segunda-feira, 21 de abril de 2008

IMAGENS DO ALÉM

“O que vocês fizeram a essa garota?”


Ben e Jane formam um casal recém-casado que se muda de Nova Iorque para Tóquio a trabalho. Ben é fotógrafo e consegue um emprego numa revista clicando modelos. Logo na primeira parte do filme, enquanto se ambientam na nova cidade – visitam a linda paisagem japonesa (e, claro, fotografam tudo o que vêem) e, ao anoitecer , com Jane ao volante, atropelam o que parece ser uma garota no meio da estrada. O carro fica desgovernado e batem em uma árvore. A polícia aparece no local e nada encontra. Jane fica intrigada, pois está convencida de que algo de estranho ocorrera. Como é comum no caso desses filmes, a eletrônica é o meio através do qual o além contata os vivos. Em “O Chamado”, foi o vídeotape; aqui as fotografias – desde uma Pentax até uma Polaroid, somente para ficar nessas duas, na sucessão de marcas e merchandising que passa pelo filme, não sendo poupada , obviamente, nem a Kodak.

Reveladas algumas fotos do passeio, percebe-se de imediato que algo diferente está por ocorrer – as imagens registram sombras e/ou manchas. Em contato com um médium, o casal busca uma forma de resposta – é então que descobrimos que as manchas nas fotos tratam-se na verdade de espíritos de pessoas vivas que buscam comunicação e, como resultado, essa aproximação se dá através dos registros nas fotos.

E as fotos do casal (da cerimônia do casamento, também aquelas resultado do trabalho de Ben e outras clicadas ao longo do filme) trazem a menina atropelada do início da projeção(Megumi Okina) . O que se vê ao longo do filme é uma sucessão de situações confusas e mal costuradas, que tentam explicar o vínculo da garota com o casal – o porquê disso tudo não pode ser dito, para não estragar o final (se é que o filme trás algo de surpreendente).

Essa é uma versão americana no filme tailandês “Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado”, de 2004, dirigido por Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom. Apesar da tentativa do diretor em manter um clima de thriller ao longo do filme, a película em nenhum momento atinge esse objetivo – não assusta, não traz surpresas, não reverte expectativas, etc, - ou seja, não acerta em nenhum dos ingredientes que compõem um bom filme de suspense.

Algumas cenas chegam ser risíveis, tais aquela em queo casal visita um médium, que parece mais um pai de santo charlatão, fazendo propaganda de tinta de cabelos. Os personagens parecem estar deslocados dentro do filme. Os amigos do casal entram e desaparecem do filme para, depois, terem participação no desfecho da história. A assistente de Ben, que parece ter sido incluída na trama para indicar um possível triângulo amoroso (que não acontece), também fica “jogada” na trama. Essas situações não desenvolvidas e outras mal resolvidas no roteiro de Luke Dawson, o diretor não conseguiu superar.

Joshua Jackson, no papel de Ben fica a desejar, pois é jovem para o papel, muito embora talvez um outro ator de maior envergadura não ajudasse em nada para mudar o resultado final do filme. A surpresa fica por conta de Rachael Taylor, na esposa de Ben. Bonita e esforçada, é a única coisa no filme que tenta aparentar credibilidade.

Nessa mania norte-americana de reproduzir versões de filmes rodados por uma safra de bons diretores do Oriente, vale a pena ainda ficar com os originais. Não perca seu tempo e dinheiro fora. Ruim.



Imagens do Além (Shutter)
2008 – EUA - 85 min. – Colorido – HORROR
Direção: MASAYUKI OCHIAI. Roteiro: LUKE DAWSON. Fotografia: KATSUMI YANAGISHIMA. Montagem: TIMOTHY ALVERSON e MICHAEL N. KNUE. Música: NATHAN BARR . Produção: ARNON MILCHAN.

Elenco: JOSHUA JACKSON (Benjamin Shaw), RACHAEL TAYLOR (Jane Shaw), MEGUMI OKINA (Megumi Tanaka), DAVID DENMAN (Bruno), JOHN HENSLEY (Adam), MAYA HAZEN (Seiko), JAMES KYSON LEE (Ritsuo), YOSHIKO MIYAZAKI (Akiko), KEI YAMAMOTO (Murase), DAISY BETTS (Natasha) e ADRIENNE PICKERING (Megan).


Trailer Original:



Assista também:



Kansen

2 comentários:

Isabela disse...

Não sou muito fã desse genero terror asiático, mas admito que eles costumam ser bem superiores aos roteiristas americanos quando o assunto é assustar!

Cecilia Barroso disse...

Nossa, e eles não se cansam nunca de produzir essas adaptações, não é?
Depois de ver O Olho do Mal e Chamada Perdida na mesma semana, vou dar uma folga e deixar esse para depois.
Beijos