Super-Heróis - A Liga da Injustiça”









Paris Hilton , em “Repo! The Genetic Opera”









Kim Kardashian , em “Super-Heróis - A Liga da Injustiça”










Jenny McCarthy , em “Witless Protection”









Leelee Sobieski , em “88 Minutos”








PIOR CASAL EM CENA




- Uwe Boll e qualquer ator, câmera ou roteiro
- Cameron Diaz e Ashton Kutcher – “Jogos de Amor em Las Vegas”
- Paris Hilton e Christine Lakin ou Joel David Moore – “A Gostosa e a Gosmenta”
- Larry the Cable Guy e Jenny McCarthy – “Witless Protection”
- Eddie Murphy e Eddie Murphy – “O Grande Dave”



PIOR PRÓLOGO, “REMAKE”, SEQÜÊNCIA OU CÓPIA




“O dia em que a Terra parou MESMO”
“Super-heróis - A Liga da Injustiça”
“Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”
“Speed Racer”
“Star Wars – A Guerra dos Clones”



PIOR ROTEIRO




“Super-Heróis - A Liga da Injustiça” e “Espartalhões”
“Fim dos Tempos”
“A Gostosa e a Gosmenta”
“Em Nome do Rei”
“O Guru do Amor”

PRÊMIO PELA PIOR CARREIRA


Uwe Boll – a resposta da Alemanha para Ed Wood



Fonte: Diversos

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

CONFISSÕES À MEIA-NOITE

“Já tive ressacas antes. Mas, desta vez, até meus cabelos doem.”


Nada como uma linha telefônica dividida para unir Rock Hudson e Doris Day nesta comédia romântica bastante divertida. “Confissões à Meia-Noite” usa este artifício para mostrar a relação entre dois vizinhos. Essa união é um pouco ambígua e atrapalhada, pois a ligação que a linha telefônica faz aqui é de trazer muita dor de cabeça e antipatia entre o casal. Doris Day, que interpreta Jan Morrow, uma decoradora de interiores e Rock Hudson, Brad Allen, um bem-sucedido compositor de Nova York, inicialmente insultam-se pelo telefone, sem se conhecerem. Jan fica indignada a cada vez que necessita usar o fone para algum compromisso e depara-se com a linha cruzada de Brad com alguma de suas namoradas. Em contrapartida, ele odeia quando ela o interrompe, parecendo estar invejosa, como se fosse uma velha ranzinza.São essas cenas as mais divertidas do filme, nas quais Brad canta uma mesma música em diversos idiomas – cada namorada dele tem uma nacionalidade.
No momento em que o compositor tem um contato de verdade com Jan e percebe o quanto fazia uma idéia errada de como ela era, o elo amoroso então começa e o telefone e a abordagem de Brad, que então se apresenta para Jan como Rex - um texano - ajudam a desenvolver o romance entre os dois.

É de fato o roteiro ágil e esperto que Robert Shapiro e Maurice Richlin prepararam com base na história de Russell Rouse e Clarence Greene que colabora muito para o enredo e leveza do filme. Os diálogos são inteligentes e engraçados e o elenco de coadjuvantes bem afinado. O uso freqüente das telas bipartidas tornam essa aventura romântica, leve e apropriada - não é a toa que fez e ainda faz bastante sucesso nas sessões de cinema à tarde. Filmado em CinemaScope, o diretor Michael Gordon e todo o elenco devem ter se deliciado bastante.

Toda essa diversão é transmitida ao público de forma fluida e fácil, através de situações e cenas divertidas. Rock Hudson, na pele do compositor cortejando uma garota, enganando-a, fingindo ser um texano da mais alta índole e comportamento está impagável. “Você me dá um sentimento caloroso e verdadeiro, como uma lareira numa fria manhã”, diz ele a Doris Day.

Qual garota não resistiria a essa investida? Bem, talvez não a espevitada e ferina Jan, bem interpretada por Doris, que possui uma maneira bacana de revidar uma investida masculina. Sua raiva são bem “classudas” e suas decepções com Brad são graciosas, mas também assemelham-se em certos momentos a um passeio de montanha russa. Como de costume, Doris Day também canta, porém, bem menos do que em outros filmes. E, quando acontece, o faz de forma sempre agradável. Perry Blackwell também canta duas canções.

Como coadjuvantes estão a formidável Thelma Ritter, como a empregada alcoólatra de Jan Morrow, e Tony Randall, como um milionário aspirante ao amor de Doris Day e também amigo de Rock Hudson. Você já imagina o que pode dar esse triângulo amoroso? Nick Adams como Tony está muito bem e quase rouba uma seqüência de Doris Day. Marcel Dallio, Allen Jenkins e Lee Patrick estão engraçados em diversas outras cenas. O colorido do CinemaScope e as músicas completam esse filme divertido e bacana, que situa-se numa bela e bem fotografada Nova Iorque. Ponto para a Universal.



Confidências à Meia-Noite (Pillow Talk)
1959 – EUA - 101 min. – Colorido – COMÉDIA
Direção: MICHAEL GORDON. Roteiro: STANLEY SHAPIRO E MAURICE RICHLIN, baseado na história de RUSSEL ROUSE E CLARENCE GREENE. Fotografia: ARTHUR E. ARLING. Montagem: MILTON CARRUTH. Música: FRANK DE VOL. Produção: ROSS HUNTER E MARTIN MELCHER, distribuído pela UNIVERSAL-INTERNATIONAL.

Elenco: ROCK HUDSON( Brad Allen/Rex Stetson), DORIS DAY (Jan Morrow), TONY RANDALL (Jonathan Forbes), THELMA RITTER (Alma), NICK ADAMS (Tony), JULIA MEADE (Marie), ALLEN JENKINS (Harry), MARCEL DALIO (Pierot), LEE PATRICK (Sra. Walters), MARY McCARTY (Enfermeira Resnick) , ALEX GERRY (Dr. Maxwell) , HAYDEN RORKE (Sr. Conrad) e VALERIE ALLEN (Eileen).



Cenas do filme:


Assista também:





Ardida Como Pimenta

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

ROMEU E JULIETA

“Em seus lábios, expio meus pecados.”


“Romeu e Julieta” é um romance trágico que tem sido filmado à exaustão. Em 1936, foi estrelada uma versão com Norma Shearer e Leslie Howard. Os atores estavam com uma idade excessiva para interpretarem o par central. Outras versões mais modernas foram feitas: “Amor, Sublime Amor” (1961), de Robert Wise, que transpõe para Nova Iorque o romance em meio a uma briga entre gangues; “Inimigos pelo Destino” (1987), de Abel Ferrara, sobre um romance proibido entre uma jovem de Chinatown e um rapaz de Little Italy; também, “Romeu + Julieta” (1996), de Baz Luhrmann, sobre punks californianos em Verona Beach. Porém, é bem provável que por muitos anos a melhor versão para o cinema continue sendo esta de Franco Zefirelli. A começar pela escolha de atores adolescentes para interpretarem os personagens. Na obra de Shakespeare, Julieta deveria ter cerca de 14 anos e Romeu um puco mais. Olivia Hussey, argentina de 16 anos, foi escolhida através de uma pesquisa internacional. Leonard Whiting, inglês, tinha a idade de 17 anos.

Zefirelli foi criticado por haver suprimido parte da retórica predominante na peça; entretanto, foi uma decisão acertada, pois muito do que no palco precisa ser explicitado ou descrito, nas telas pode simplesmente ser mostrado. É o caso de Benvolio, que assiste ao funeral de Julieta e, portanto, não há a necessidade de descrevê-lo para Romeu que se encontrava exilado. O diretor manteve integralmente os elementos principais: a pureza da paixão do casal; a rusticidade da ama de Julieta; a estratégia bem intencionada de frei Lourenço, as diferenças ferrenhas entre os rapazes das duas familais rivais e a cruel ironia da dupla morte.

Olivia Huhssey e Leonard Whiting interpretam o papel de forma excepcional – pela estréia e pela complexidade que seus papeis exigiam. O próprio desconhecimento da riqueza do texto de Shakespeare contribuiiu para que a dupla naõ se intimidasse ao interpretá-los. Contribuem para a harmonia do filme a trilha sonora de Nino Rota e a estupenda fotografia de Pasqualino de Santis, premiada com o Oscar.

As duas cenas principais do filme são a do balcao e da cripta. Segundo o próprio Zefirelli, o sucesso do filme dependia dessas tomadas. E ele estava certo. Por esta razão a película foi um hit à época de seu lançamento. Filmado num período em que o mundo enfrentava diversas crises políticas, a película foi um sucesso entre jovens que estavam cansados de conflitos e guerras. O diretor ousou em mostrar o casal despertando na cama de Julieta (algo que os puristas devem ter torcido o nariz).

Na verdade, Zefirelli nada mais fez do que tornar explicito algo que estava nas entrelinhas da obra original. Porque não faria sentido os jovens consumarem o seu romance, estando casados, e antes que Romeu fosse enviado ao exílio?
Além da trilha sonora e da fotografia, vale destacar o figurino de Danilo Donati, também premiado com o Oscar, que introduz sensualidade e voluptuosidade aos personagens. “Romeu e Julieta” continua sendo o apogeu na carreira de Zefirelli, que acabou ficando caracterizado como um diretor romântico.

Assistir ao filme é entrar em sintonia com esse clima amoroso. É muito interessante o fato de que esse filme resgata todo o vigor de um romance puro, porém intenso, ao passo que a versão de 1996resgata um clima mais violento. Talvez, o tempo tenha mudado e deixado o público muito céptico em relação às relações amorosas e, conseqüentemente, mais ávido por ação e conflitos.

Apesar disso tudo, duvido que atualmente alguém seria capaz de caçoar da explicita natureza romântica e da pureza do casal de amantes. Isso, por uma razão: o próprio Shakespeare ao apresentar a sua peça pela primeira vez , não se supreendeu com a reação do público ao assistir à encenação de Romeu e Julieta. O público era formado por pessoas de diversas classes, culturas e gostos. E, como tal, além, de toda a grandeza do texto do autor, as pessoas perceberam que o casal ali representado não era formado por personalidades inatingíveis, daquelas tão comuns de serem encenadas –reis, artistas, etc. – mas um jovem casal apaixonado e comum, como todos já haviam visto e sido em algum momento de suas vidas.



"Romeu e Julieta" (Romeo and Juliet)
1968– INGLATERRA/ITÁLIA - 158 min. – Colorido – DRAMA
Direção: FRANCO ZEFIRELLI. Roteiro: FRANCO BUSATI, MASOLINO D´AMICO E FRANCO ZEFIRELLI, baseado na peça de W. SHAKESPEARE. Fotografia: PASQUALINO DE SANTIS. Montagem: REGINALD MILLS. Música: NINO ROTA. Produção: JOHN BRABOURNE E ANTHONY HAVELOCK-ALLAN.


Elenco: LEONARD WHITING (Romeu) OLIVIA HUSSEY(Julieta), JOHN McENERY (Mercúcio), MILO O´SHEA (Frei Lourenço), PAT HEYWOOD (Ama), ROBERT STEPHENS (Príncipe de Verona), MICHAEL YORK (Tebaldo), BRUCE ROBINSON (Benvólio), PAUL HARDWICK (Lorde Capuletto), NATASHA PARRY (Lady Capuletto), ANTONIO PIERFEDERICI (Lorde Montecchio), ESMERALDA RUSPOLI (Lady Montecchio) e ROBERTO BISACCO (Páris).

Prêmios:
Oscar de Melhor Fotografia (Pasqualino de Santis) e Melhor Figurino (Danilo Donati)/1969.

Trailer Original:


Do mesmo diretor:



Irmão Sol, Irmã Lua

domingo, 11 de janeiro de 2009

O OUTRO LADO DA RUA

“Eu sei o que eu vi.”


Regina (Fernanda Montenegro) é uma ex-funcionária pública que, para preencher a monotonia de sua vida de aposentada, presta serviços de informação para a polícia, tendo como objetivo ajudá-la no combate a pequenos delitos. Sua vida se transforma quando numa noite, para aplacar a insonia, ela “inventa” de espiar, com a ajuda de um binóculo, os moradores de um prédio vizinho. Então, presencia o que parece ser um homem aplicando uma injeção letal na esposa. Avisando a polícia, sob o codinome de Branca de Neve, Regina descobre que o provável assassino é um ex-juiz, Camargo, interpretado por Raul Cortez. Desacreditada pelo delegado encarregado do caso, é orientada não somente a esquecer o ocorrido, mas também a abandonar os serviços que presta. Não concordando, inicia uma cruzada para investigar o acontecimento e provar que presenciou um crime.

Com ares hitchcockianos (sem pretensão alguma de copiar o mestre Alfred), o filme utiliza o fundo policial para tratar da solidão na terceira idade. Regina, através de seu trabalho, busca fugir do ostracismo a que foi destinada – seu dia-a-dia resume-se a assistir televisão bebendo uma cerveja, acompanhada pela cadela. Abandonada pelo marido (que mora com um filho e o neto), Regina tenta resgatar o vitalidade do passado. Essa relutância em aceitar o ocaso fica nitida quando observa indignada, durante suas andanças por Copacabana, outros idosos jogando conversa fora, cartas e dominós, passando o tempo despretensiosamente, sem nenhuma ocupação.

Mais do que preencher o seu tempo, Regina busca através de seu “trabalho”, contribuir para uma sociedade mais justa. Idealista, busca um mundo melhor (leia-se, no qual ao menos a milicia carioca funcione), com mais justiça e verdade. Numa das cenas em que vigia Camargo dentro de um banco, seu olhar crítico percebe uma tentativa de roubo. A mesma energia em alertar os policiais para inibir o assalto é proporcional à sua indignação ao constatar o descaso dos mesmos em prender os criminosos.

Regina segue, então, em sua obstinada busca da verdade, daquilo que ela diz: “Eu sei o que eu vi”. Ao dar inicio à investigação, acaba apaixonando-se por Camargo. Daí , inicia-se um confronto de valores morais e afetivos, com os quais ela tem que lidar.
Estreante na direção, Marcos Bernstein já havia sido o responsável pelo roteiro de Central do Brasil (88). Apesar de bem realizado, poderia ter explorado melhor o aspecto policial da história. O relacionamento com Camargo fortalece Regina; porém, enfraquece o filme – o desafio de Regina passa a ser a sua redescoberta como mulher e não mais o desvendamento do crime.

Fernanda Montenegro como Regina está muito bem e intensifica o personagem com todas as nuances e conflitos de uma mulher que reluta em aceitar sua condição de idosa. Raul Cortex, também não compromete, mas parece um pouco deslocado, principalmente quando o seu Camargo tenta seduzir Regina, para levá-la para cama. Parece que estamos diante de uma cena de mais uma novela global. Para completar, uma rápida aparição de Laura Cardoso, como Patolina, uma outra informante da polícia, que surge e desaparece de forma fugaz no filme. Resolvidos alguns problemas de ritmo e roteiro, seria uma boa supresa. Esperava mais.



"O Outro Lado da Rua" (idem)
2004– BRASIL - 97 min. – Colorido – DRAMA
Direção: MARCOS BERNSTEIN. Roteiro: MARCOS BERNSTEIN E MELANIE DIMANTAS. Fotografia: TOCA SEABRA. Montagem: MARCELO MORAES. Música: GUILHERME BERNSTEIN SEIXAS. Produção: MARCOS BERNSTEIN E KATIA MACHADO.

Elenco: FERNANDA MONTENEGRO (Regina) RAUL CORTEZ (Camargo), LAURA CARDOSO (Patolina), LUIS CARLOS PERSY (Alcides), MIGUEL LUNARDI (Filho de Regina), CAIO CÉSAR (Neto de Regina), ELIANA CÉSAR (Filha de Camargo), MILENE PIZARRO (Célia) e MÁRCIO VITO (Walmir).



Assista também:



Central do Brasil

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

PACTO SINISTRO

“Você me fez agir como se eu fosse um criminoso.”


O filme trata da história de um homem se torna o suspeito do estrangulamento da esposa. Hitchcock cria um provável culpado graças à genialidade do plano original do verdadeiro assassino: dois estranhos irão "trocar favores”, cada qual matando a pessoa que o outro quer ver morta. Ambos terão álibis incontestáveis para a hora do crime e não haverá conexão possível entre assassino e vítima. Trata-se de um enredo engenhoso e amoral, baseado no primeiro romance de Patricia Highsmith (1921-1995), que sempre demonstrava fascínio pelos criminosos cerebrais que agiam não emocionalmente, mas a partir de planos cuidadosos, e que em geral, escapavam impunes. Aqui o acordo de assassinato funcionaria perfeitamente, exceto por um detalhe: apenas um dos estranhos aceita o trato. Guy Haines (Farley Granger), famoso tenista, é reconhecido em um trem por Bruno Anthony (Robert Walker), cuja conversa demonstra um conhecimento detalhado da vida privada de Guy. Este quer se divorciar da esposa traidora, Miriam (Kasey Rogers), para se casar com Anne Morton (Ruth Roman), filha de um senador dos Estados Unidos. Durante um almoço na cabine de Bruno, este revela que deseja a morte do pai e sugere um "crime perfeito”, no qual ele mataria a esposa de Guy e este mataria o pai de Bruno, e nenhum dos dois seria suspeito. Bruno tem atitudes dominadoras e insinuantes, com leves sugestões homoeróticas. Guy mostra-se ofendido com as referências a sua vida particular, mas mantém a conversa, que termina de forma ambígua, com Bruno tentando convencer Guy a aceitar o plano. Bruno mata a esposa de Guy e depois exige que este cumpra sua parte do acordo. O enredo é de muito simples, e irresistíve. Guy tem um motivo para assassinar a esposa: foi visto brigando com ela em público no dia do crime e chegou a dizer à noiva que gostaria de estrangulá-la.

A escalação de Granger como Guy e de Walker como Bruno é crucial. Alega-se que Hitchcock queria William Holden para o papel de Guy ("Ele e mais forte”', contou para François Truffaut), mas Holden teria sido um equívoco - vigoroso demais, se irritaria demais com Bruno, apesar de Holden ter permitido que uma atriz envelhecida o manipulasse em “Crepúsculo dos Deuses” (50). Granger é mais frágil e evasivo, mais convincente quando tenta escapar do papo indutivo de Bruno, em vez de rejeitá-lo. Walker interpreta um Bruno faceiro e sedutor. O encontro no trem, provavelmente planejado por Bruno, parece mais armado que casual. É essa idéia de dois personagens imperfeitos - um mau e um fraco, com uma tensão sexual implícita - que torna o filme instigante e razoavelmente plausível, ajudando a explicar como Bruno poderia chegar tão perto da concretização de seu plano.

Highsmith era lésbica e seus romances evidenciam misteriosa profundidade psicológica; sua biografia escrita em 2003 por Andrew Wilson diz que a autora freqüentemente se apaixonava por mulheres heterossexuais e que suas histórias muitas vezes utilizam nas entrelinhas uma implícita atração homossexual, como no caso do livro “O Talentoso Ripley”. Embora em 1951 não se ousasse falar abertamente em homossexualismo, Hitchcock tinha total consciência da orientação de Bruno e na verdade editou duas versões distintas do filme, uma norte-americana e outra inglesa – cortando a intensidade da "sedução" na cópia norte-americana. Vale notar que Hitchcock bem escalou Granger em “Festim Diabólico” (1948), baseado no caso Leopold-Loeb, outra história sobre pacto de assassinato com subtexto homossexual.

Contudo, “Pacto Sinistro” não é um estudo psicológico, mas um thriller excelente, com pequenas esquisitices aqui e ali. Como boa parte dos filmes de Hitchcock, este dá a sensação de que situações pessoais são decididas de forma particular. Hitchcock tinha medo de ser erroneamente acusado, devido a um episódio traumático de sua infância, quando o pai o enviou à delegacia de policia com um bilhete, pedindo ao sargento que o trancasse ali até ser chamado de volta.

Neste contexto, é interessante notar que Hitchcock escalou a própria filha Patricia como a jovem e franca Barbara Morton, irmã caçula de Anne, noiva de Guy. Patricia Hitchcock e Kasey Rogers parecem-se um pouco e usam óculos muito semelhantes; Bruno está brincando de demonstrar técnicas de estrangulamento em uma festa quando vê Bárbara. Lembra-se do crime e desmaia. Em “Pacto Sinistro”, a irmã caçula tem as falas mais assustadoras, principalmente durante um encontro inicial entre Guy e a família do senador - ela passa o tempo todo deixando escapar tudo o que os outros temem dizer.

Hitchcock era, acima de tudo, um mestre dos efeitos visuais e, em “Pacto Sinistro”, há várias seqüências famosas. A mais conhecida é aquela em que Guy examina a multidão durante um jogo de tênis e observa todas as cabeças girando de um lado para outro acompanhando o jogo - exceto uma, a de Bruno, que olha fixamente para o próprio Guy - a mesma técnica foi utilizada por Hitchcock em “Correspondente Estrangeiro”, em que todos os moinhos de vento rodam na mesma direção, exceto um.

Há também a famosa cena no carrossel, em que Guy e Bruno lutam enquanto um funcionário do parque rasteja por baixo do brinquedo em movimento para alcançar os controles (esta tomada ficou famosa por ter sido realizada sem qualquer tipo de trucagem e o dublê poderia ter morrido; Hitchcock afirmou que jamais se arriscaria novamente).

O diretor, ao usar o espaço da tela, sublinhava a tensão em detalhes que muitas vezes publico não percebia. Usava sempre a convenção de que o lado esquerdo da tela servia aos personagens maus e/ou mais fracos, ao passo que o direito aos personagens bons ou temporariamente dominantes. Isso fica nítido na cena em que Guy entra em casa, em Georgetown, e Bruno sussurra do outro lado da rua para chamá-lo. Bruno está por trás de um portão de ferro; as barras lançam sombras em seu rosto e Guy esta à direita, do lado de fora do portão. Quando o carro de polícia pára em frente à casa de Guy, este rapidamente se desloca para trás do portão, junto a Bruno; nesse momento, ambos estão por trás das barras e Guy diz: “Você me fez agir como se eu fosse um criminoso”.

O desempenho de Robert Walker se beneficia de uma premência sutil e tensa, talvez refletindo eventos de sua vida privada: ele teve um esgotamento nervoso pouco após as filmagens, foi recolhido a uma clínica para tratar-se e morreu de uma superdose acidental de tranqüilizantes. Li uma vez que alguns close-ups remanescentes deste filme foram utilizados para concluir o último filme de Walker, “Não desonres o teu sangue” (52). Hitchcock afirmou, na entrevista que deu origem ao livro de François Truffaut, que não gostou muito dos dois atores no filme, porém o Bruno, de Walker, tem sido considerado um dos melhores vilões de Hitchcock e este concordou com Truffaut que o público simpatizou mais com o vilão do que com o playboy de Granger. Não restam dúvidas que este filme está entre os melhores de Hitchcock e seu atrativo provavelmente consiste na articulação de uma trama engenhosa com um horror instigante.

Em primeiro lugar, essa combinação se originou em Highsmith, cujos romances vem sendo injustamente rotulados de ficção policial, quando na verdade ela escreve predominantemente sobre o comportamento de criminosos. Há uma observação curiosa de um usuário do Internet Movie Database (IMDB), alegando ter localizado Highsmith em uma breve aparição neste filme. Ela aparece por trás de Miriam na cena na loja de discos, escrevendo num caderno. Ninguém registrou aparição alguma de Highsmith na literatura do cinema (toda a atenção se volta para a marca registrada das aparições breves de Hitchcock), mas é possível constatar isso no Capitulo 6 do DVD, aos 12 minutos e 16 segundos. E pensar que a presença de Highsmith talvez estivesse assombrando o filme todos esses anos...Para não deixar de assistir. Talvez, um dos 5 melhores filmes de Hitch.



Pacto Sinistro (Strangers on a Train)
1951 – EUA - 101 min. – Preto e Branco – SUSPENSE
Direção: ALFRED HITCHCOCK. Roteiro: RAYMOND CHANDLER E CZENZI ORMOND, baseado na adaptação de WHITFIELD COOK do romance de PATRICIA HIGHSMITH. Fotografia: ROBERT BURKS. Montagem: WILLIAM H. ZIEGLER. Música: DIMITRI TIOMKIN. Produção: ALFRED HITCHCOCK, distribuído pela WRNER BROS.

Elenco: FARLEY GRANGER (Guy Haines), ROBERT WALKER (Bruno Anthony), RUTH ROMAN (Anne Morton), LEO G. CARROLL (Sen. Morton), PATRICIA HITCHCOCK (Barbara Morton), KASEY ROGERS (Miriam Joyce Haines), MARION LORNE (Sra. Anthony), JONATHAN HALE (Sr. Anthony), HOWARD ST. JOHN (Capitão Turley), JOHN BROWN (Prof. Collins), NORMA VARDEN (Sra. Cunningham) e ROBERT GIST (Leslie Hennessy).



Cenas do filme:


Assista também:




Frenesi