sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A PISCINA

“Quando estou com você sempre me divirto”


Jean-Paul (Alain Delon) é um escritor desempregado que tem um caso amoroso com Marianne (Romy Schneider), uma jornalista famosa. Ambos passam as férias em uma bela casa em St. Tropez, onde a piscina da mansão é o ponto focal da trama do filme. Marianne convida o amigo Harry (Maurice Ronet) para visitá-los. Harry, um compostor e executivo de gravadora, foi amante de Marianne. A tensão sexual entre os dois vai se desenrolando ao longo do filme sob a observação cuidadosa e incomodada de Jean-Paul, que desconfia do passado de ambos. Jean Paul interessa-se pela filha de Harry, Penelope, interpretada por Jane Birkin (bela como sempre). Muito calor, corpos quentes, conflitos latentes e questões amorosas mal resolvidas – onde é até insinuado um incesto – culminam em um assassinato ocorrido no cenário principal do filme – a piscina.

Após alguns drinques, Harry e Jean-Paul brigam e este empurra o outro na piscina, Jean Paul reluta em ajudar o “oponente" e Harry acaba morrendo. Essa morte faz com que questões mal resolvidas da relação entre Marianne e Jean Paul aflorem.

O casal tenta resolver os problemas, mas a presença do investigador de polícia, Leveque (Paul Crauchet), começa a dificultar as coisas. Oou melhorá-las. Depende do ponto de vista.

Trata-se de um drama policial, dirigido com bastante sensibilidade por Jacques Deray; é o tipo de tema que poderia ter sido conduzido de forma piegas e terminar como a maioria de filmes policiais com alguma investigação e final óbvio, que tanto estamos acostumados a assitir - principalmente no cinema norte-americano.

Aqui, ao contrário, o diretor leva o filme de forma com que amor, sexo e morte sejam expressos ao espectador de forma fluida, através dos inúmeros subtextos contido nos diálogos e nas atitudes dos personagens. Tudo é muito subentendido e sugerido. Fica-se sempre com o sentimento de que há algo a ser dito ou explicitado. Mais por intenção do diretor, do que por falha do filme.

Penélope não convence como filha de Maurice Ronet. Sua personagem tem uma importância no enredo que não poderia ter sido interpretado por uma atriz mais forte do que Jane Birkin. Sua personagem traz parte da história do pai e de seu casamento. O desejo de Harry em um possível reencontro com Marianne, mais a tensão entre pai e filha poderiam ter sido explorados de forma mais intensa na tela. Jane Birkin desfila toda sua beleza e junventude à beira da piscina. E só. Uma pena.

Por outro lado, a dupla Delon-Schneider encontram a sintonia fina num casal apaixonado, numa relação recheada de momentos de assustadora frieza – o ponto certo para deixar no espectador a percepção de que existe uma frustação entre o casal. Eles se amam, desconfiam um do outro, mas são cúmplices. Há uma certa dose de masoquismo entre eles.

Romy Schneider está em plena forma e, além disso, belíssima. Delon imprime um tom blasé a Jean-Paul. Está muito bem e faz um amante a certo ponto insensível, como tem que ser. Fico com a nítida sensação de que o casal reproduziu na tela a até então recém terminada relação de mais de 10 anos na vida real (estavam separados quando participaram do filme).

Não é sempre que se pode assitir a um filme cujo cenário se reduz a uma casa, um quarteto de atores e, ainda assim, apesar do enredo não possuir nada de original, é realizado de forma competente. Jacques Deray faz isso.



A Piscina (La Piscine)
1970– ITÁLIA/FRANÇA - 120 min. – Colorido – DRAMA
Direção: JACQUES DERAY. Roteiro: JEAN-CLAUDE CARRIÈRE, JEAN-EMMANUEL CONIL E JACQUES DERAY Fotografia: JEAN-JACQUES TARBÈS. Montagem: PAUL CAYATTE. Música: MICHEL LEGRAND. Produção: GÉRARD BEYTOUT.

Elenco: ALAIN DELON (Jean-Paul), ROMY SCHNEIDER (Marianne), MAURICE RONET (Harry), JANE BIRKIN (Penelope), PAUL CRAUCHET (Leveque), STEVE ECKARDT (Frank) e SUZIE JASPARD (Emile).



Cenas do filme:


Assista também:




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