segunda-feira, 28 de julho de 2008

A OUTRA GAROTA BOLENA

“Deus, tende piedade de mim.”


Mais conhecida por ter perdido sua cabeça para o rei – primeiro, no sentido figurado; depois, literalmente - Anne (Natalie Portman) e sua irmã Mary (Scarlett Johansson) entram na corte de Henry VIII (Eric Bana), quando ele ainda estava casado com Catherine (Ana Torrent). Um homem com grande apetite e volúvel, o rei ansiava por ter um herdeiro e por tudo mais que usasse saias – desde que não fosse a rainha. Era guiado pela sua volúpia sexual. De acordo com esse pastiche esquisito e frenético – escrito por Peter Morgan e dirigido por Justin Chadwick – as garotas funcionam como se fossem irmãs de algum filme ou seriado de TV (ou ainda Paris e Nicky Hilton) na Corte dos Tudor. Na versão cinematográfica da saga da família Boleyn, baseada no romance homônimo de Philippa Gregory , elas são mostradas como joguetes da ambição de seu pai. Sir Thomas (Mark Rylance) procurava escalar socialmente na Corte às custas de suas filhas e sob a indignação de Lady Elizabeth (Kristin Scott Thomas), a mãe das garotas.

Forçadas a disputar a preferência do rei, as irmãs logo tornam-se rivais, uma competição que, em seus poucos momentos de entretenimento, lembra o amor fraterno de “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?” (1962). Uma das biógrafas de Anne, Joanna Denny, menciona que sua irmã Mary, quando na Corte francesa, foi quase uma cortesã. Isso não é mencionado nos livros de História (pelo menos que eu me lembre).

Ao invés de deixar a trama descambar, no entanto, o filme envereda por um caminho mais seguro e previsível, separando as irmãs entre a morena má e a gentil loira, mudando o foco sobre as intrigas na Corte para a disputa entre as duas mulheres. Ana encarou a espada, mas não antes dessa longos passeios e cavalgadas, usar vestidos apertados e provocar rebuliços reais.

É uma proeza fazer algo que seja tão inerte ter uma ação mais frenética. Filmado em vídeo de alta-definição em tom marrom escuro, o filme possui um roteiro frouxo e está supereditado. Muitas das cenas parecem ter sido picotadas, para depois serem transformadas em uma sucessão de gestos e poses. Em face dos diálogos algumas vezes até risíveis, isso não é o pior, em respeito ao trabalho anterior de Peter Morgan, “A Rainha” (2006).

Os olhos de Natalie Portman, as mãos de Eric Bana e as bochechas de Scarlett Johansson estão vigorosamente artificiais e exageradas. Para ver e esquecer.



"A Outra Garota Bolena" (The Other Boleyn Girl)
2008 – EUA - 115 min. – Colorido – DRAMA
Direção: JUSTIN CHADWICK. Roteiro: PETER MORGAN, baseado na obra de PHILIPPA GREGORY. Fotografia: KIERAN McGUIGAN. Montagem: PAUL KNIGHT E CAROL LITTLETON. Música: PAUL CANTELON. Produção: ALISON OWEN, distribuído pela Columbia Pictures e Focus Features.

Elenco: NATALIE PORTMAN (Anne Boleyn) SCARLETT JOHANSSON (Mary Boleyn), ERIC BANA (Henry VIII), KRISTIN SCOTT THOMAS (Lady Elizabeth Boleyn), MARK RYLANCE (Thomas Boleyn), DAVID MORRISSEY (Duque de Norfolk), JIM STURGESS (George Boleyn) e ANA TORRENT (Catherine of Aragon).

Trailer Original:


Do mesmo diretor:



Bleak House

quarta-feira, 9 de julho de 2008

SWEENEY TODD - O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET

“Que tal uma barba?.”


Eu havia visto poucos filmes de Tim Burton. Dentre os que tinha assistido há tempos atrás estão "Batman" (1989) e "A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça" (1999). Uma amiga sugeriu-me assistir "Ed Wood" (1994), que ainda não havia visto. A partir de então, percebi que se tratava de um artista ímpar, um grande diretor. Fiquei curioso para ver o seu mais recente trabalho e o resultado de uma junção de dois universos muito diferentes - enquanto Tim Burton faz filmes de fantasia, Stephen Sondheim escreve musicais. Achei difícil imaginar 2 gêneros tão otimistas de pop art ou, de outra forma, 2 artistas pop que tenham, de alguma forma, subvertido o otimismo. Stephen Sondheim sempre gravitou em direção a tonalidades musicais suaves e desenvolveu seus trabalhos com subtextos beirando a ansiedade e a alienação. Tim Burton, por sua vez, envereda mais naturalmente (mas não de forma tão fácil) pela esfera do gótico e do grotesco, transformando temas cômicos e infantis em trabalhos fúnebres e assombrados. E não é surpreendente que “Sweeney Todd”, filme adaptado do musical de Sondheim, seja tão sombrio e aterrorizante. De fato, “Sweeney Todd” é tanto um filme de terror quanto um musical: é cruel nos efeitos e radical na misantropia, expressando um arroubo, uma visão extremamente pessimista da natureza humana. É, também, algo próximo de um grande obra, um trabalho de extrema força, quase genial.

A história é uma tragédia sobre a vingança. Um barbeiro, julgado erroneamente, retorna a Londres e abre uma barbearia, cortando gargantas e cabelos. Os corpo de suas vítimas viram tortas de carne (servidas aos fregueses) nas mãos da Sra. Lovett, sua parceira nos negócios e nos crimes. Canibalismo e assassinato, como alicerces para o espetáculo, formam uma brincadeira perversa e, acreditem, até deliciosa.

O filme de Tim Burton, apesar da participação de Sacha Baron Cohen (como um barbeiro saltimbanco) e Timothy Spall (como um xerife), que super representam em seus papéis, acerta no elenco. A Londres do diretor é escura, nebulosa e suja. A direção de arte de Dante Ferretti é estupenda e tem o poder de fazer a luz do dia parecer sinistra. A inocência, representada por um casal apaixonado (Jayne Wisener e Jamie Campbell Bower), cujo romance é platônico, não possui chances de concretização; é um truque do destino, algo para ser interrompido ou destruído.

A Sra. Lovett, uma cozinheira maquiavélica, é interpretada por Helena Bonham Carter, que a cada dia parece um fotocópia de Tim Burton, como uma bruxa do universo do diretor e mãe de seus filhos. Está bem no papel. Se o diretor possui um alter ego, ou pelo menos um ator que seja capaz de incorporar suas idéias nas telas, ele é representado por Johnny Depp. Como Sweeney, tendo seus cabelos desgrenhados e tingidos de branco e olhos pintados de negro, ele mais parece um avatar de fúria.

Cantando, sua voz é áspera e fina, mas de grande força. Traz o tom visceral de rock and roll para um idioma acostumado a um maior refinamento e, fazendo isso, desperta a violência das letras e canções de Sondheim. Muito próximo de qualquer outro filme de terror – o adolescente rejeitado pelos garotos, o homem decente cujo sofrimento foi desprezado – Sweeney surge como uma figura simpática.

No início, era um feliz marido e pai, até sua amada (Laura Michelle Kelly) tornar-se objeto de desejo de um juiz mau caráter (Alan Rickman), que exilou o pobre barbeiro para a Austrália. Anos depois, ele retorna para descobrir que sua filha, agora adolescente, está sob tutela do juiz.

Procurando suas antigas navalhas – “minhas amigas” – sob as tábuas do chão da antiga barbearia, Sweeney monta uma armadilha para o juiz - um projeto que requer o assassinato de muitos clientes ao longo do caminho. “Nunca sentirão a falta deles”, canta a Sra. Lovett. O olhar de Sweeney é duro, quase de um genocida. “Eles merecem morrer”, ele diz, contemplando a cidade sobre os telhados das casas.

E, o diretor, descreve essas mortes cruelmente. Os jatos de sangue podem parecer artificiais, mas quando os corpos deslizam da cadeira do barbeiro abaixo, em direção ao porão, amontoam-se com realidade doentia – estamos assistindo a pessoas virando alimento.

Pode parecer estranho elogiar um filme de tamanha selvageria. Entretanto, é um filme que não passa despercebido – ouso dizer que dificilmente pode ser esquecido e, mesmo sendo, vai ser relembrado no futuro. A força de “Sweeney Todd” está, sobretudo, na sua recusa em fazer qualquer tipo de concessão sentimental. Desde do desejo do diretor em ressaltar os pontos mais chocantes da história, até seu mais lúgubre final.

“Sweeney Todd” é uma fábula sobre o mundo no qual toda a possibilidade de justiça foi amputada e substituída - de um lado, por um poder fútil e arbitrário e, de outro, por um desejo furioso por justiça que rapidamente se torna loucura.

Pode haver um fio de esperança no final de tudo, mas em nenhum momento consegue-se perceber isso na telona. O que se assiste é tão negro quanto um túmulo. O que se ouve – uma maravilhosa trilha musical –, é igualmente infernal; contudo, o conjunto da obra é celestial.



"Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet" (Sweeney Todd - The Demon Barber of Fleet Street)
2007 – EUA - 116 min. – Colorido – DRAMA/MUSICAL
Direção: TIM BURTON. Roteiro: JOHN LOGAN, baseado no musical de STEPHEN SONDHEIM E HUGH WHEELER, com adaptação de CHRISTOPHER BOND. Fotografia: DARIUSZ WOLSKI. Montagem: CHRIS LEBENZON. Música: STEPHEN SONDHEIM. Produção: RICHARD D. ZANUCK, distribuído pela DreamWorks Pictures e Warner Bros. Pictures.

Elenco: JOHNNY DEPP (Sweeney Todd) HELENA BONHAM CARTER(Sra. Lovett), ALAN RICKMAN (Juiz Turpin), TIMOTHY SPALL (Beadle), SACHA BARON COHEN(Pirelli), JAMIE CAMPBELL BOWER (Anthony), LAURA MICHELLE KELLY (Pedinte), JAYNE WISENER (Johana) e ED SANDERS (Toby).

Prêmios:
Oscar de Melhor Direção de Arte (Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo)/2008
Globo de Ouro de Melhor Filme - Musical ou Comédia/2008
Globo de Ouro de Melhor Ator em Filme Musical ou Comédia (Johnny Depp)/2008
National Board of Review - Melhor Diretor (Tim Burton)/2007

Trailer Original:


Do mesmo diretor:



Ed Wood

quarta-feira, 2 de julho de 2008

À FLOR DA PELE

“Você percebe as coisas se você presta atenção.”


Su Li-zhen (Maggie Cheung) e Chow Mowan (Tony Leung) interpretam um par casado com outras pessoas, que vivem de aluguel em quartos alugados de um mesmo prédio e descobrem que seus parceiros são amantes. O jornalista Chow e a secretária executiva Li-zhen criam um vínculo de confiança e isso se transforma em um desejo mútuo, com o qual não sabem lidar. “À Flor da Pele” trata sobre a dúvida da lealdade; é um filme muito bonito, com um espírito estonteante, que há muito tempo anda em falta no cinema. As canções de Nat King Cole tocam repetidamente ao longo do filme (isso fortalece o refinamento dos atores). O diretor utiliza o classicismo do cantor alheio à vontade do casal, que constantemente trocam olhares e intenções. Os atores parecem ser observados, à medida que a câmera os acompanha pelas esquinas, corredores e portas. Wong-Kar-Wai “pensa” através das lentes e usa sua habilidade para dar ao filme um tom quente e qualidade extasiante; não simplifica, erotizando cada movimento de sua câmera – algo que talvez muitos poucos sabem fazer hoje em dia. Tudo muito contido, até com certo grau de fetichismo – o estilo e aspecto das vestimentas de Cheung impregnam a tela com grande carga sexual.

O diretor até chegou a filmar uma cena de sexo, mas decidiu não usá-la na versão final. Talvez para não enfraquecê-lo. Se esse foi o motivo, tomou uma decisão acertada, de grande sensibilidade. Essa é uma love story, cuja intensidade deriva exatamente do fato de que nada é explicito e os corpos estão vestidos na maior parte do tempo. Li-zhen veste-se de modo a favorecer seu belo corpo longilíneo e Chow varia suas gravatas para parecer diferente a todo tempo.

A câmera atua como voyeurismo, como de relance, fitando o casal que tem seus relacionamentos em fase de dificuldade. A edição pode às vezes cansar e dar um ritmo muito lento ao filme. Porém, isso é proposital, por conta da melancolia enfrentada pelo casal. Alusivo e amargo, o filme é produto de um diretor que parece trabalhar sobretudo de forma instintiva.

Isso fica evidente na cena em que o filme parece estar chegando à hora da verdade. Li-zhen conta a Chow que sabe que ele tem uma amante e bate em sua cara. Ele a repreende, dizendo que esta não é a forma de agir. A gente se dá conta de que algo inteiramente diferente está acontecendo, e a dor fica ainda mais forte porque esta cena é também sobre uma eventual separação.

Wong Kar-Wai utiliza a música tema para dar o seu tom – não é ouvida no filme – e ele vê esses personagens através de uma miscelânia de "músicas de fossa"”. "O tempo passou. Nada que pertence a ele existe mais" é o que aparece no final. Este filme é um beijo perdido ao longo do tempo; um tempo que somente existe nos filmes, com canções gravadas em mono, com roupas feitas perfeitamente sob medida, etc. O filme é basicamente sobre isso.




"À Flor da Pele" (Fa Yeung Nin Wa)
2000 – HONG KONG - 97 min. – Colorido – DRAMA
Direção: WONG KAR WAI. Roteiro: WONG KAR WAI. Fotografia: CHRISTOPHER DOYLE E MARK LI PING-BIN. Montagem: WILLIAM CHANG SUK-PING. Música: MIKE GALASSO E UMEBAYASHI SHIGERU. Produção: WONG KAR WAI, distribuído pela USA Films.

Elenco: MAGGIE CHEUNG (Su Li-Zehn) TONY LEUNG CHIU (Wai Chow), PING LAM SIU (Ah Ping), REBECCA PAN (Sra. Suen), KELLY LAI CHEN (Sr. Ho), MAN-LEI CHAN (Sr. Koo), TSI-ANG CHIN (Amah), ROY CHEUNG (voz do Sr. Chan) e PAULYN SUN (voz da Sra. Chow).

Prêmios:
Melhor Ator (Tony Leung Chiu)/Festival de Cannes 2000; Melhor Filme de Lingua Estrangeira/British Independent Film Awards 2001.

Trailer Original:


Do mesmo diretor:



My Blueberry Nights

terça-feira, 1 de julho de 2008

WALL-E

“Eu não quero sobreviver. Quero viver.”


Wall-E é uma pequena máquina que, tendo superado sua programada obsolescência, passa seus dias com o trabalho rotineiro de juntar e compactar lixo, em uma Terra devastada por nossos semelhantes sem nenhuma percepção ambiental – a cultura do consumismo deixou marcas aparentemente irreversíveis em nosso planeta. Os humanos são, então, enviados temporariamente para viverem em uma nave distante, à espera de que a situação seja modificada e o planeta reconstitua sua vitalidade. O nome de nosso “herói” (?) significa Waste Allocation Load Lifter – Earth, uma tradução literal para Carregador de Cargas para Alocação de Lixo. Mas, para ele, nem tudo que encontra pelo caminho é descartável. Na pequena fortaleza metálica em que ele e sua amiga barata se protegem de tempestades de areia, Wall-E mantém uma coleção de tesouros dos mais variados, desde isqueiros Zippo até uma série de outras quinquilharias, incluindo, acreditem, um cubo mágico (quem não teve um?). O porquê de Wall-E manter esses artefatos de uma era perdida é perfeitamente compreensível. Afinal, também ele é um produto da ingenuidade humana, da tradição e da recuperação de valores – sua relíquia mais preciosa é uma fita VHS do musical “Hello Dolly!” (1969),que nunca se cansa de reproduzir.

Observando o que cerca Wall-E, o espectador percebe que, em algum tempo, um conglomerado chamado BnL (de Buy and Large) encheu a Terra com megastores e toneladas de lixo. Eventualmente, a corporação levou seus valiosos consumidores para uma estação espacial, onde a população é envolvida pela cultura da gordura – os rechonchudos sobreviventes, na verdade, estão à mercê de uma força maior – o consumismo desmedido -, já incorporada às máquinas que controlam os humanos.

Embora as referências sejam mais diretas a "2001- Uma Odisséia no Espaço", isso é chover no molhado, uma obviedade. Talvez o mais justo fosse associá-lo à obra de A. Huxley, "Admirável Mundo Novo". Nessa obra, “ter a consciência das coisas” era um perigo constante a ser evitado em prol de se manter o status quo – ali, as emoções e a identidade genética eram tabus - aqui, em Wall-E, ocorre o mesmo. Devolver à Terra sua natividade não interessa à nova ordem e, quem questiona esse estado de coisas, deve ser parado. Wall-E equivale ao personagem Selvagem de Huxley.

Ele tem a companhia de uma Eve, uma máquina moderna, que chega à Terra em busca de sinais vitais. O relacionamento amoroso entre eles é bastante tradicional. Se “Wall-E” fosse uma comédia romântica, seria sobre um humilde lixeiro que se apaixona por uma modelo famosa – que é uma cientista com habilidade em artilharia.

Wall-E é uma caixa de lata à moda antiga, barulhento, movido à energia solar e por meio de correias, cheio de rebites, com a superfície de engrenagens e sinais de ferrugem. Ele é imperturbável, sem deixar de ser inteligente, e sempre chamando atenção. Eve, que tem o formato de um ovo, é tão cool como um modelo de iPhone de última geração e sussurra, a não ser quando está atiçada – situação em que ela tende a explodir as coisas ao seu redor. Ela e Wall-E comunicam-se através de ruídos que, ocasionalmente, formam palavras. De algum modo, suas expressões – de desejo, irritabilidade, indiferença, devoção e ansiedade, todas harmônicas em sutis contrapontos – alcançam eloqüência sideral.

Ao evitar tornar um conto sobre o cataclisma ambiental numa aula difícil, o diretor mostra sua consciência sobre as contradições inerentes ao cinema popular para avançar numa crítica sobre a cultura do consumo. Os moradores da estação espacial, acostumados a ser atendidos por robôs industriais, cresceram, assemelhando-se a bebês gigantes, com rostos redondos, torsos vermelhos e membros frágeis, além de curtos e grossos.

O capitalismo consumista, antecipando cada necessidade possível e envolvendo indivíduos de acordo com sua conveniência, tem uma força poderosa. Mas, ao moverem-se em poltronas reclináveis, os olhos fixos em monitores de vídeo, entupindo-se de calorias através de canudos enfiados em copos enormes, esses superbebês espaciais também se parecem com freqüentadores de cinema num Multiplex.

Em outras palavras, eles representam nós mesmos. E, assim como a gente, eles não são de todo maus. O paradoxo no coração de Wall-E é que o elemento que motiva inventar coisas novas e melhorar as velhas – comprar, vender, produzir, colecionar – cria o potencial para o caos, mas também o possível caminho para evitá-lo. Ou, de outro modo, alguns dos mesmos impulsos que preenchem o mundo de “Wall-E” – nosso mundo – com “sucatas”, podem também preenchê-lo com arte. Não perca.




"Wall-E" (Wall-E)
2008 – EUA - 103 min. – Colorido – DESENHO ANIMADO
Direção: ANDREW STANTON. Roteiro: ANDREW STANTON E JIM CAPOBIANCO. Efeitos Especiais: CHRIS CHAPMAN. Produção (Design): RALPH EGGLESTON. Montagem: STEPHEN SCHEFFER. Música: THOMAS NEWMAN. Produção: JIM MORRIS; distribuído pela WALT DISNEY PICTURES e PIXAR ANIMATION STUDIOS.

Elenco: BEN BURTT (Wall-E) ELISSA KNIGHT (Eve), JEFF GARLIN(Capitão), FRED WILLARD (Shelby Forthright), JOHN RATZENBERGER(John), KATHY NAJIMY(Mary) e SIGOURNEY WEAVER (Computador da Nave).

Trailer Original:


Do mesmo diretor:



Procurando Nemo