quinta-feira, 26 de março de 2009

UM DIA DE CÃO

“Sal, Wyoming não é um país.”



“Um Dia de Cão” é um melodrama (embora cheio de cenas divertidas), baseado em um assalto a banco desastrosamente mal planejado, que acontece no Brooklyn. O filme somente mostra o acontecimento, sem entrar nas razões que originaram o fato. Isso faz com que o impacto emocional do filme fique reduzido – não que isso comprometa o filme, pelo contrário – mas o torna mais sério e fascinante. O incidente no qual o filme é inspirado ocorreu numa agência do Chase Manhattan Bank, em 22 de agosto de 1972. Dois assaltantes – um dos quais buscava dinheiro para uma operação de mudança de sexo de um amigo – falham miseravelmente, após manterem os empregados do banco como reféns por 14 horas. O evento vira um acontecimento ridículo – os assaltantes aparecerem ao vivo na televisão e negociam um avião para fugirem dos pais.

O filme de Sidney Lumet preocupa-se exclusivamente com a tentativa de roubo e o tempo de duração do incidente. Ocasionalmente, presenciamos algumas tomadas da vizinhança do bairro; contudo, a maior parte de projeção tem como cenário o banco. Esse confinamento no espaço e no tempo é respoonsável por muito da intensidade dramática do filme.

Contribui para isso as praticamente perfeitas caracterizações do elenco, incluindo Al Pacino, como o mais mentalmente limitado da gangue - um homem corajoso, quando em contato com a multidão do lado externo do banco, porém perturbado em suas relações pessoais.

Ao mesmo tempo em que ele jura amor a sua esposa e filhos, o faz também a seu companheiro – com quem “casou” numa cerimomia alguns meses antes, tendo sua mãe como testemunha. Por outro lado, o companheiro, interpretado num misto de medo, dignidade e de forma doentia por Chris Sarandon, atesta que seu quase protetor tentou matá-lo em diversas ocasiões.

As outras caracterizações que valem ser mencionadas são as de Penny Allen, como uma eficiente caixa que se arrisca, mesmo sob tensão (“Meus ouvidos não são latas de lixo”, ela diz a certa altura), John Cazale como parceiro de crime de Al Pacino – um homem que não fuma porque “o corpo é um templo do Senhor” -, James Broderick e Charles Durning, como representantes da lei. Também estão bem Susan Peretz, como a mulher de Al Pacino, em quem se pode perceber a aflição, raiva, doçura e violência, que é uma das principais questões tratadas em “Um Dia de Cão”. Um Lumet que vale ser sempre revisitado.



Um Dia de Cão (Dog Day Afternoon)
1975 – EUA - 125 min. – Colorido – DRAMA
Direção: SIDNY LUMET. Roteiro: FRANK PIERSON, baseado no artigo de revista de P.F. KLUGE e THOMAS MOORE. Fotografia: VICTOR J. KEMPLER. Montagem: DEDE ALLEN. Música: JOE HISAISHI. Produção: MARTIN BREGMAN e MARTIN ELFLAND, para a ARTISTS ENTERTAINMENT COMPLEX, INC , distribuído pela WARNER BROS.

Elenco: AL PACINO (Sonny), JOHN CAZALE (Sal), JAMES BRODERICK (Sheldon), CHARLES DURNING (Moretti), PENNY ALLEN (Sylvia), SULLY BOYAR (Mulvaney), BEULAH GARRICK (Margaret), CAROL KANE (Jenny), SANDRA KAZAN (Deborah), MARCIA JEAN KAZAN (Miriam) , AMY LEVITT (Maria) , JOHN MARRIOTT (Howard) e ESTELLE OMENS (Edna)


Prêmios:
Oscar de Melhor Roteiro Original (Frank Pierson)/1976.
BAFTA de Melhor Ator (Al Pacino) e Melhor Montagem (Dede Allen)/1976





Cenas do filme:



Assista também:




O Veredito

sexta-feira, 13 de março de 2009

GOLDEN KIDS DO CINEMA (# 1)

FREDDIE BARTHOLOMEW
(1924-1992)

Freddie foi um dos atores mirins mais famosos da história do Cinema. Abandonado pelos pais, foi criado pela tia, em Londres. Arrebatou Hollywoood com um esnobismo imaculado. O produtor David O´Selznick escalou-o como o protagonista em “David Coperfield” (35). Atingindo o estrelato, fez o papel de filho de Greta Garbo, em “Anna Karenina” (35). Mostrou-se perfeito em “Um Garoto de Qualidade” (36) e “O Diabo é um Poltrão” (37), co-estrelado com Mickey Rooney. Em “Captains Courageous” (37), demonstrou talento dramático ao contracenar com Spencer Tracy, em uma aventura de um pescador. Chegou a ser o ator mirim mais bem pago depois de Shirley Temple. Sua carreira perdeu força ao migrar para papéis mais adultos, após o fim da Segunda Guerra Mundial, durante a qual Freddie juntou-se à Força Aérea Americana. Depois fez comerciais para a TV e dedicou-se à carreira de publicitário.

segunda-feira, 9 de março de 2009

O PRÍNCIPE LADRÃO

“Tina quer todo o ouro que possa carregar sozinha!”


No Oriente Médio, mais especificamente em Tânger, o ladrão Yussef (Everett Sloane) recebe a incumbência do conselheiro do regente de matar o verdadeiro herdeiro do trono, Hussein. Com pena do príncipe, ainda bebê, desiste de cometer o crime e decide criá-lo como seu próprio filho. Entretanto, para não levantar suspeitas, forja sua morte, cortando o punho e deixando um rastro de sangue no berço do menino.
Após um período de 18 anos, agora rapaz, Julna, interpretado por Tony Curtis, segue os passos do pai adotivo e vive de furtos. Ao conhecer a bela princesa Yasmin, Julna apaixona-se por ela. No entanto, Yasmin , que é filha de Mustapha (Donald Randolph), o usurpador do trono, está prometida a outro califa, de quem ganha uma grande pérola como pedido de casamento. Para complicar mais a situação, a valiosa jóia é roubada e, caso não seja recuperada, colocará o reino em guerra.

Enquanto todos imaginam que o furto foi feito por Julna e seus seguidores, a pedra foi retirada da princesa por Tina, uma ladra - misto de contorcionista e saltimbanco. Interpretada por Piper Laurie, Tina é filha de um bandido de Marrakesch, e usa todo seu talento para roubar e assim conseguir recursos para libertar seu pai da prisão. De quebra, apaixona-se por Julna e o ajuda a reconquistar o reino.

Essa é uma história das Arábias, típica dos anos 50, realizada pela Universal, e que encontra um solo fértil para a dupla de atores centrais. Baseada na adaptação da obra “The Prince Who Was a Thief” de Theodore Dreiser, Tony Curtis faz um príncipe ladrão correto. Mas quem brilha é a espevitada Tina. Bonita e charmosa, a ladra parece de fato uma princesa ao reverso. Em 1952 , o filme “O Filho de Ali Babá” repetiu o par central, já que a química entre os dois protagonistas funcionou. Creio que se Tony Curtis houvesse seguido essa linha “das Arábias”, sua carreira teria sido melhor. Diversão garantida.



O Princípe Ladrão (The Prince Who Was a Thief)
1952 – EUA - 88 min. – Colorido – AVENTURA
Direção: RUDOLPH MATÉ. Roteiro: GERALD DRAYSON ADAMS E AENEAS MACKENZIE, baseado na história de THEODORE DREISER. Fotografia: IRVING GLASSBERG. Montagem: EDWARD CURTISS. Música: HANS SALTER. Produção: LEONARD GOLDSTEIN, distribuído pela UNIVERSAL-INTERNATIONAL.

Elenco: TONY CURTIS (Julna), PIPER LAURIE (Tina), EVERETT SLOANE (Yussef), JEFF COREY (Emir Mokar), BETTY GARDE (Mirza), MARVIN MILLER (Hakar), PEGGIE CASTLE (Princesa Yasmin), DONALD RANDOLPH (Príncipe Mustapha), NITA BIEBER (Cahuena), MILADA MLADOVA (Dançarina), HAYDEN RORKE (Basra), MADGE WARE (Sari) e CAROL VARGA (Beulah).



Assista também:



O Filho de Ali Babá