sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

A FELICIDADE NÃO SE COMPRA

"A vida de cada homem afeta muitas vidas. E, quando ele não está, deixa um vácuo terrível."

Frank Capra na época da guerra resumiu com esse filme sua tendência de retratar pessoas pacatas e caseiras. Seu herói, George Bailey (James Stewart), é um camarada de personalidade que quer viajar e realizar grandes coisas, mas ultimamente
se vê administrando uma associação imobiliária numa pequena cidade; casado e em constante conflito com um mercantilista banqueiro da cidade.

Quando se imagina que o banqueiro vai levá-lo à ruína, ele tenta o que parece ser uma tentativa sensata de acabar com sua vida complicada. Neste momento, um anjo intercede para mostrá-lo - na forma de imaginação – como a cidade seria sem ele. A visão da vida sem George é tão ruim que - como nos filmes de Capra os desejos se tornam realidade - ele retorna a comunidade com imensa alegria, sendo salvo, também providencialmente, pela ajuda financeira dos amigos.

Ao compor essa fábula moralista, Frank Capra e os roteiristas apostaram na grande quantidade de todos os tipos de incidentes, confusões sentimentais e idealismo. A juventude de seu herói , a brincadeira de dança no colégio, o namoro desajeitado – tudo isso é mostrado na forma de entretenimento, apesar das muito freqüentes inclinações de cada um agir de forma infantil e tímida; as partes mais pesadas do filme são mostradas em estilo tenso e apressada.

Como o seu herói, James Stewart realiza um emocionante trabalho mostrando que ele ganhou estatura espiritual bem como em talento durante os anos em que serviu o país na guerra – jovial, desinteressado, otimista e um pouco ingênuo. Donna Reed está extremamente graciosa como sua esposa. Thomas Mitchell, Beulah Bondi, H. B. Warner e Samuel S. Hinds se sobressaem entre o grupo dos personagens da cidade que dão ao filme diversidade e entusiasmo. Mas o banqueiro de Lionel é quase uma caricatura do Tio Patinhas e o mensageiro divino de Henry Travers é um pouco desajeitado para meu gosto.

De fato, a fraqueza do filme, no meu ponto de vista é o sentimentalismo – sua ilusória concepção da vida. As pessoas boas de Capra são encantadoras, a pequena cidade é um lugar atrativo e sua forma de resolver os problemas é mostrada da maneira mais otimista e fácil possível. Os personagens parecem mais teatrais do que reais.

Porém, o resultado é gratificante e Capra sabe mostrar como ninguém como a vida vale a pena.



A Felicidade Não Se Compra (It´s a Wonderful Life)
1946 - EUA - 130 min. – Preto e Branco - Drama
Direção: FRANK CAPRA. Roteiro: FRANCIS GOODRICH, ALBERT HACKETT, FRANK CAPRA E JO SWERLING, baseado na obra PHILIP VAN DOREN STERN. Fotografia: JOSEPH F. BIROC e JOSEPH WALKER. Montagem: WILLIAM HORNBECK. Música: DIMITRI TIOMKIN. Produção: FRANK CAPRA, para a LIBERTY FILMS e RKO.

Elenco: JAMES STEWART (George Bailey), DONNA REED (Mary Hatch Bailey), LIONEL BARRYMORE (Sr. Potter), THOMAS MITCHELL (Tio Billy), HENRY TRAVERS (Clarence), BEULAH BONDI (Sra. Bailey), FRANK FAYLEN (Ernie), WARD BOND (Bert) GLORIA GRAHAME (Violet Bick) e H.B. WARNER (Sr. Gower) e TODD KARNES (Harry Bailey).


Trailer Original:

Nenhum comentário: