quinta-feira, 28 de agosto de 2008

CAPITÃO BLOOD

“Peter Blood...culpado ou inocente?.”


Em 1685, o rei inglês James II destila sua tirania sobre os pilares do absolutismo e da igreja; os rebeldes vão para a forca ou, não menos pior, para as colônias caribenhas na condição de escravos. Aqueles que sobrevivem à viagem até Port Royal, na Jamaica, acabam trabalhando em condições miseráveis nas plantações de cana-de-açúcar. Um dos muitos condenados (e inocente) é o honrado doutor Peter Blood (Errol Flynn). O médico conhece as agruras da guerra, uma vez que havia lutado durante certo tempo em diferentes grupos até ter trocado a espada pelo receituário. Porém, o idealismo de Blood será a sua perdição: ele acaba sendo enviado para as plantações para curar um doente ferido. Graças à sua habilidade, logo o liberam do trabalho duro do dia-a-dia; contudo, somente após ter aliviado as dores de gota do governador, lorde Willoughby (Henry Stephenson). Também, Arabella (Olívia de Havilland), a encantadora sobrinha do coronel Bishop (Lionel Atwill), um militar ávido de poder, estende sua mão protetora sobre o valente irlandês.

Não obstante, viver como prisioneiro em uma jaula de ouro não satisfaz alguém como Peter Blood. O momento de fugir chega quando uma fragata espanhola ataca a pequena cidade portuária: em meio ao caos geral, os prisioneiros (capitaneados por Blood) capturam o barco e se dispõe a buscar a liberdade na imensidão dos oceanos. “Nós, os perseguidos, convertemo-nos nos perseguidores”. A bandeira com os sabres cruzados debaixo de uma caveira será o seu emblema futuro e o último que será visto por muitos marinheiros espanhóis e franceses.

O filme foca a história em um fora-da-lei honrado, que não se transforma em pirata por ambição ou instintos sanguinários, mas sim compelido pelas circunstâncias subumanas. Até que um regime justo o reabilite, Blood seguirá seu próprio código de conduta, que infringe as leis de forma somente superficial. Combatendo os autênticos ladrões (o séquito corrupto de um governante e os espanhóis), Blood faz o bem e abre o caminho para uma ordem melhor. Assim, então, a aventura às exóticas ilhas é um episódio passageiro.

Quando Arabella cai nas mãos do capitão pirata francês, Peter pode devolver os favores à jovem, libertando-a e matando o pirata, um verdadeiro fora-da-lei, que não se compromete com valores mais elevados.

Capitão Blood é um entretenimento refinado, do melhor estilo. Depois de uma exposição frenética, o roteiro de Casey Robinson precipita-se dando voltas cada vez maiores ate alcançar o ponto culminante em uma definitiva batalha naval. Anton Grot desenhou cenários estilizados que, com pitadas do expressionismo alemão, retratam a decadente ordem jurídica da época.

A Warner Bros. conseguiu dar uma grande sacada na musica do filme: contratou Erich Wolfgang Reinhard, um compositor de fama internacional que havia acompanhado Max Reinhard a Hollywood. Korngold, que quis manter sua independência artística em relação aos estúdios até o final de sua carreira ( e a partir de 1937 jamais aceitou mais de duas atividades por ano), compôs uma bela e envolvente partitura - sua orquestração sofisticada e a sintonia fina entre a música e o filme, foi um marco nas trilhas sonoras do cinema. Clássico com diversão garantida.



"Capitão Blood" (Captain Blood)
1935 – EUA - 119 min. – Preto e Branco – AVENTURA
Direção: MICHAEL CURTIZ. Roteiro: CASEY ROBINSON, baseado na novela homônima de RAFAEL SABATINI. Fotografia: ERNEST HALLER E HAL MOHR. Montagem: GEORGE AMY. Música: ERICH WOLFGANG KORNGOLD E FRANZ LISZT. Produção: HAL B. WALLIS para FRST NATIONAL PICTURES INC., COSMOPOLITAN PRODUCTIONS E WARNER BROS.

Elenco: ERROL FLYNN (Peter Blood) OLIVIA DE HAVILLAND (Arabella Bishop), LIONEL ATWILL (Coronel Bishop), BASIL RATHBONE (Capitão Levasseur), ROSS ALEXANDER (Jeremy Pitt), HENRY STEVENSON (Lorde Willoughby), ROBERT BARRAT (John Wolverstone), HOBART CANAVAUGH (Doutor Bronson), DONALD MEEK (Doutor Wacker), FRANCES GUY KIBBEE (Heny Hagthorpe) e VERNON STEELE (Rei James II).

Trailer Original:


Do mesmo diretor:



Almas em Suplício

5 comentários:

Sergio Deda disse...

Nunca ouvi falar, mas gostei de seu texo e adoro filmes antigos... talvez eu confira logo logo...

vlws

wender. disse...

fora da lei honrado.
vou aproveitar que tou na fase de ver filmes antigos, ehehhe.

Abração

Miriam disse...

Nossa, como não ouvi falar deste filme? Incrível, como você descobre umas obras de arte dessas!!!!
Quero ver.
Beijos.

Hugo disse...

Taí um clássico que eu ainda não assisti.

Abraço

Jacques disse...

Sergio, é um clássico com dois dos maiores pares da década de 40 em Hollywood.

Wender, é isso ae.Não perca.

Miriam, ha várias gemas do cinema que precisam ser relembradas. Essa é uma delas.

Hugo, confira.