sexta-feira, 7 de agosto de 2009

ALMA TORTURADA

“Você está tentando me amolecer.”


Arrepia só de pensar na carreira que a Paramount tinha em mente para Alan Ladd, depois de assistir a essa que foi sua estréia no cinema como ator no papel principal de “Almas Desesperadas". Obviamente, o estúdio esperava perpetuar seu tipo durão e desajeitado nas telas, como foi o caso de James Cagney. O ator relembra o mesmo arquétipo mostrado por Cagney com seus ímpetos violentos – quem não viu quando esfregou um grapefruit no rosto de Mae Clarke em “Inimigo Público” (31)?. Ladd interpreta Philip Raven, um assassino profissional que gosta do seu ofício. “Como você se sente quando você faz um serviço desses?”, pergunta Laird Cregar. “Sinto-me bem”, responde ele, sem pestanejar. Raven é contratado para matar alguém, é dedurado por este à polícia e feito de bode expiatório para acobertar uma intrincada trama que envolve a venda de gases envenenosos para inimigos norte-americanos.

Sabendo disso, Raven, em busca de seu delator, conhece Ellen Graham (Veronica Lake), uma dançarina de bar noturno – noiva do policial encarregado de capturar Raven. Inicia-se daí uma tensão sexual entre o casal. Na verdade, Ellen atua como colaboradora do Senado norte –americano para investigar Cregar. Juntos, Raven e Ellen seguem em desvendar toda a trama, desmascarar Cregar e o mentor intelectual do assassinato.

Melodrama clássico, porém simples. Entretanto, é acima da média, pois o roteiro é “redondo” e os momentos de tensão exigidos por esse tipo de filme são bons. Frank Tuttle, o diretor, dá o tom certo na ação e consegue mostrar algumas resultantes sociais da marginalidade – Raven é fruto de uma infância problemática e que, aparentemente, tornou-se delinqüente por falta de opção.

Entretanto, apesar deste inexorável caminho rumo à marginalidade, o personagem é intrisecamente uma pessoa que ainda possui resquícios de humanidade – é o que se vê na cena em que esbofeteia a arrumadeira do quarto em que vive ao vê-la maltratando o gatinho que mantém. Ellen percebe isso em Raven e fica atraída por sua latente sensibilidade.

O diretor faz também um bom trabalho com os atores. Veronika Lake está competente e lindíssima, aplicando a dose certa de sensualidade e desdém ao lidar com os homens. Cregar é um misto de canalhice e covardia, conferindo a tudo isso um requinte apurado. Robert Preston não compromete e desempenha aquilo que deveria – um policial à busca de sua presa. Finalmente, Allan Ladd é o diferencial. Um ator especial. Não foi à toa que depois dessa ótima estréia tenha virado um astro.



Alma Desesperada (His Gun For Hire)
1942 – EUA - 80 min. – Preto e Branco – DRAMA
Direção: FRANK TUTTLE. Roteiro: ALBERT MALTZ E W.R. BURNETT, baseado no romance de GRAHAM GREENE. Fotografia: JOHN F. SEITZ. Montagem: ARCHIE MARSHEK. Música: DAVID BUTTOLPH. Produção: RICHARD BLUMENTHAL, para a PARAMOUNT.

Elenco: VERONICA LAKE (Ellen Graham), ROBERT PRESTON(Michael Crane), LAIRD CREGAR (Willard Gates), ALAN LADD (Philip Raven), TULLY MARSHALL (Alvin Brewster), MIKHAIL RASUMNY (Sluky), MARC LAWRENCE (Tommy), PAMELA BLAKE (Annie), ROGER IMHOFF (Senador)e VICTOR KILIAN (Secretário de Brewster) .



Cenas do filme:


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2 comentários:

Ygor Moretti disse...

Não conheço o filme, bom saber, é sempre bom visitar os clássicos e manter essa ponte entre os lançamentos e clássicos.

Abraço e te mais!!!

Wally disse...

Não conheço. Mas parece valer uma procurada.