segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O SUSPEITO DA RUA ARLINGTON

“Boom.”


“O Suspeito da Rua Arlington” é uma pérola que serve como paradigma para mostrar a qualquer um como há esperança além dos blockbusters. Apesar de ter passado despercebido nas telas do cinema por aqui, essa jóia sempre deve ser revisada como um thriller absolutamente eletrizante. Jeff Bridges é Michael Faraday, um recém viúvo, professor de técnicas anti-terroristas em uma Universidade local. Dirigido por Mark Pellington e escrito por Ehren Kruger (seu primeiro roteiro, na verdade), o filme inicia com uma alucinação. Dirigindo para casa, numa rua calma e deserta, Faraday depara-se com um garoto ferido. Após levá-lo ao hospital, descobre que o menino é seu vizinho de rua - rua Arlington, um nome que deliberadamente ecoa certo ar patriótico dos americanos e de seu cemitério mais famoso. Os pais da criança, Oliver e Cheryl Lang ficam eternamente gratos pela ajuda dada ao mesmo, culpando um experimento pelo ferimento do filho. A partir daí, os Langs, interpretados por Tim Robbins e Joan Cusack, tratam Faraday como um novo amigo. A troca de elogios e agrados, entretanto, soa excessiva e fora do comum. Os "amigos" sempre se visitam e, apesar da aparente bonança, Faraday percebe um comportamento estranho nos vizinhos – coisa de sua cabeça ou realmente procedente?.

Nunca recuperado pela perda da esposa, uma agente do FBI morta num incidente terrorista, Faraday fica obcecado com a ação dessa categoria de criminosos. Inicia, assim, então uma viagem paranóica de desconfiança de seus vizinhos, sem saber exatamente o que procura. Nesta escalada, sente-se tormentado e sozinho, apesar da companhia da namorada Brooke Wolfe, sua ex-aluna (interpretada por Hope Davis, à vontade num filme de estrelas).

O filme é muito bem construído e torna-se uma guerra de nervos entre os personagens. Jeff Bridges evolui de um Faraday sem esperança e rotineiro, para alguém vivo e articulado, com toques investigativos. Tim Robbins trabalha bem a dualidade do personagem, de forma forte, embora blasé. Joan Cusack acompanha Robbins, de modo perfeito, e embora fria, faz o sangue ferver a todo instante.

Mesmo que o tema terrorismo não seja novo, a força do filme está na maneira engenhosa com que o enredo vai se desenrolando, surpreendendo em doses homeopáticas, de forma que você fica entretido, sem saber sobre o desfecho até o final. Quem já viu “A Trama” (1974), de Alan J. Pakula vai achar semelhanças, embora “O Suspeito da Rua Arlington” traga material novo.

Contribuem para ajudar "O Suspeito da Rua Arlington" a trilha assustadora de Angelo Badalamenti e a montagem nervosa de Conrad Buff, responsável por trabalhos com James Cameron e premiado com o Oscar por "Titanic". A fotografia de Bobby Bukowski é correta e clara, embora sinistra. Filmaço.



"O Suspeito da Rua Arlington" (Arlington Road)
1999 – EUA - 117 min. – Colorido – SUSPENSE
Direção: MARK PELLINGTON. Roteiro: EHREN KRUGER. Fotografia: BOBBY BUKOWSKI. Montagem: CONRAD BUFF. Música: ANGELO BADALAMENTI. Produção: PETER SAMUELSON, TOM GORAI E MARC SAMUELSO; distribuído pela SCREEN GEMS.

Elenco:
JEFF BRIDGES (Michael Faraday) TIM ROBBINS (Oliver Lang), JOAN CUSACK (Cheryl Lang), HOPE DAVIS (Brooke Wolf), ROBERT GOSSET (Agente do FBI Whit Carver), MASON GAMBLE (Brady Lang), SPENCER TREAT CLARK (Grant Faraday), STANLEY ANDERSON (Dr. Archer Scobee), VIVIANE VIVES (Enfermeira) e LEE STRINGER (Assistente).

Cenas do Filme:


Do mesmo diretor:




Indo até o Fim

5 comentários:

Cecilia Barroso disse...

Eu adoro esse filme.
Assisti pela primeira vez há muito tempo, depois de um tempo vi de novo e confirmei a primeira impressão.
A tensão é crescente e os personagens são muito bons (ou maus, dependendo do caso).
Vale muito a pena!

Pedro Henrique Gomes disse...

O filme é bom sim. A sequência na rua é excelente. Abraço!

Vivi Ferreira disse...

ahhh muito bem citada a trilha incrivel que angelo badalamenti fez para este filme! Adoro!
bjokas,
vivi

Hugo disse...

Infelizmente o filme não fez o sucesso merecido, mas foi descoberto em vídeo/dvd. As atuações são fortes, inclusive da comediante Joan Cusack num papel diferente, uma ótima trilha sonora e um roteiro de primeira, que consegue manter suspense até o final.

Abraço

Kau Oliveira disse...

Sabe Jacques, eu preciso rever este filme. Assisti uma única vez há uns quatro anos e confesso que não me causou nenhum alarde. Entretanto, lembro que gostei dele...

Abraços.