segunda-feira, 7 de abril de 2008

SCARAMOUCHE

“Quando você vir Scaramouche, você vai amar. Horrível, mas hilário.”


As sombras de outra época, tanto da história como do filme, são mostrados com extraordinária riqueza e irreverência pela MGM no remake da velha estória de fanfarronice escrita por Rafael Sabatini, "Scaramouche". Estrelado por Stewart Granger, como o herói da trama André Moreau, o filme mostra na tela uma fábula do século XVIII na França. Quem assistiu a essa pomposa história quando foi filmada em 1923, interpretada por Ramon Novarro protagonizando o herói na forma de pantomima – não foi meu caso – achou essa versão um avanço, tanto na forma como na técnica. Mais do que simplesmente o aspecto sonoro e o Technicolor já indicar esse avanço – esta versão é tida como mais criativa e deslumbrante. A ênfase ao romance e à luta de espadas fazem deste filme um bom entretenimento.

Pode-se quase perceber que Carey Wilson (o produtor), Ronald Millar e George Froeschel (roteiristas) decidiram mostrar que não tratariam de ser fiéis aos historiadores. Quaisquer relações com os ideais da Revolução Francesa, que estavam na história original de Sabatini, foram simplificadas pelos roteiristas. Somente assistimos a um entusiasmado herói, atraído pela causa da liberdade, igualdade e fraternidade, sem falar do afã amoroso, alinhado contra as mãos de ferro dos Bourbon que atuavam à base da espada. Este mesmo herói não hesita em casar-se com a bela heroína dos Bourbon , quando ele se sobrepõe a seu mortal adversário, que se tornará seu amigo e parente.

Tudo muito despretensioso e romântico. E é exatamente a forma com que o diretor George Sidney teve êxito em realizá-lo. Um pouco lento no começo – pouco pomposo de um lado, com alguns diálogos eloqüentes e solenes – vai-se simplificando, quando o fanfarrão principal pela primeira vez luta com a espada e assim caminha até o clímax final num grande duelo.

No meio tempo, há situações divertidas na forma de espetáculos teatrais, com o herói interpretando um papel duplo, como o palhaço mascarado numa troupe de vaudeville. Essa é a razão para o título do filme -o cômico Scaramouche. Há, também, consideráveis galanteios e flertes em diversas situações – desde a contemplação silenciosa da heroína até rusgas com uma atriz da troupe.

Mas o brilho e a ação estão nos duelos de espada, onde André luta com Noel (Mel Ferrer), como o marquês que luta com perfeição. E a reviravolta final entre a dupla, quando ela se enfrenta no interior de uma opera house, enquanto a audiência enche a tela com “oohs and ahhs”, no maior duelo da história do cinema – ininterruptos 5 ou mais minutos. Com as espadas brindando no teatro lotado e manchas de sangue aparecendo de tempos em tempos, essa cena torna o filme belo e inesquecível. Puro entretenimento.

Crédito aos intérpretes principais. Stewart Granger mostra que “nasceu com o dom da comédia e o sentido que o mundo é mau”. Ele tem a lábia para a ironia e a maneira de enfrentar a vilania. Também parece sentir que não está interpretando somente a história. Mel Ferrer, também, está consciente que ele não está ali por mero acaso ao interpretar um Bourbon.

Vinda do departamento de perucas, Janet Leigh (Aline de Gavrillac) está particularmente linda, como um bibelot e Nina Foch não compromete como Maria Antonieta. Mas, é realmente Eleanor Parker quem nos premia com uma bela interpretação, como a ruiva sensual do teatro, Lenore, que mantém o herói “ligado”. Muito engraçado ao final do filme, que ela fica com Napoleão. Como e de onde surgiu Napoleão é uma questão que não vem ao caso. Nada mais apropriado para Lenore. E, certamente, para a MGM.



Scaramouche (Scaramouche)
1952 – EUA - 116 min. – Colorido – AVENTURA
Direção: GOERGE SIDNEY. Roteiro: RONALD MILLAR e GEORGE FROESCHEL, baseado em obra de RAFAEL SABATINI. Fotografia: CHARLES ROSHER. Montagem: JAMES E. NEWCOM. Música: VICTOR YOUNG. Produção: CAREY WILSON, para a METRO-GOLDWYN-MAYER.


Elenco: STEWART GRANGER (Andre Moreau) ELEANOR PARKER(Lenore), JANET LEIGH (Aline de Gavrillac), MEL FERRER (Noel. Marquês de Maynes), HENRY WILCOXON (Chevalier de Chabrillaine), NINA FOCH (Marie Antoinette), RICHARD ANDERSON (Philippe de Valmorin), ELISABETH RISDON (Isabelle de Valmorin), HOWARD FREEMAN (Michael Vanneau), CURTIS COOKSEY(Fabian), JOHN DEHNER (Doutreval), JOHN LITEL (Dr. Dubuque), JONATHAN COTT (Sargento), DAN FOSTER (Pierrot), OWEN McGIVENEY (Punchinello), FRANK MITCHELL (Arlequin), CAROL HUGHES (Pierrette)e RICHARD HALE (Perigore).



Trailer Original:



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Melodia Imortal

5 comentários:

Cecilia Barroso disse...

Agora tenho que achar esse filme. Fiquei curiosa!

Jacques disse...

Cecilia, o filme não chega a ser um capa-espada, mas é uma aventura de primeira. A versão que tenho é da Classic Line. Consulte: http://www.submarino.com.br/dvds_productdetails.asp?Query=ProductPage&ProdTypeId=6&ProdId=21313142&ST=SE

Débora Hégedus disse...

ah e é mesmo... mas fiquei muito enjoada, mais do que na Bruxa de Blair... tive q desviar o olhar varias vezes!

Ah... que fofo Scaramouche... do ano que mamis nasceu! rsrsrs

Anônimo disse...

Fiquei interessado nesse filme.
Vou procurar assistir.
Muito legal seu blog.
Valeu pela visita.
Abraço!

Cecilia Barroso disse...

Oi, Jacques, tem um meme para você lá no meu blog. Acho que você vai gostar.
Beijocas