terça-feira, 27 de maio de 2008

O EXTERMINADOR DO FUTURO

“Hasta la vista, baby.”


Depois de uma guerra nuclear, as máquinas chegam ao poder. Concebidas, a principio, para representar um sistema de segurança ideal, opõe-se à raça humana. Um grupo de guerreiros clandestinos, liderados por John Connor, oferece uma resistência tenaz. Para refrear a resistência, as máquinas enviam ao passado, no ano de 1984, um andróide programado para matar. Sua missão é eliminar Sarah Connor (Linda Hamilton),a mãe do futuro líder da resistência e salvador da raça humana. A chegada do exterminador é como o nascimento diabólico de uma nova espécie. Vindo de uma descarga elétrica, acompanhada de raios e um feixe de luz branca, materializa-se um musculoso corpo masculino. É um organismo cibernético, um cyborg – o exterminador. As balam não o abatem e a violência mecânica somente pode atingir a superfície de seu corpo, fabricado com pele e tecidos. Debaixo de seu invólucro externo, reluz um esqueleto metálico de aspecto maligno e, em seu crânio de ferro, brilham olhos vermelhos de aspecto diabólico. Neste contexto, fica compreensível a ausência de diálogos, pois toda palavra ameniza o impacto da linguagem corporal. Na verdade, não há nada a ser dito, quando conduta lógica é tentar salvar uma vida.

As frenéticas perseguições de carros, motocicletas e caminhões, que remetem a “Viver e Morrer em Los Angeles” (1985), são exemplos de um cinema puramente físico, uma representação do movimento, cujo efeito reside no fato de que não existem obstáculos. Mesmo em lugares aparentemente seguros, como uma delegacia de policia ou um motel, a paz é uma mera ilusão que o poder do exterminador destrói em um instante.

A lúgubre visão do futuro não deixa nenhuma dúvida de que será quase impossível proteger Sarah Connor da missão mortal desse destruidor. Ainda que no inicio do filme o desconhecimento dos motivos da missão do exterminador crie uma emocionante atmosfera de suspense, o resto do filme centra-se cada vez mais em outra ponto: o momento em que o caçador alcancará finalmente sua presa e porá fim à perseguição, executando-a. Nem sequer Kyle Reese (Michael Biehn), um guerreiro enviado pelos humanos do futuro para proteger Sarah Connor, é capaz de detê-lo.

Não há praticamente nenhum outro filme dos anos 80 tão intimamente associado à sua época como “O Exterminador do Futuro”. O filme nos traz uma visão apocalíptica tendo uma guerra nuclear como pano de fundo, apresenta uma mulher forte como salvação da humanidade e tem uma estética absolutamente fria, representada pelos inesquecíveis óculos escuros de sol do exterminador (Arnold Schwartznegger). A iconografia do filme leva a afirmação de uma cultura em seu ápice, uma época em que a musica New Age , os penteados impecáveis e as roupas negras serviam para ocultar a insegurança latente por detrás de uma postura narcisista.

Por outro lado, e como ocorreu com filmes franceses pós-modernos, inspirados na “cultura do desenho”, como “Subway” (1985) e “Betty Blue” (1985), o mesmo filme contribuiu para a criação de um estilo de vida. Sua estrutura direta e clara, e os malabarismos de parâmetros estéticos, praticados com plena consciência, procuravam, sobretudo, conseguir um efeito superficial , uma marca cultural que definiu a década e o que inevitavelmente caracteriza o estilo cinematográfico de “O Exterminador do Futuro”.

A história, atrevida e explícita, e a sua forma de apresentação resultam num filme que transcorre praticamente sem diálogos. O segredo é a feliz combinação de gêneros -a ficção cientifica, a ação e o romance. Também, foi igualmente fundamental a escolha de Arnold Schwarzenegger como protagonista, um esportista que havia sido várias vezes campeão mundial de fisiculturismo e que triunfou internacionalmente com este filme.

Não obstante, a obsessão do filme por uma imagem aparentemente superficial da virilidade pura, acompanhada de uma crueldade fria e impassível, na realidade resultou surpreendentemente flexível, como demonstra a seqüência “O Exterminador do Futuro 2” (1991), na qual Schwarzenegger cativou o publico totalmente desprevenido com sua interpretação de um exterminador absolutamente bom caráter. Ao contrário, o primeiro filme apresenta a imagem de um assassino sem consciência.

Cameron conseguiu com “O Exterminador do Futuro” fazer um filme convincente e o personagem de Schwarzenegger resulta tão eficaz, que permite ao público ver com o olhar de andróide, descortinando, deste modo, os limites entre o humano e o artificial.




"O Exterminador do Futuro" (The Terminator)
1984 – EUA - 107 min. – Colorido – FICÇÃO CIENTÍFICA
Direção: JAMES CAMERON. Roteiro: JAMES CAMERON e GALE ANNE HURD. Fotografia: ADAM GREENBERG. Montagem: MARK GOLDBLATT. Música: BRAD FIEDEL. Produção: GALE ANNE HURD, para PACIFIC WESTERN, CINEMA 84 e HEMDALE FILM CORPORATION.

Elenco: ARNOLD SCHWARZENEGGER (Exterminador) LINDA HAMILTON (Sarah Connor), MICHAEL BIEHN (Kyle Reese), PAUL WINFIELD (Traxler), RICK ROSSOVICH (Vukovich), BESS MOTTA (Matt), EARL BOEN (Dr. Silberman), DICK MILLER (Vendedor) e SHAWN SCHEPPS (Nancy).


Trailer Original:


Do mesmo diretor:



O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final

6 comentários:

Anônimo disse...

Rapaz, esse filme é muito bom, e o que se seguiu deu uma contribução fantástica ao filme, mas eu parei nos dois, não vi o outro. Medo, rs. Li as HQ's de Robocop vs. o Exterminador do Futuro, e por mais improvável que seja me surpreendeu como uma excelente revista. Destaque positivo para a interpretação do Schwartznegger, afinal, era para ser um robô, né? rs... Quase um Cigano Igor...

Pedro Henrique Gomes disse...

Postei justamente sobre um filme do Cameron essa semana. Quanto a esse filme, é de longe o melhor da trilogia.

Miriam disse...

Gostei Muito do primeiro que acabei comprando os três DVDS para a minha coleção. Aqui em casa todos amam.
Beijos

Dr Johnny Strangelove disse...

Isso não é o filme ... é algo além do que se imagina ...
curiosamente, considero também um filme de horror por que ele tem elementos que fazem qualquer um gelar, principalmente com a trilha estridente de Brad Fidel e a sequencia da discoteca, no qual faz todo mundo surpreender quando leva uma rajada de balas, se levanta causando terror ...


e fora isso, a sequencia da fabrica também é show de bola ...


resultado ... filme foda!

Anônimo disse...

Cara, de fato Schwarzenegger é bom no papel - estático e sem expressão.

Pedro,concordo.

Miriam. Não sei se compraria a trilogia - tenho este e o Juízo Final. São os melhores. Abcs

Johnny, realmente é um dos melhores filmes de Cameron.

Miguel Andrade disse...

Aaaah... Nunca se sabe se é um filme competente ou um competente golpe de marketing... Mas entretem, preciso rever e retornarei ao teu texto.