terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

POR QUEM OS SINOS DOBRAM

"O que acontece contigo, acontecerá comigo."

Espanha, anos 30. Robert Jordan (Gary Cooper), especialista em explosivos, colabora com a resistência republicana em sua luta contra o fascismo. Para evitar que o inimigo receba esforços durante uma ofensiva, Jordan tem a missão de explodir uma ponte situada em um local estratégico das montanhas.

O estrangeiro parte para cumprir sua missão em companhia do velho Anselmo (Vladimir Sokoloff), que lhe serve de guia.Nos arredores do lugar, encontram-se com um grupo da resistência liderados por Pablo (Akim Tamiroff), um homem ignorante e bruto, cujo objetivo é mais o poder do que a realização dos objetivos políticos. No início, Pablo nega-se a ajudar Jordan. Pilar (Katrina Paxinou) ocupará seu lugar nas ações futuras do grupo.

Entre os participantes da resistência está Maria (Ingrid Bergman), que se refere a Jordan como o “inglês”. Maria é uma moça de dezenove anos que fora violentada por soldados fascistas depois de obrigada a presenciar o fuzilamento de seus pais. Surge um romance entre Jordan e Maria.

“Por Quem os Sinos Dobram”, uma das primeiras adaptações da obra de Hemingway para o cinema, exerceu uma grande influência estilística no cinema. Ao que tudo parece, o próprio autor, pouco entusiasmado com a idéia de uma adaptação de seu livro por Hollywood, envolveu-se no trabalho do roteirista, Dudley Nichols, o que explica a singular indefinição de uma história que fica no meio do caminho entre o melodrama psicológico e uma crônica realista de um conflito bélico. A tensão fica para a segunda metade do filme, que em sua versão restaurada durava 165 min e na sua primeira montagem 179 min. A primeira parte dedica-se principalmente ao retrato dos personagens e à descrição da relação existente entre eles.

Seguramente, Hemingway sentiu-se satisfeito com o personagem de Jordan, um herói muito ao gosto do escritor e não somente porque, por sua vontade, o papel fora dado a Gary Cooper – nesta adaptação de sua obra, Jordan se mostra como um homem que, à semelhança de muitos personagens da literatura, parece movido por uma grande força de vontade. O espectador desconhece os motivos que o levam a participar duma guerra num país estrangeiro. Faz o que deve fazer e está tão envolvido nesta causa que se dispõe a sacrificar sua vida, caso seja necessário.

Por outro lado, o personagem de Pilar, a guerrilheira que cresceu com uma arma entre as mãos, expressa a diferença entre a aparência física nada atraente e sua beleza interior. O diretor Sam Wood, também se ocupa da relação entre o guerrilheiro que luta pela liberdade (que não deseja amarras de nenhum tipo) e a bonita espanhola, cujo amor parece aumentar de intensidade devido ao constante perigo que os ameaça.

Apesar de tudo, o grande interesse do filme não se resume ao romance, mas também a importância dedicada à natureza - algo que com toda certeza satisfez as expectativas de Hemingway. Isso serve para intensificar a força dramática da história, como acontece nas cenas de luta que acontecem diante de uma catarata. Os fenômenos naturais, como a repentina nevada que torna impossível a locomoção, desempenham um importante papel na narrativa. Finalmente, Wood faz uso de um simbolismo naturalista que em parte resulta excessivamente explícito. Isso fica aparente quando o esquilo que passa sem ser molestado sobre a arma carregada de Jordan, sugere que este, diferentemente de Pablo, somente mataria alguém em caso de necessidade.

Simultaneamente, difícil que não agrade a ambivalência da monumental representação das paisagens e da natureza – as paragens descampadas e serenas que, ao mesmo tempo, podem oferecer proteção ou a cova, na qual Pilar reina como uma espécie de matriarca, que serve tanto como refúgio, assim como prisão para os homens armados - todas figuras carregadas de simbolismo. Wood retratou a natureza como um poder fatal e um espelho da alma humana, algo que influenciou de forma decisiva a maioria das adaptações cinematográficas da obra de Hemingway que ocorreriam mais tarde.



Por Quem os Sinos Dobram (For Whom the Bell Tolls)
1943 - EUA - 165 min. (versão restaurada) - Colorido - Drama
Direção: SAM WOOD. Roteiro: DUDLEY NICHOLS, baseado na obra homônima de ERNEST HEMINGWAY. Fotografia: RAY RENNAHAN. Montagem: SHERMAN TODD e JOHN F. LINK. Música: VICTOR YOUNG. Produção: SAM WOOD, para a PARAMOUNT PICTURES.

Elenco: GARY COOPER (Robert Jordan), INGRID BERGMAN (Maria), VLADIMIR SOKOLOFF (Anselmo), ARTURO DE CÓRDOVA (Agustín), AKIM TAMIROFF (Pablo), JOSEPH CALLEIA (o Surdo), FEODOR CHALIAPIN (Kaschkin), KATINA PAXINOU (Pilar) MIKAHIL RASUMNY (Rafael) e FORTUNIO BONANOVA (Fernando).

Prêmios:
Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (Katina Paxinou)/1943

Trailer Original:

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