domingo, 10 de maio de 2009

O PRIMEIRO ANO DO RESTO DE NOSSAS VIDAS

“Você sabe o que é isso? É fogo de Santelmo”


Na linha dos filmes sobre juventude escolar, “O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas” fica no meio termo entre “O Reencontro” (83) e “O Clube dos Cinco” (85). No caso, seus personagens já estão suficientemente adultos para grandes demonstrações de idealismo; porém, jovens o bastante para necessitarem de auto-afirmação. No decorrer da estória, logo se deparam com a situação em que devem abrir mão das baladas e encontros noturnos no bar St. Elmo´s (que dá título ao filme), em busca de mais foco e responsabilidade para suas vidas. O filme tem como principal chamariz um elenco de postulantes ao estrelato (à época), que fizeram carreira e tornaram-se famosos posteriormente. Alguns deles, os brat-pack, lançados por Francis F. Coppola, dois anos antes, em “Vidas Sem Rumo” (83). Parece que, por causa disso, o diretor Joel Schumacher teve alguma dificuldade de tornar a participação do elenco proporcional. Em alguns momentos, a edição faz com que os personagens sejam um pouco superficiais, com a sensação de que deveriam ter uma presença maior. O filme fica bem mais interessante quando flerta com o elenco que, de fato, esbanja charme. Quando tenta abordar temas mais sérios dos personagens e seus problemas – drogas, sexualidade, carreira, relacionamento – o filme perde um pouco.

As tentativas, que lembram “O Clube dos Cinco”, de amenizar os assuntos - a euforia dando lugar às lágrimas, confissões, promessas de mudança e de amizade eterna, etc., - são mais bem sucedidas do que abordá-los de forma mais dura e realista. Uma cena embaraçosa é aquela na qual as três amigas – Jules (Demi Moore), Leslie (Ally Sheedy) e Wendy (Mare Winningham) - encontram-se para uma sopa num refeitório popular. Jules, em tom de brincadeira com as demais, declara que vai acabar sem dinheiro, como uma indigente – ao seu lado, uma velha indigente assiste a tudo. Apesar disso, fica uma parábola, na qual a senhora parece mais à vontade na situação do que a problemática Jules.

Há também um tom irônico em certas passagens, resvalando em aspectos políticos, mas que ficam frágeis. É o caso de Alec (Judd Nelson), que decide alterar sua filiação política por razões de salário. “Um senador republicano paga mais do que um senador democrata.", ele diz à namorada. "A gente podia comprar um sofá maior e depois a gente se casava". Em alguns momentos é esse o tipo de preocupação do filme – os yuppies da década de 80.

O diretor requinta o aspecto visual do filme - cenários modernos e moradias que lembram lofts, o que mostra alguns personagens esbanjando recursos esforçando para manter as aparências. Entretanto, a questão principal que o filme colocou é adivinhar daqueles atores/atrizes conseguiriam alçar vôos mais altos, após esse projeto.
Rob Lowe - cujo ar rebelde no enredo tornou-o o principal nome do elenco - virou um ídolo, repetiu outros filmes do gênero e obteve sua maturidade na série de TV “West Wing” (1999-2006). Em "O Primeiro Ano...", desempenha o papel do petulante e irresponsável Billy Hicks. Emilio Estevez, que também teve sua careira ampliada posteriormente, faz o papel de um biruta apaixonado, que às vezes se mete em situações embaraçosamente ridículas - principalmente quando seu objeto de desejo é bela Andie MacDowell.

Judd Nelson, o brigão de "O Clube dos Cinco", não está tão diferente aqui, apesar da gravata - numa demonstração de ser o personagem mais maduro do grupo, embora não o seja. Sua autoconfiança no filme às vezes descamba para o humor. Andrew McCarthy desempenha o personagem masculino menos intransigente do filme – o de um aspirante escritor, amigo de todos e o iconoclasta do grupo.

As personagens femininas são menos desenvolvidas no roteiro. Destaque para linda e drogada Jules (Demi Moore), a enfeitada e “preocupada com todos” Leslie (Ally Sheedy) e a assistente social virgem Wendy (Mare Winningham). Demi Moore é bela e ocupa a tela, embora não faça nada de especial, Maré Winningham faz muito para um personagem discreto e Ally Sheedy procura ser agradável, com senso de humor e inteligência.

"O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas" é um bom filme da década de 80. Mostra um produto para uma geração recém-saída de universidade e o início da vida profissional. Ao estilo Hollywood, diga-se bem.




"O Primeiro Ano do Resto de Nosss Vidas" (St. Elmo´s Fire)
1985 – EUA - 88 min. – Colorido – DRAMA
Direção: JOEL SCHUMACHER. Roteiro: JOEL SCHUMACHER E KARLS KURLANDER. Fotografia: STEPHEN H. BURUM. Montagem: RICHARD MARKS. Música: DAVID FOSTER. Produção: LAUREN SHULER, distribuído pela COLUMBIA.

Elenco:
EMILIO ESTEVEZ (Kirby Keger) ROB LOWE (Billy Hicks), ANDREW McCARTHY (Kevin Dolenz), DEMI MOORE (Jules), JUDD NELSON (Alec Newbary), ALLY SHEEDY (Leslie Hunter), MARE WINNINGHAM (WEndy Beamish), MARTIN BALSAM (Sr. Beamish), ANDIE MacDOWELL (Dale Biberman), JOYCE VAN PATTEN (Sra. Beamish) e JENNIE WRIGHT (Felicia).




Cenas do Filme:


Assista também:



O Clube dos Cinco

3 comentários:

Sergio Deda disse...

Parece ser bem interessante mesmo, nunca assisti. Inclusive morro de vontade de conferir Clube ds Cinco.

Abraço

Wally disse...

Schummacher é um diretor um tanto inconstante. Mas talevz eu arrisque neste, visto que adoro "Clube dos Cinco".

Ciao!

Ygor Moretti disse...

esse e classico, como ja disse num outro comentario, esse filme , traçou , ou ajudou na contruçao do ideal de toda uma geração...