quinta-feira, 27 de novembro de 2008

MELODIA IMORTAL

“Eu não quero morrer”


Mal o idealista Eddie Duchin (Tyrone Power) chega a Nova Iorque, depara-se com uma péssima surpresa. Fã da banda de Leo Reisman (Central Park Casino), não consegue o emprego que esperava já ter obtido. Ele acaba sendo “salvo pelo gongo” e por uma garota, Marjorie Oelrichs (Kim Novak) que, com sua influência, ajuda-o a empregar-se como músico. Apaixonam-se e casam-se. Logo após dar à luz ao filho do casal, Marjorie morre e Eddie entra num estado de espírito pétreo que dura anos. Eddie segue sua carreira, seu filho cresce e, de volta ao lar após a Guerra, tem dificuldade de relacionamento com o garoto – agora com 12 anos. Quando o entendimento com seu filho começa a harmonizar-se e tudo parece entrar nos eixos – ele casa-se com a babá de seu filho, Chiquitita (Victoria Shaw) -, Eddie começa a sofrer de uma doença degenerativa nas mãos, que os médicos alegam ser incurável.

Em linhas gerais, esse é o enredo da verdadeira história de Eddie Duchin (embora ficcional), um músico que durante os anos 30 e 40 ficou famoso como um leader band. Samuel Taylor, o roteirista, parece ter exagerado nos elementos trágicos. O clima é triste, apesar de existirem momentos de bastante leveza, principalmente na parte inicial do filme, quando Eddie e Marjorie estão juntos. A trilha sonora ajuda a enfatizar esse clima, como na bela seqüência em que o casal passeia pelo Central Park ao som de "I´ll Take Romance" ao fundo.

O diretor George Sidney conduz bem esse melodrama, apesar de algumas cenas parecerem um tanto over, como aquela em que num excesso de entusiasmo ele, durante a Guerra, pega um piano e toca “Chosticks” com um garoto filipino. Porém, a maioria dos números é bacana e muitos dos temas encenados são famosos, como “Noturno”, de Chopin; "Body and Soul”; "Manhattan"; "You're My Everything”; "Let's Fall in Love”; "Sweet Sue"; "Whispering" e outros do repertório dessa época. Com Carmen Cavallaro ao piano, as músicas acabam sendo, na verdade, as vedetes do filme.

Tyrone Power está bem como Duchin, mostrando que ensaiou bem alguns números musicais. Kim Novak está deslumbrante e linda no papel de sua primeira esposa. Victoria Shaw é uma atraente segunda esposa, mas não chega a fazer sombra a Kim. Rex Thompson é muito mimado e enjoado no papel de Peter Duchin o filho de Eddie, mas James Whitmore destaca-se no papel Lou Sherwood.

Este é um melodrama típico dos anos 50. Sentimental, com momentos de alegria e de tristeza, apesar de alguns tropeços. Tem a mão segura de George Sidney que não deixa o tom desandar. Para apreciadores de uma boa música. Melhor momento do filme (e aqui vai um pouco de bairrismo): Eddie tocando "Aquarela do Brasil". Dá orgulho de ser brasileiro.




"Melodia Imortal" (The Eddie Duchin Story)
1956 – EUA - 123 min. – Colorido – DRAMA
Direção: GEORGE SIDNEY. Roteiro: SAMUEL A. TAYLOR, baseado na história de LEO KATCHER. Fotografia: HARRY STRADLING. Montagem: VIOLA LAWRENCE E JACK W. OGILVIE. Música: GEORGE DUNING. Produção: JERRY WALD, para COLUMBIA PICTURES.

Elenco:
TYRONE POWER (Eddy Duchin) KIM NOVAK ( Marjorie Oelrichs), VICTORIA SHAW (Chiquita), JAMES WHITMORE (Lou Sherwood), REX THOMPSON (Peter Duchin aos 12 anos), MICKEY MAGA (Peter Duchin aos 5 anos), SHEPPERD STRUDWICK (Sr. Wadsworth) , FRIEDA INESCORT (Sra. Wadsworth), GLORIA HOLDEN (Duchin), LARRY KEATING (Leo Reisman) e JOHN MYLONG (Sr. Duchin).



Cenas do Filme:


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Scaramouche

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

“É você?”


Ele, Richard Collier (Christopher Reeve), um dramaturgo, em 1980. Ela, Elise McKenna (Jane Seymour), uma jovem e promissora atriz, no ano de 1912. O que os une é o fato de ambos terem se encontrado, apaixonado e repentinamente sepadado. Quando uma velha senhora aproxima-se dele, ao final da estréia de uma de suas peças, Richard percebe que conhece aquela mulher. A partir daquele momento, Richar d não a esquece e começa a investigar seu passado e o que encontra é que ele havia feito parte desta história. Baseado no romance “Bid Time Return”, de Richard Matheson, o romance conta a história de um casal separado no tempo e que se reencontra no passado. No livro, Richard tem uma doença incurável e o enredo é contado pelo seu irmão, como se tudo não passasse de uma provável alucinação dele – ou não. Isso não fica esclarecido. No filme, o protagonista segue ao passado para recuperar o tempo perdido.

Filmado principalmente em Mackinac Island, nos Grandes Lagos (Michigan), no Grand Hotel - em um dos últimos hotéis norte-americanos a manter um estilo século XIX - o filme tem uma cenografia impecável. A trilha sonora tem composição de Rachmaninoff (Rhapsody on a Theme by Paganini) e de John Barry, cuja a música- tema , tocada à exaustão no filme, ainda hoje arranca suspiros de casais mais românticos.

No elenco, quem se destaca é Jane Seymour. Linda, sua delicadeza é perfeita para interpretar uma Elise sensível, madura (apesar de jovem) e apaixonada. Christopher Reeve parece pouco à vontade no papel. Apesar de esforçar-se, sua compleição física não fica adequada para compor o casal. Parece o Superman no século passado, meio desajeitado. Christopher Plummer, não compromete, como o empresário da atriz que faz de tudo para afastá-la de Richard.

O filme fez enorme sucesso na década de 80 e, apesar de ter perdido seu vigor, muito em função de ter sido televisionado diversas vezes, ainda tem sua legião de fãs.




"Em Algum Lugar do Passado" (Somewhare in Time)
1980 – EUA - 103 min. – Colorido – ROMANCE
Direção: JEANNOT SZWARC. Roteiro: RICHARD MATHESON, baseado no romance do mesmo autor “BID TIME RETURN”. Fotografia: ISIDORE MANKOFSKY. Montagem: JEFF GOURSON. Música: JOHN BARRY. Produção: STEPHEN DEUTSCH, para UNIVERSAL PICTURES.

Elenco:
CHRISTOPHER REEVE (Richard Collier) JANE SEYMOUR (Elise McKenna), CHRISTOPHER PLUMMER (Tenente William Fawcett Robins), THERESA WRIGHT (Laura Roberts), BILL ERWIN (Arthur Biehl), GEORGE VOSKOVEK (Dr. Gerald Finney), SUSAN FRENCH (Elise velha) , JOHN ALVIN (Pai de Arthur), EDDRA GALE (Genevieve), AUDREY BENNETT (Namorada de Richard) e WILLIAM H. MACY (Crítico).



Cenas do Filme:


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Santa Claus

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

ATÉ QUE ENFIM É SEXTA-FEIRA

“Dançar. O resto não vale porcaria nenhuma!”


Lançado nas telas na época das discotecas, “Até que Enfim É Sexta-Feira” trata de diversas histórias paralelas que se passam durante uma única noite dentro e nos arredores da boate chamada Zoo, onde vai ocorrer uma competição de dança. Os tipos que assistimos são os mais diversos: um casal que decide apimentar a relação aparentemente monótona; uma garota “certinha”, Jennifer (Debra Winger), à espera de sua cara-metade; o proprietário da disco, Tony (Jeff Goldblum), um mulherengo inveterado, em busca de uma nova conquista ; um dançarino latino, Marv Gomez (Chick Vennera), que quer ganhar o concurso; uma cantora desconhecida, Nicole (interpretada por Donna Summer, em sua estréia na telona), que pretende alcançar o estrelato, e outros.

O filme é dirigido por Robert Klane e escrito por Barry Armyan Bernstein, em estilo nervoso e narrativo, que evita deixar a peteca cair mesmo nos momentos mais parados. Entre os artistas que mais se destacam está Chick Vennera, o mexicano que faz o melhor número do filme, dançando em cima de vários carros enfileirados no estacionamento da discoteca; Ray Vitte (de “Car Wash”, 1976), como Bobby Speed, o DJ da Zoo, que fica desesperado para manter o ritmo do local e ao mesmo tempo lidar com o atraso de uma atração programada e Valerie Landsburg (Frannie) e Terri Nunn (Jeannie), como duas adolescentes que fazem de tudo para entrar na discoteca e participarem do concurso. Jeff Goldblum, que o tempo mostrou ser o canastrão que conhecemos, não compromete (acredite se quiser).

Entre as atrações, o “The Commodores” fazendo eles mesmos tocando um hit da época, surge no final, mas o ponto alto do filme mesmo é Donna Summer embalando a galera ao som de “Last Dance”, canção que levou o Oscar de Melhor Canção daquele ano (composta pelo músico Paul Jabara, que interpreta o nerd Carl no filme).

“Até Que Enfim é Sexta-Feira” desenrola-se como nas faixas de um disco (na época LP; hoje, CD), sendo que o resultado é divertido. Quem passou inúmeras matinês e noites de finais de semana nas filas da Aquarius, Banana Power, Papagaio´s, Hippopotamus e outras discos nos 70-80, com certeza vai ter boas recordações.



Até Que Enfim É Sexta-Feira (Thank God It´s Friday)
1978 – EUA - 89 min. – Colorido – COMÉDIA/MUSICAL
Direção: ROBERT KLANE. Roteiro: BARRY ARMYAN BERNSTEIN. Fotografia: JAMES CRABE. Montagem: RICHARD HALSEY. Música: DIVERSOS. Produção: ROBERT COHEN, para a MOTOWN-CASABLANCA, distribuído pela COLUMBIA PICTURES.

Elenco: VALERIE LANDSBURG (Frannie) TERRI NUNN (Jeannie), CHICK VENNERA (Marv Gomez), DONNA SUMMER (Nicole Sims), RAY VITTE (Bobby Speed), MARK LONOW (Dave), ANDREA HOWARD (Sue), JEFF GOLDBLUM (Tony), ROBIN MENKER (Maddy), DEBRA WINGER (Jennifer), JOHN FRIEDRICH (Ken), PAUL JABARA (Carl), MARYA SMALL (Jackie), CHUCK SACCI (Gus), HILARY BEANE (Shirley), DeWAYNE JESSIE (Floyd) e THE COMMODORES (eles mesmos).

Prêmios:
Oscar de Melhor Canção Original (Paul Jabara)/1979.



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Os Embalos de Sábado à Noite

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O GIGANTE DE FERRO

“As almas não morrem.”


Inspirado numa fábula do poeta inglês Ted Hughes, escrita em 1968, o filme retrata através da visão dos anos 90 um pouco do período da guerra fria, quando o mundo ficou polarizado entre duas potências – ex- URSS e EUA. Por outro lado, coloca em discussão todas aquelas ficções cientificas da década de 50, na qual algumas cidades do interior dos EUA era invadidas por seres extraterrenos e a Terra vivia uma constante ameaça de destruição e isso, por si só, justificava que um batalhão de soldados, agentes de Governo e a inteligência política norte-americana atuassem para salvaguardar a democracia e a humanidade. O que na verdade fica muito aparente em “O Gigante de Ferro” é como ele ridiculariza a utilização bélica – particularmente bomba nuclear – e seus mandatários que, num misto de ambição pessoal, maldade e até paranóia, poderiam submeter o povo a uma extinção em massa.

Isso é mostrado através da amizade entre um brilhante garoto e um robô metálico gigante, que cai no mar numa noite de tempestade, na cidade de Rockwell em 1957. Hogarth Hughes (Elie Marienthal), filho de uma garçonete batalhadora, Annie (Jennifer Aniston), salva o robô quando o mesmo fica preso numa fiação de rede de alta tensão, ao comer uma torre elétrica – ele é de ferro, portanto, alimenta-se dessa substância.

Ao passo que na escola Hogarth aprende com seus colegas como se deve proteger de um possível ataque nuclear, ele ensina seu amigo metálico fora da escola que seu modelo de herói é o Superman e que matar é um mal. Também, dentro do limite que sua pequena idade permite, ensina o robô a discernir entre diversos objetos e a falar nomes.

Além disso, conversam sobre os valores humanos e de vida. Hogarth acaba percebendo a natureza pacífica do novo amigo quando um pequeno revolver de brinquedo apontado para ele, é capaz de transformá-lo numa poderosa arma de destruição, mas sempre com objetivos de defesa. É uma bela alusão ao fato de que os seres humanos nunca deveriam atacar alguém, exceto em caso de autodefesa.

A cidade começa a perceber fatos estranhos ocorrendo, na maioria deles, carros (ou parte deles) e peças metálicas de grande dimensão que vão desaparecendo, à medida que servem de alimentação ao personagem principal. Não demora muito para que um agente do Governo seja acionado para investigar a situação.

Pistas levam o agente à casa de Hogarth e a investigação faz com que ele peça ajuda a um artista beatnik, Dean (Harry Connick Jr), que toma conta de um ferro velho, para que o local sirva de esconderijo ao robô.
Enquanto isso, o cruel agente, Kent Mansley (Christopher McDonald), vai fechando o cerco para achar o robô, encabeçando uma patrulha do Exército, tanques e aviões, que invadem a cidade em busca do gigante; até mesmo um submarino nuclear é acionado na tentativa de destruir o pacifico, mas alienígena gigante metálico.

Lançado pela Warner e dirigido por Brad Bird, o grande artista da atual Pixar, “O Gigante de Ferro” , antes de ser ótimo filme de animação, é uma bela e forte parábola antibélica. O período o qual remonta talvez não encontre eco em todas as idades; mas isso é o de menos. A garotada vai gostar e até poder se identificar com a história de um robô que aprende lições com um menino. Quem não conversava com um amigo inanimado quando criança?.

Muitos adultos também vão gostar de ver como esse filme mágico pode mostrar a seus filhos os perigos do uso de armas e as vantagens e méritos da tolerância e de um mundo pacífico.



"O Gigante de Ferro" (The Iron Gian)
1990 – EUA - 86 min. – Colorido – DESENHO ANIMADO
Direção: BRAD BIRD. Roteiro: TIM McCANLIES, baseado na história de BRAD BIRD e na obra “The Ion Man”, de TED HUGHES. Supervisão de Animação: TONY FUCILE. Fotografia: STEVEN WILZBACH. Montagem: DARREN T. HOLMES. Música: MICHAEL KAMEN. Produção: ALLISON ABBATE E DES McANUFF, distribuído pela WARNER BROS.

Elenco:
JENNIFER ANISTON (voz de Annie Hughes) HARRY CONNICK JR. (voz de Dean McCoppin), VIN DIESEL (voz do Gigante de Ferro), JAMES GAMMON (voz de Foreman Marv Loach/ Floyd Turbeaux), CLORIS LEACHMAN (voz da Sra. Tensedge), CHRISTOPHER McDONALD (voz de Kent Mansley), JOHN MAHONEY (voz do General Rogard), ELI MARIENTHAL (voz de Hogarth Hughes) e M. EMMET WALSH (voz de Earl Stutz).



Cenas do Filme:


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Ratatouille

domingo, 16 de novembro de 2008

ADEUS DULCE

Primeira mulher brasileira a tornar-se correspondente em Hollywood na década de 50, morreu no último domingo, dia 9, a jornalista Dulce Damasceno de Brito aos 82 anos, debilitada pelo mal de Parkinson contra o qual lutava há 20 anos. Sua importância para o jornalismo foi inegável, uma vez que atuava um seleto grupo de profissionais durante um período em que Hollywood ainda se encontrava no auge de suas produções. Ela ficou conhecida por sua amizade com Carmem Miranda e por entrevistar diversas celebridades da época, tais como Marlon Brando, Kim Novak, Gregory Peck, entre vários outros que chegavam ao público através das revistas Cinelândia e Cruzeiro. Em suas reportagens, alimentou um pouco da admiração que os brasileiros tinham com o star system de Hollywood.

Segundo dizem, era raro alguém que se negasse a conceder uma entrevista com Dulce.De fato, além do seu talento, com certeza havia o “jeitinho brasileiro”, pois as dificuldades em se furar o bloqueio aos artistas daquela época eram grandes - os tempos eram outros e as estrelas eram muito mais fechadas e tudo era feito para blindá-los. De forma respeitosa, foi conquistando a amizade de muitos atores e atrizes norte-americanos, auto intitulava-se mais uma fã do que crítica. Tanto é que morou por mais uma década em Holywood. Atualmente, ela assinava uma coluna na Revista Set. Ela ditava e seu amigo o diretor de cinema e escritor Alfredo Sternheim escrevia. Ainda é autora dos livros Hollywood: Nua e Crua (Volumes 1 e 2) , O ABC de Carmem Miranda e Lembranças de Hollywood.


Leia mais: La Dolce Vita

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O PODEROSO CHEFÃO

“Farei uma oferta que você não poderá recusar.”


As frases ruins não se pronunciam nunca. Neste filme nada é falado de Máfia ou da Casa Nostra, muito embora seja uma história épica contada no cerne do crime organizado. Tudo se define a partir de outro termo – A Família. Segundo o próprio Mario Puzo, autor da obra, o enredo não tratava de um romance sobre o crime, mas sim de uma família (um claro eufemismo). Logo no início, Coppola não havia se entusiasmado com o projeto, achando tratar-se de um thriller. Entretanto, reconsiderou sua decisão após ter descoberto justamente este aspecto familiar que o fascinou. Não é à toa que o filme comece e termine com uma celebração tipicamente familiar – uma boda e um batizado. O matrimônio entre Connie Corleone (Talia Shire) e Carlo Rizzi (Gianni Russo) é festejado por todos. No jardim dos Corleone toca uma orquestra e a multidão de convidados amontoa-se no baile. Come-se, brinca-se, a garotada corre e, vez ou outra, alguém levanta o copo para brindar a felicidade da noiva. Enquanto isso, do lado externo da casa, agentes do FBI anotam as placas dos carros.

O pai da noiva, Vito Corleone (Marlon Brando), é um dos cinco “Don” da comunidade italiana de Nova Iorque e, por esta razão, a lista de convidados é ilustre. Segundo a tradição, não se pode rechaçar nenhum pedido no dia da festa de sua filha. Rodeado de filhos e homens de confiança, ele está acomodado, com as persianas baixadas - sua pose aristocrática, iluminada por uma luz âmbar, é a imagem de dignidade e do poder. Com atitude paternalista, concede audiência aos que recorrem a ele em busca de favores: escuta os pedidos e aceita o respeito que lhe dedicam. Estas cenas transmitem calor, como todas as demais em que surge Marlon Brando na pele de Vito Corleone.

Michael, o mais jovem dos Corleone, sempre buscou vôo próprio e sua independência o levou a alistar-se na Marinha para lutar na Segunda Grande Guerra Mundial, de onde retornou como capitão e herói. Tendo durante muito tempo rejeitado os negócios da família, aparece para o casamento de Connie com sua namorada não italiana, Kay (Diane Keaton). Poucos meses mais tarde, no Natal, Don Vito sobrevive a um atentado por haver negado a uma família rival no tráfico de drogas ajuda, por conta de sua influência e conexões com a classe política.

Após salvar seu pai de um segundo atentado, Michael induz seu irmão mais velho, o "cabeça quente" Sonny (James Caan), bem como os conselheiros da família Tom Hagen (Robert Duvall) e Sal Tessio (Abe Vigoda) que ele (Michael) deveria ser o vingador dos responsáveis pelo atentado ao pai. Dada sua condição de não implicado, considera-se livre de suspeita e é convocado para uma mesa de negociações, oportunidade na qual ele aproveita para matar o traficante Virgil Sollozzo (Al Lettieri) e também o capitão McCluskey (Sterling Hayden), um policial corrupto. Por detrás desses fatos, foge para a Sicília sem comunicar-se com sua prometida, Kay (Diane Keaton). Nesta fase, o matiz do filme fica menos intenso - Michael, que aspirava levar uma vida respeitável e por isso havia se distanciado de seus parentes, converte-se num verdadeiro sanguinário. Assim, as imagens já se tornam mais frias, azuladas.

Na terra de seus antepassados, Michael experimenta um processo de endurecimento. Apaixona-se e, fiel à tradição, pede a mão de sua garota ao pai dela. Apesar de tudo, os braços longos de seus inimigos chegam até a Itália e sua jovem esposa, Appollonia, morre em um atentado com carro-bomba, dirigido inicialmente a ele. Em Nova Iorque, a guerra do submundo faz de vítima seu irmão Sonny. Vito Corleone, ainda convalescendo, embora relutante, renuncia à vingança para colocar um ponto final à chacina. Michael retorna aos EUA e casa-se com com Kay. O mais jovem dos Corleone, com sua frieza de caráter, sabe que as antigas feridas seguem abertas e planeja um golpe final. Enquanto está na igreja para o batismo de seu sobrinho recém-nascido, os inimigos da “Família” são eliminados, incluindo Carlo, o marido de Connie, culpado pela emboscada para Sonny.

Connie revolta-se com isso. Kay entra no mérito do ocorrido e Michael nega sua responsabilidade no assunto. Kay percebe como os homens reunidos no escritório de seu marido a excluem - antes que a porta se feche, chega a ver Michael aceitar os cumprimentos e o respeito de seus homens de confiança e subordinados, que o saúdam como novo “Don”. Ele, desta forma, consolida o poder de sua família e inicia seu processo de decadência moral.

Além da brilhante encenação do poder e suas formas de manifestação através de Vito Corleone e de seu filho que o sucede, ficamos marcados pelas cenas de violência: a cabeça decepada de um cavalo na cama do produtor cinematográfico Jack Woltz; as balas que matam Sonny; o disparo nos óculos de Moe Greene, o sócio do cassino; finalmente, a devastação bíblica do fulminante final. Essas seqüências são breves em comparação à duração das demais cenas em família.

Os negócios dos Corleone, incluídos os assassinatos e as coações, sempre ocorrem longe desse círculo. A rigor, esses acontecimentos estão relacionados a viagens e deslocamentos de automóveis que os distanciam do núcleo familiar. Fugir disto, implica em risco - a tentativa de assassinato de Vito Corleone materializa-se quando o Don, espontaneamente, decide esquivar-se de comprar drogas, e o impulsivo Sonny morre porque abandona a fortaleza da família.

Por outro lado, Michael um homem moderno no início do filme, não teme em libertar-se dos vínculos familiares. Porém, ainda que tenha prazer em ser independente, acaba sendo vítima da tradição de família, uma marionete atada a seu destino. Este simbolismo mostrado de forma tão perfeita na obra é retratada igualmente no filme.

O elenco está todo espetacular. Muito já foi dito de Marlon Brando, mas de fato ele mostra o porquê é um dos maiores astros que as telas já mostrou. Coppola, como poucos diretores ainda vivos do cinema, conduz um elenco afinadíssimo e, junto a um roteiro muito bem adaptado, faz deste filme um clássico absoluto. Visto e revisto, de tempos em tempos, parece cada vez melhor. A fotografia de Gordon Willis é primorosa e a música de Nino Rota (embora já tocada “ad nauseum”) marcou época e tem uma legião de fãs. Grandiloqüente e magistral.



O Poderoso Chefão (The Godfather)
1972 – EUA - 175 min. – Colorido – DRAMA
Direção: FRANCIS FORD COPPOLA. Roteiro: FRANCIS FORD COPPOLA E MARIO PUZO, baseado na obra “THE GODFATHER”. Fotografia: GORDON WILLIS. Montagem: MARC LAUB, BARBARA MARKS, WILLIAM REYNOLDS, MURRAY SOLOMON E PETER ZINNER. Música: NINO ROTA. Produção: ALBERT S. RUDY, para a PARAMOUNT PICTURES.

Elenco: MARLON BRANDO (Don Vito Corleone) AL PACINO (Michael Corleone), DIANE KEATON (Kay Adams), ROBERT DUVALL (Tom Hagen), JAMES CAAN (Santino Sonny Corleone), JOHN CAZALE (Frederico Fredo Corleone), RICHARD S. CASTELLANO (Peter Clemenza), STERLING HAYDEN (Capitão McCluskey), TALIA SHIRE (Constanzia Connie Corleone-Rizzi), JOHN MARLEY (Jack Woltz), RICHARD CONTE (Don Emilio Barzini), AL LETTIERI (Virgil Sollozzo), AL MARTINO (Johnny Fontane), GIANNI RUSSO (Carlo Rizzi) e SIMONETTA STEFANELLI (Appollonia Vitelli-Corleone).

Prêmios:
Oscar de Melhor Filme (Albert S. Rudy), Melhor Ator (Marlon Brando) e Melhor Roteiro Adaptado (Francis Ford Coppola e Mario Puzo)/1973.



Cenas do filme:


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O Poderoso Chefão – Parte 2

O PODEROSO CHEFÃO - PARTE 2

“Mantenha-se perto dos amigos e mais ainda dos inimigos.”


As frases ruins não se pronunciam nunca. Neste filme nada é falado de Máfia. Com esta continuação, que narra a ascensão e decadência da “família” nova iorquina do anterior “O Poderoso Chefão”, Coppola conseguiu muito mais do que a continuação de um roteiro; criou uma obra independente que, segundo muitos, é superior à anterior. Para outros, nem tanto. A bem da verdade é um segundo filme realizado com grandes trechos da obra de Mario Puzo que não tinham espaço no primeiro filme. Em “O Poderoso Chefão 2” são justapostas duas linhas narrativas. A primeira, situa-se na Sicília, no começo do século XX. O jovem Vito Andolini (Oreste Baldini), nascido na aldeia de Corleone, é o único que sobrevive ao extermínio de sua familia pela Máfia. O barco que o leva à América juntamente com amigos do clã familiar representa sua única possibilidade de sobrevivência. Ao chegar a Ellis Island, em Nova Iorque, Vito, que é registrado por um oficial de imigração com o sobrenome de Corleone, contempla a estátua da Liberdade, que significa o sonho americano de muitos imigrantes. Muitos anos depois após ter constituído sua família, um Vito adulto (interpretado por Robert De Niro) pretende estabelecer-se em Little Italy – o bairro nova iorquino ocupado por imigrantes italianos. Mas também ali domina a Máfia, fazendo com que comece a ascensão de Vito à condição de Chefão.

A segunda linha narrativa começa em 1958, poucos anos depois do final do primeiro filme. Michael (Al Pacino), filho de Vito Corleone, que desde a morte do pai está à frente dos negócios, vive em Lake Tahoe, Nevada, de onde pretende legalizar suas atividades em Las Vegas e estendê-las a Miami e Cuba, com a colaboração do gângster Hyman Roth (Lee Strasberg). Michael mantém-se fiel aos princípios comerciais de seu pai – ficar perto dos amigos e mais ainda dos inimigos.

Uma grande festa, organizada por Michael em sua propriedade, por ocasião da comunhão de seu filho, reúne sua família e seus sócios. Enquanto os convidados divertem-se do lado de fora, Michael encontra-se em seu escritório recebendo membros da “família”.. Adverte pela primeira vez que seus inimigos estão mais próximos do que imagina. Michael, que havia subornado políticos e preside uma empresa familiar “mais poderosa que a U.S. Steel” (como dirá depois), comprovará que seu objetivo de manter a família unida acaba naufragando.

Ao final do filme – havia tempo que sua esposa Kay (Diane Keaton) o tinha deixado - vemos um Michael Corleone sentado em seu jardim, sózinho, tendo com única companhia suas lembranças e sua raiva. Justamente enquanto sua mãe está presente, ele ordena a execução de seu irmão Fredo (John Cazale), que, como outros, o havia traído.

Em “O Poderoso Chefão – Parte 2” contrapõem-se as personalidades do pai e do filho, permitindo divagar sobre os conceitos de moral, confiança e lealdade, engano e vingança. Vito era um siciliano íntegro, cujas circunstâncias o levaram ao crime. Foi poderoso porque supôs ganhar o respeito e a confiança de seus amigos. Seu filho, por outro lado, foi criado na Máfia e, como tal, teve que aprender a conviver com as responsabilidades herdadas e com o poder vinculado às mesmas. Não confia em nada e tem inimigos dentro de sua própria família. Por mais diferente que sejam os dois personagens, suas histórias se parecem e coincidem na necessidade de ambos em descobrir o significado de ser um gângster.

Al Pacino mostra-nos que Michael Corleone é outro homem – duro, prepotente e obstinado a impor seus objetivos a qualquer custo. Entretanto, sua atuação não traz nenhuma grande novidade em relação ao primeiro filme. Robert De Niro, por sua vez, retrata de forma interessante o jovem Vito Corleone. Porém, sua participação ao final peca em parecer uma imitação caricatural da inesquecível composição de Marlon Brando.

A narração, sinuosa e com múltiplas tramas secundárias, dá muita oportunidade aos personagens e aos atores coadjuvantes: John Cazale, como o irmão humilhado de Michael, em seu papel de Caim; Talia Shire (Connie), irmã de Michael e ovelha negra da família e Robert Duvall (Tom Hagen), o leal advogado da família. Todos estão bem, porém menos à vontade do que poderiam.

Há notáveis exceções. Lee Strasberg, o mítico idealizador do Actors Studio, está extraordinário como Hyman Roth, um poderoso criminoso judeu (baseado em Meyer Lansky), de quem Michael tenta assumir a Máfia cubana durante o regime Batista. O personagem é interpretado como uma mistura de luxúria, rudeza e desprezo. O dramaturgo Michael V. Gazzo (de "A Hatful of Rain"), também está soberbo como um Capitão Corleone que cruza na “Família”. Vale lembrar de G. D. Spradlin, um ator não profissional e ex-político, que está bastante correto como um inescrupuloso e petulante senador de Nevada.

A direção de arte é estupenda, com rigor histórico e muito precisa. A fotografia de Gordon Willis, nas trocas de matizes - do sépia (nos flashbacks) ao tom mais escuro – capta bem as trocas dos ambientes familiares, embora pareça menos criativa do que no primeiro filme. As cenas externas estão muito claras, enquanto as internas parecem demasiadamente escuras (pergunto-me o porquê desses mafiosos não poderem comprar lâmpadas melhores). A música de Nino Rota toca a todo momento como numa caixa musical de bar.

Com o êxito de “O Poderoso Chefão”, Coppola conseguiu o controle total desta continuação, resultando num clássico moderno. Realizou um filme mais sereno, emocional e sombrio comparativamente ao primeiro e, a própria estrutura narrativa fragmentada permitiu a ele retrabalhar muitas cenas que foram muito melhor realizadas da primeira vez: reuniões familiares, tiroteios, e até diálogos (aliás, muitos deles parecem tirados de cartoons). Com tudo isso e, apesar de tudo isso, é um filme de um grande autor. É um Coppola genuíno.



O Poderoso Chefão – Parte 2 (The Godfather – Part II)
1974 – EUA - 200 min. – Colorido – DRAMA
Direção: FRANCIS FORD COPPOLA. Roteiro: FRANCIS FORD COPPOLA E MARIO PUZO, baseado na obra “THE GODFATHER”. Fotografia: GORDON WILLIS. Montagem: BARRY MALKIN, RICHARD MARKS E PETER ZINNER. Música: NINO ROTA E CARMINE COPPOLA. Produção: FRANCIS FORD COPPOLA, para a THE COPPOLA COMPANY e PARAMOUNT PICTURES.

Elenco: AL PACINO (Michael Corleone), ROBERT DUVALL ( Tom Hagen), DIANE KEATON (Kay Adams), ROBERT DE NIRO (Vito Corleone), JOHN CAZALE (Frederico Fredo Corleone), TALIA SHIRE (Constanzia Connie Corleone-Johnson), LEE STRASBERG (Frederico Fredo Corleone), MICHAEL V. GAZZO (Hyman Roth), G.D. SPRADLIN (Frankie Pentangeli), RICHARD BRIGHT (Al Neri), ORESTE BALDINI (Jovem Vito Corleone) e GASTONE MOSHIN (Don Fanucci).

Prêmios:
Oscar de Melhor Filme (Francis Fod Coppola, Gray Fredrikson e Fred Ross), Melhor Diretor (Francis Ford Coppola), Melhor Ator Coadjuvante (Robert De Niro), Melhor Roteiro Adaptado (Francis Ford Coppola e Mario Puzo), Melhor Trilha Sonora (Nino Rota e Carmine Coppola) e Melhor Direção de Arte (Dean Tavoularis, Angelo P. Graham e George Nelson)/1975.



Cenas do filme:



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O Poderoso Chefão – Parte 3

O PODEROSO CHEFÃO - PARTE 3

“Toda família tem más recordações.”


“O Poderoso Chefão – Parte 3” surgiu quase vinte anos após “O Poderoso Chefão – Parte II” sem que houvesse perda de continuidade. Um dos maiores méritos deste filme foi nos dar a impressão que os Corleone e seus parceiros de crime foram mantidos intactos durante todas as décadas que se passaram entre as filmagens, quando, na verdade muitos resistiram em aparecer na tela. A dama de honra (Jeannie Linero) que teve um breve caso com Sonny Corleone no primeiro filme, por exemplo, agora tem uma breve e discreta aparição como a mãe do esquentado Vincent Mancini (Andy Garcia), o futuro Chefão. Trazendo de volta um Michael maduro, como um monarca preocupado com seus filhos e o destino de seu império, relembra as muitas perdas de Michael no passado (nesta tragédia que tem como centro a família, também podemos fazer paralelismos com a própria de Coppola e seus fracassos comerciais após a seqüência de numero dois). Cercado pó sentimento de culpa, Michael é um personagem muito mais compenetrado do que antes e a atuação de Al Pacino contribui para isso. O Michael mais velho não perdeu sua rudeza, mas sua autoconfiança por vezes percebe-se que foi abalada, assim como sua postura de ferro. Mais sentimental do que antes, ele agora é capaz até mesmo de um piscar de olhos paternal.

O objeto de sua afeição é sua filha, Mary (Sofia Coppola), a responsável pela fundação beneficente da família Corleone. O movimento da família em direção à respeitabilidade agora significa pelo menos um generoso Pavilhão Corleone num hospital de Nova Iorque, uma residência na 5ª. Avenida para Michael e uma doação de US$ 100 milhões dos Corleone aos pobres da Sicília, ofertada por Mary durante a extravagante seqüência de abertura da festa que celebra Michael recebendo uma importante honraria Papal.”Não gaste tudo em um lugar”, diz Mary ao calculista arcebispo (Donal Donnelly), que recebe o cheque.

Sofia Coppola interpreta sua personagem de modo irregular, não homogêneo, o que a compromete muito o impacto de sua Mary como a peça chave desta historia. Embora o papel dela seja pequeno, ele deveria afetar muito dos personagens de forma importante e a presença incerta da atriz faz muito pouco, em comparação a vigorosa participação dos demais astros. Al Pacino, Andy Garcia e Diane Keaton como Kay, a mãe de Mary, felizmente são capazes de compensar essa falta. Entretanto esse exagero de Coppola quase causa um desastre.

O foco principal desta última seqüência da saga é o Vaticano, que se tornou o centro de maior esperança de Michael, mais para lavagem de dinheiro do que por fé espiritual. O roteiro escrito por Coppola e Mario Puzo, amarra um esquema através do qual Michael espera adquirir uma maior parcela da International Immobiliare, um consórcio da igreja católica sob controle do banco do Vaticano. Isso completa a retirada dos Corleone de seus negócios escusos, que foram transferidos a Joey Zasa (Joe Mantegna), outro mafioso.

O estilo mais polido de Michael atrai associados, como seu advogado (George Hamilton, bem escalado na versão do trapaceiro Tom Hagen interpretado anteriormente por Robert Duvall) e seu relações públicas (Don Novello). Quando este distribui kits de imprensa celebrando a medalha papal entregue a Michael, é interpelado por uma repórter sobre o passado de crimes, ao que ele responde: “Você acha que sabe mais do que o Papa?”.

Tomando carona de leve nas teorias de conspiração que cercam a morte do Papa João Paulo I, o filme sistematicamente coloca Michael entre essa nova ambição e o seu legado passado. “Logo agora que pensei estar fora, eles me colocam de volta!”, ele brada em uma cena que se tornou tão avassaladora que Coppola ousa em inseri-la em um palco iluminado, - mesmo que não fique totalmente adequado. Por conta dessas situações "O Poderoso Chefão – Parte 3" possui pontos mais histriônicos que os anteriores, permitindo a Michael um monólogo que sela seu destino.
A seqüência mais dramática acontece num grand finale, que se passa num teatro em que se encena uma ópera, intercalando-se os atos da peça com ações de vingança. A deliberada invocação dos filmes anteriores por Coppola, tanto aqui como em diversas situações do filme, agrega gravidade sem sucumbir aos perigos da repetição. Oeste filme ainda é grande.

Entre as seqüências também memoráveis estão o espalhafatoso tiroteio em Atlantic City, uma cena em que Michael inesperadamente fica comovido ao confessar-se a um cardeal (Raf Vallone), a reaproximação entre Michael e Kay, uma batida de gangue num desfile em Nova Iorque e uma série de reuniões, sessões clandestinas para planejar alguma atividade e festas familiares que dão não somente a este filme, mas também compõe a trilogia um brilho particular. Novamente a direção de fotografia majestosamente escura de Gordon Willis enfeitiça o filme. Também a direção de arte de Dean Tavoularis é persuasiva e poderosa. Milena Canonero e seu guarda-roupa vestem com sutileza e elegância todo o filme.

O enorme elenco também inclui Eli Wallach como um esperto e asqueroso velho Don; Talia Shire como uma recém fortalecida Connie Corleone, Enzo Robutti e Vittorio Duse como duas figuras marcantes nas cenas que se passam na Sicília e Bridget Fonda foto jornalista que logo arrouba a atenção de Vincent, interpretado por Andy Garcia. Ela não está sozinha. A atuação de Andy Garcia é enérgica - um espirituoso revival do Sonny (interpretado anteriormente por James Caan) - e também mais centrada do que aquele.

Alguns pontos que merecem atenção: a profundidade dramática que é o foco dos filmes anteriores – a maneira na qual mesmo personagens menos importantes tomavam vulto ao longo da história – não é percebido aqui. E certas associações, como a freqüente ligação visual entre estátua religiosa e um tiroteio iminente, tornaram-se mais reflexivos e menos leves. O final do filme é abrupto e chocante. Talvez tenha faltado algo a ser dito.

O roteiro é em alguns momentos brilhantemente amplo, como quando o filho de Michael, Anthony (Franc D'Ambrosio), chega a Sicília e pergunta "Porque esse país tão bonito é....tão violento?” Em outros momentos, no entanto, o diálogo chega a ser engraçado. No início da história, Anthony recusa-se a ir trabalhar para seu pai por causa das lembranças ruins. “Toda família tem más recordações”, Michael grita em protesto. Será? Mas não desta forma.

Mesmo não estando à altura dos anteriores, "O Poderoso Chefão – Parte 3" é necessário e irresistivelmente belo.



O Poderoso Chefão Parte 3 (The Godfather Part III)
1990 – EUA - 162 min. – Colorido – DRAMA
Direção: FRANCIS FORD COPPOLA. Roteiro: FRANCIS FORD COPPOLA E MARIO PUZO, baseado em sua obra “THE GODFATHER”. Fotografia: GORDON WILLIS. Montagem: BARRY MALKIN, LISA FRUCHTMAN E WALTER MURCH. Música: CARMINE COPPOLA. Produção: FRANCIS FORD COPPOLA, distribuído pela PARAMOUNT PICTURES.

Elenco: AL PACINO (Michael Corleone) DIANE KEATON ( Kay Adams Michelson), TALIA SHIRE (Connie Corleone Rizzi), ANDY GARCIA (Vincent Mancini), ELI WALLACH (Don Altobello), JOE MANTEGNA (Joey Zasa), GEORGE HAMILTON (B. J. Harrison), BRIDGET FONDA (Grace Hamilton), SOFIA COPPOLA (Mary Corleone), RAF VALLONE (Cardeal Lamberto), FRANC D´AMBROSIO (Anthony Corleone), DONAL DONNELLY (Arcebispo Gilday), DON NOVELLO (Dominic Abbandando), VITTORIO DUSE (Don Tommasino), ENZO ROBUTTI (Licio Lucchesi)e JEANNIE LINERO (Lucy Mancini).



Cenas do filme:


Assista também:




O Poderoso Chefão

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

AMIGOS, AMIGOS, MULHERES À PARTE

“Eu te chutaria no traseiro, mas meus pés sumiriam.”


Tank (Dane Cook) é um “terrorista emocional”, um profissional que ganha a vida como contratado de rapazes cujos namoros estão em perigo. A idéia é, através de um encontro casual, proporcionar às namoradas o pior dia de suas vidas. Assim, desiludidas com o encontro, elas voltam apaixonadas e arrependidas para os namorados, sob a ilusão de que os parceiros são exemplares. Embora sacana, na verdade é um bom moço (se isso pode parecer coerente). Dustin (Jason Biggs), seu melhor amigo, que acaba de levar um fora da namorada, contrata seus serviços. Ela é Alexis (Kate Hudson), uma advogada nada disposta a ter nenhum envolvimento emocional e, portanto, acaba não caindo nos truques do cara.

Querendo ser inconveniente sob todos os aspectos, Tank chega ao cúmulo de levá-la a uma boate de strip tease onde ela, para a surpresa dele, acaba se divertindo. Entretanto, uma coisa não estava nos planos do rapaz – ele acaba apaixonando-se por ela. O que acontece a partir daí é uma sucessão de situações engraçadas, nas quais Tank tem que contornar a situação para que seu melhor amigo Dustin não saiba de seu envolvimento com Alexis.

As cenas mais hilárias ficam por conta de Jason Biggs, quando vai a um cabeleireiro e, inadvertidamente, tem suas sobrancelhas completamente raspadas e principalmente de Alec Baldwin (apesar do peso acima do normal e claramente com as marcas de seu alcoolismo), um professor e pai de Tank – mulherengo inveterado que se finge de partidário do liberalismo feminino somente para transar com mulheres mais jovens.

Kate Hudson, musa das mais recentes comédias românticas convence e está bem no filme. Dane Cook como o protagonista esforça-se e também não compromete. O roteiro é engraçado, mas cai sempre na velha fórmula: triangulo amoroso-brigas-abdicação do amor pela amizade-final feliz, que estamos acostumados a assistir dezenas de vezes na telona (e telinha).

O diretor Howard Deutch sabe trabalhar essa receita, tendo sido responsável por filmes como “A Garota Rosa Shocking” (1986) e “Alguém Muito Especial” (1987), ambos escritos e produzidos pelo especialista do gênero John Hughes. Para assistir sem grande expectativa e compromisso.




"Amigos, Amigos, Garotas à Parte" (My Best Friend´s Girl)
2008 – EUA - 101 min. – Colorido – COMÉDIA
Direção: HOWARD DEUTCH. Roteiro: JORDAN CAHAN. Fotografia: JACK N. GREEN. Montagem: SETH FLAUM. Música: JOHN DEBNEY. Produção: ADAM HERZ, GREGORY LESSANS, JOSH SHADER, GUYMON CASADY, DOUG JOHNSON, BARRY KATZ e BRIAN VOLK-WEISS, distribuído pela LIONSGATE

Elenco:
DANE COOK (Tank) KATE HUDSON (Alexis), JASON BIGGS (Dustin), ALEC BALDWIN (Professor Turner), DIORA BAIRD (Rachel), LIZZY CAPLAN (Ami), RIKI LINDHOME (Hilary), MINI ANDEN (Lizzy), HILARY PINGLE (Claire), NATE TORRENCE (Craig) e MALCOLM BARRETT (Dwalu).


Cenas do Filme:


Do mesmo diretor:



Alguém Muito Especial

terça-feira, 4 de novembro de 2008

ACOSSADO

“Não use os freios. Carros são feitos para andar, não parar”


Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) é um fora-da-lei francês, que sobrevive com o roubo de carros e enrolando suas namoradas, que usufruem de seus favores sexuais, em troca de dinheiro. Apaixona-se por Patricia (Jean Seberg), uma norte-americana que vende uma edição francesa do New York Herald Tribune pelas ruas de Paris enquanto aguarda por uma vaga na Sorbonne.Heróis reversos, Michel apresenta-se mais durão do que realmente é – seu alter ego é Humphrey Bogart e, como tal, não larga o cigarro -, cheio de caras e bocas. Patricia é uma interrogação. Enquanto Michel é facilmente classificável à primeira vista – um assassino posé, meio alienado, mas na verdade medroso -, ela parece indiferente a tudo. Sabe da canalhice do namorado, dos crimes e tudo, mas nada disso parece abalá-la. Até a desconfiança de gravidez parece-lhe indiferente.

O estilo de filmagem de “Acossado”, do ponto de vista técnico , é tosco e muito pessoal. Não há nenhuma sofisticação técnica. Porém, à época foi inovador, por conta de sua criatividade. O filme é um desfile de celebridades do mundo cinematográfico francês - a história original é de autoria de François Truffaut; Claude Chabrol é o desenhista de produção; Daniel Boulanger encarna o inspetor de policia e, em pequenos papéis, aparecem Truffaut e o próprio Godard.

Toda a galera da nouvelle vague participou deste que foi o marco inicial desta escola. Mérito também do principal colaborador de Godard, Raoul Coutard, que trabalhou com o diretor muitas vezes. Para se ter uma idéia, como havia falta de recursos, uma tomada que necessitava de trilhos foi feita com o cinegrafista sendo empurrado numa cadeira de rodas, em substituição ao aparato.

Há também uma bela tomada com luz de fundo, mostrando Belmondo na cama com Jean Seberg sentada ao lado, ambos fumando e com a iluminação entrando pela janela, envolvendo-os em uma nuvem. O uso de jump cuts também ocorre à exaustão, mas muito mais como um recurso necessário de montagem, do que por questões estéticas. Porém, predominou essa ultima sensação, o que encanta e de fato faz o filme fascinante.

Inúmeros gângsters tiveram no Michel, de Belmondo, sua inspiração. Qualquer semelhança com o filme contemporâneo "Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas" (1967) não é mera coincidência, embora esse seja bem inferior. Fico imaginando o cinema acadêmico da década de sessenta tendo sido transgredido por esse filme ousado. Não há um roteiro claro, reinando a improvisação dos atores. Os diálogos trabalhados são substituídos por uma linguagem coloquial. E essa transgressão também existe nos personagens, que parecem alheios a tudo e a todos que vivem aos seus arredores - desprezo total pela autoridade, não ligando para as convenções sociais.

Claro que visto hoje, muito da técnica, dos cortes secos e da falta de continuidade parecem comuns e o radicalismo de Godard, desta forma soaria hoje comercial.
Porém, é inegável o charme desse filme. Sua espontaneidade e leveza contagiam – apesar da minha demora em engrenar no inicio do filme. Uma deliciosa contradição que, assim como Kane, marcou a historia do cinema.




"Acossado" (À bout de Souffle)
1960 – FRANÇA - 88 min. – Preto e Branco – ROMANCE POLICIAL
Direção: JEAN-LUC GODARD. Roteiro: JEAN-LUC GODARD E FRANÇOIS TRUFFAUT. Fotografia: RAOUL COUTARD. Montagem: CÉCILE DECUGIS E LILA HERMAN. Música: MARTIAL SOLAL. Produção: GEORGES DE BEAUREGARD, para IMPÉRIA, LES FILMS GEORGES DE BEAUREGARD E SOCIÉTÉ NOUVELLE DE CINÉMATOGRAPHIE.

Elenco:
JEAN-PAUL BELMONDO (Michel Poiccard/Laszlo Kovacs) JEAN SEBERG (Patricia Franchini), DANIEL BOULANGER (Inspetor de polícia), JENA-PIERRE MELVILLE (Parvulesco), HENRI-JACQUES HUET (Antonio Berrutti), VAN DOUDE (Periodicista), CLAUDE MANSARD (Vendedor de carros usados), RICHARD BALDUCCI (Tolmatchoff), JEAN-LUC GODARD (Informante) e LILIANE DAVID (Liliane).


Cenas do Filme:


Do mesmo diretor:



Je Vous Salue Marie

sábado, 1 de novembro de 2008

PÉROLAS NEGRAS DE HOLLYWOOD

Desde o início da história da premiação do Oscar poucos artistas negros(as) foram premiados, em relação ao número total dos agraciados. Entretanto, aqueles (as) que receberam a tão cobiçada estatueta - justamente ou injustamente - fazem parte de um grupo seleto de pessoas cujos nomes estarão cravados de forma definitiva em Hollywood. Segue uma homenagem àqueles (as) que tiveram seus minutos de alegria - desde a inesquecível Hattie McDaniel (de "...E o Vento Levou") até o poderoso Forest Whitaker (de "O Último Rei da Escócia"). Ei-los (as):



1939
Hattie McDaniel em “... E o Vento Levou”, pelo papel da inesquecível babá Mammy de Scarlett O´Hara (Vivien Leigh). Hattie foi a primeira negra a ser indicada ao Oscar como Melhor Atriz Coadjuvante; também, foi a primeira atriz negra a ganhar o prêmio nessa categoria, além da mais velha a ganhar um Oscar da Academia (aos 44 anos); finalmente, a primeira artista negra (homem ou mulher) a ganhar um Oscar.


1946
James Baskett, Oscar Honorário, por sua “calorosa caracterização do Tio Remus, amigo e contador de histórias para crianças do mundo”, no filme “Canção do Sul”, de Walt Disney. O prêmio foi entregue na cerimônia de 1948.





1963
Sidney Poitier, em “Uma Voz nas Sombras”, pelo papel de Homer Smith. Foi o primeiro negro a ganhar o Oscar na categoria de Melhor Ator Principal, bem como o mais jovem a ganhar como ator nessa categoria (aos 37 anos).





1971
Isaac Hayes, Melhor Música Original pelo “Tema de Shaft”, do filme “Shaft”. Foi o primeiro negro a ganhar o prêmio na categoria de Melhor Canção Original.







1982
Louis Gossett, Jr, em “A Força do Destino”, no papel do Sargento Emil Foley. Foi o primeiro negro a ganhar o Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante.







1983
Irene Cara, Melhor Canção Original “What a Feeling”, do filme "Flashdance". Foi a segunda artista negra a ganhar o prêmio de Melhor Canção Original; a primeira (e única) a ganhar um Oscar fora da categoria de atriz. Irene Cara foi responsável somente pela letra da canção. A indicação foi conjunta com Giorgio Moroder e o co-letrista Keith Forsey.



1984
Prince, Melhor Música, Melhor Trilha Sonora Original, do filme “Purple Rain”. Foi o primeiro (e único) artista negro a ganhar o prêmio nesta categoria (cantada), que atualmente não mais existe. Hoje essa categoria é Melhor Trilha Original, que engloba trilha instrumental e cantada.




1984
Stevie Wonder, Melhor Canção Original "I Just Called to Say I Loved You", do filme “A Dama de Vermelho”. Foi o segundo artista negro a ganhar o prêmio na categoria Melhor Canção Original






1985
Lionel Richie, Melhor Canção Original "Say You, Say Me”, do filme “O Sol da Meia-Noite”. Foi o terceiro artista negro ganhar o prêmio como Melhor Canção Original







1986
Herbie Hancock, Melhor Trilha Sonora Original, do filme “Por Volta da Meia-Noite”. O primeiro (e único) artista negro a ganhar o prêmio na categoria Melhor Trilha Original.







1988
Willie D. Burton, Melhor Som por "Bird", dividido com Les Fresholtz, Rick Alexander e Vern Poore. Foi o primeiro negro a ganhar o prêmio na categoria Melhor Som.

1989
Russel Williams II, Melhor Som por “Tempos de Glória”, dividido com Donald O. Mitchell, Gregg Rudloff, e Elliot Tyson. Foi o segundo negro a ganhar o prêmio de Melhor Som.

1989
Denzel Washington, em “Tempos de Glória”, como Trip. Foi o segundo negro a ganhar o prêmio na categoria de Melhor Ator Coadjuvante; também, o primeiro ator negro a receber duas indicações nessa categoria.






1990
Whoopi Goldberg, em “Ghost, do Outro Lado da Vida”, como Oda Mae Brown, a hilária tranbiqueira. Foi a segunda negra a ganhar o Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, bem como a primeira a receber duas indicações como atriz no geral.





1990
Russel Williams II, Melhor Som por “Dança com Lobos”, dividido com Jeffrey Perkins, Bill W. Benton e Gregory H. Watkins. Foi o terceiro negro a ganhar o prêmio de Melhor Som e o primeiro a ganhá-lo por duas vezes.






1995
Quincy Jones, Prêmio Humanitário Jean Hersholt.









1996
Cuba Gooding, Jr., em Jerry Maguire”, como Rod Tidwell. O terceiro negro a ganhar o Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante; também, o mais jovem ator negro a ganhar o prêmio da Academia (aos 29 anos).





2001
Denzel Washington, em “Dia de Treinamento”, como Alonzo Harris. O primeiro negro a receber cinco indicações como ator no geral; também, foi o primeiro a receber três indicações ao prêmio, na categoria Melhor Ator Coadjuvante; o segundo negro a ganhar um Oscar na categoria Melhor Ator Principal; foi neste ano, pela primeira vez, que diversos atores receberam indicação ao prêmio na categoria de Melhor Ator Principal; finalmente, foi o mais velho ator negro a ganhar o prêmio na categoria Melhor Ator Principal (aos 47 anos).


2001
Halle Berry, em “A Última Ceia”, como Leticia Musgrove. Foi a primeira (e única) negra a ganhar o prêmio na categoria Melhor Atriz Principal.







2002
Sidney Poitier, Prêmio por Reconhecimento da Obra, “pelas atuações extraordinárias e presença única na tela e por representar a indústria com dignidade, estilo e inteligência”. O prêmio foi entregue na cerimônia de 2002.





2004
Jamie Foxx, em “Ray”, no papel do cantor Ray Charles. Foi o terceiro negro a ganhar o prêmio na categoria Melhor Ator Principal; foi o primeiro ator a receber duas indicações de melhor performance no mesmo ano.






2004
Morgan Freeman, em “A Menina de Ouro”, como Eddie 'Scrap-Iron' Dupris. Foi o quarto negro a ganhar o prêmio na categoria de Melhor Ator Coadjuvante; o mais velho negro a ganhar um prêmio da Academia (aos 67 anos); o segundo negro a receber duas indicações na categoria Melhor Ator Coadjuvante.



2005
Jordan Houston, Cedric Coleman, Paul Beauregard (Houston e Beauregard são do grupo musical Three 6 Mafia), pela canção “It is hard out here for a Pimp", do filme “Ritmo de Um Sonho”.


2006
Forest Whitaker, em “ O Último Rei da Escócia”, como o ditador Idi Amin Dada. Foi o quarto negro a ganhar o prêmio na categoria de Melhor Ator Principal.







2006
Jennifer Hudson, em “Dreamgirls - Em Busca de Um Sonho”, como Effie White. Foi a terceira negra a ganhar o prêmio na categoria Melhor Atriz Coadjuvante; a primeira (e única) negra a ganhar um prêmio da Academia em seu filme de estréia; foi a mais jovem negra a ganhar um prêmio da Academia (aos 25 anos); a primeira participante de um reality show de TV a vencer um premio da Academia; o primeiro (e único) filme a ter indicados negros tanto na categoria de Melhor Ator Principal como Melhor Atriz Coadjuvante.


2006
Russel Williams II, Melhor Som por “Dreamgirls”, dividido com Michael Minkler e Bob Beemer. O primeiro negro a ser indicado e a ganhar na recém renomeada categoria de Melhor Mixagem de Som”.

Fonte: Diversos