quarta-feira, 5 de março de 2008

POSSESSÃO

“Você não vê que eu te odeio?”.

Embora seja considerado do gênero horror, ou rotulado como um filme de terror intelectualizado, esse desafiador e incomum drama tem Isabelle Adjani como uma jovem que abandona o marido (Sam Neill) e seu amante (Heinz Bennent) por uma bizarra criatura cheia de tentáculos que ela mantém em um precário apartamento em Berlim. No início, seu marido nada sabe sobre a existência do monstro e acredita que sua esposa está louca. Ele contrata detetives para segui-la, os quais ela mata e usa como alimento para a criatura. Ainda inconsciente do que acontece, o marido resiste à sedutora presença da reservada professora-sósia de sua mulher (também interpretada por Isabelle Adjani), que freqüentemente aparece para cuidar do filho do casal enquanto sua esposa desaparece. Mesmo seduzido pela presença e beleza da professora, ele ainda é apaixonado pela esposa e, mesmo depois que descobre sobre os assassinatos, permanece a seu lado e a ajuda a acobertar os crimes.

O filme é tão deliberadamente esotérico, que perde o sentido. Seus simbolismos e sua exagerada direção, somados ao tour de force de Isabelle Adjani, tornam filme, além de confuso e sanguinário, muito estranho.

Uma co-produção franco-germânica, filmada em inglês, o filme foi escrito e dirigido pelo polonês (nascido russo) Andrzej Zulawski. Foi premiado em Cannes 1981, pela performance de Isabelle Adjani. O filme tem mais de duas horas. Entretanto, é possível que parecesse absolutamente ilógico, qualquer que fosse sua duração. Como Anna, Isabelle Adjani é obrigada a atuar numa sucessão crescente de cenas tolas. Além disso, por alguma razão qualquer, ela também aparece como a bonita e “normal” professora de escola Helen.

"Possessão" é um verdadeiro carnaval de narizes sangrando. Por causa dos três personagens principais – Anna, seu marido Marc (Sam Neill) e seu amante, Heinrich (Heinz Bennent) – todos se degladiam violentamente ao longo do filme, atuando na maioria das cenas em estado de sangramento. Algumas vezes, o filme colorido “Possessão” faz-me lembrar do preto e branco “Repulsa ao Sexo”, de Roman Polanski, embora somente por causa de Adjani que recorta tantos homens quanto Catherine Deneuve anteriormente, em um filme muito superior.

Não sei se Isabelle Adjani mereceu seu prêmio em Cannes pela atuação como Anna, mas ela o mereceu por algo, talvez por tanto malabarismo. Em certo ponto, ao tentar cortar sua própria garganta com uma faca elétrica, ela grita coisas do tipo “Porque você continua me incomodando?” e “Você não vê que eu te odeio?”. O diálogo do filme sempre perde alguma intensidade nas imagens.

Os vários sotaques também são um problema. O ator Heinz Bennent, como muitos alemães que falam inglês não-nativo têm problemas ao pronunciarem os r´s. O sotaque francês de Isabelle Adjani e o inglês australiano de Sam Neill acabam por completar o pacote confuso. O filme foi rodado em Berlim, à época da queda do muro, que parece ser um lugar receptivo a atores de outra nacionalidade.



Possessão (Posesión)
1981 – FRANÇA/ALEMANHA - 123 min. – Colorido – TERROR
Direção:. ANDRZEJ ZULAWSKI. Roteiro: ANDRZEJ ZULAWSKI; adaptação e diálogos de ANDRZEJ ZULAWSKI e FREDERIC TUTEN. Fotografia: BRUNO NUYTTEN. Montagem: MARIE-SOPHIE DUBUS e SUZANNE LANG-WILLAR. Música: ANDRZEJ KORZYNSKI . Produção: JEAN-JOSE RICHER, distribuído pela LIMELIGHT INTERNATIONAL FILMS, INC.

Elenco: ISABELLE ADJANI (Anna/Helen), SAM NEILL (Marc), HEINZ BENNENT (Heinrich), MARGIT CARSTENSEN (Margie), MICHAEL HOGBEN (Bob), SHAUN LAWTON (Zimmermann), JOHANNA HOFER (Mãe de Henirich) e CARL DUERING (Detetive).


Trailer Original:

Um comentário:

carol disse...

Pois é... Acabei de assistir o filme e concordo com sua análise. Eu achei tudo muito exagerado - desde a direção até a atuação da possuída Isabelle (inclusive aquela cena "baixa-santo" patética do metro.
Definitivamente o filme não é para todos os gostos. Com 10 minutos de projeção, ninguém aqui em casa queria + prosseguir, fui sozinha e dei meu tempo em vão.
Parabéns pela resenha, está ótima! Antes a tivesse lido antes de ver o filme, abraços!