sábado, 3 de maio de 2008

O CASO OSTERMAN

“Mate-me, Max, e finja que está matando seus medos.”


Maxwell Danforth (Burt Lancaster) está horrorizado pelo conteúdo da fita de vídeo que acaba de assistir. Tudo acontece dentro de um quarto de hotel. Sobre a cama, há uma mulher nua. De imediato, dois homens a assassinam e desaparecem da tela tão rapidamente quanto apareceram. Mas, a vítima não estava sózinha. O filme mostra um homem saindo do banheiro e descobre o corpo. Totalmente desesperado, rompe-se a chorar junto à mulher. Danforth é o chefe do serviço secreto americano e a fita foi gravada por câmeras de vigilância da CIA. A mulher assassinada era a esposa de Lawrence Fassett (John Hurt), um de seus agentes. A CIA havia vigiado o quarto de Fassett sem que este suspeitasse e “permitido” à KGB que levasse o crime a cabo, para evitar maiores tensões entre os dois países.

Danforth incumbe Fassett da missão de acabar com a organização ÔMEGA – uma unidade especial infiltrada da KGB. Fassett colaborará com ele, junto com Tanner (Rutger Hauer) – o diretor e locutor de um polêmico programa de debate político. O jornalista não sabe que três de seus antigos amigos de faculdade são membros da ÔMEGA. Todos os anos, Tanner reúne-se com eles em sua casa de campo durante um fim de semana. O próximo encontro está prestes a acontecer. Tanner, a princípio, nega-se a acreditar na culpa de sues amigos, até que ele vê um vídeo que os incrimina.

Além disso, a fita não somente prova que são culpados de traição a seu país, mas também insinua que, tanto Tanner como sua família, estão ameaçados por seus supostos amigos. Apesar de tudo, o jornalista coloca como condição para colaborar com o chefe da CIA, que o mesmo participe em seu programa de TV, após o final de semana do encontro. Danforth concorda. Agora, Fassett pode instalar câmeras em todos os cômodos da casa de Tanner.

Sam Peckinpah já havia ganhado reputação em outros filmes como Meu Ódio Será Sua Herança (1969) ou Sob o Domínio do Medo(1971). Com "O Caso Osterman", Peckinpah voltou a um dos temas centrais de sua carreira: o aumento progressivo da violência em determinadas situações. Na casa de Tanner, a tensão entre os quatro amigos aumenta visivelmente. O que a principio pareciam inofensivas disputas de pólo aquático na piscina, mais tarde tornam-se brigas abertas. Suas esposas, que os acompanham no final de semana, fazem o possível para que as coisas fiquem calmas. Mas, também, elas tornam-se cada vez mais agressivas. Ao final, haverá um sério enfrentamento entre Tanner e sua esposa, Ali (Meg Foster).

O agente da CIA, Fassett, não perde o espetáculo e "move seus pauzinhos" à distância, a partir de um furgão de vigilância, de onde acompanha por radio tudo o que acontece na casa. Assim, consegue criar novos motivos de conflito. Somente quando parece que a situação fica insustentável e a tensão entre o grupo está a ponto de explodir, Fassett intervém com uma unidade da CIA, junto aos amigos de Tanner. Quando este e seu melhor amigo, Osterman (Craig T. Nelson), estão a ponto de matar-se, descobrem o terrível complô da CIA no qual estão prestes a cair.

No grande estilo de filmes de espionagem e suspense, característicos da década de 70, como os Três Dias do Condor(1975) e A Trama(1974), ambos realizados no contexto do escândalo Watergate (1972), “O Caso Osterman” mostra como as conspirações governamentais podem infiltrar-se no seio da sociedade, mas também na esfera individual de cada pessoa. A vida privada de Tanner transforma-se assim no cenário de intrigas políticas. Mas o filme de Peckinpah faz também uma dura crítica aos meios de comunicação.

“O Caso Osterman” retrata a televisão como um meio de manipulação, intriga e opressão. Percebemos que o vídeo de Fasset mostrado a Tanner para incriminar seus amigos fora forjado. Assim mesmo, a presença de Danforth no programa de Tanner, por detrás de um sangrento final de semana, revela o chefe da CIA como um homem sem escrúpulos,; alguém com tal ânsia de poder, que está disposto a tudo para realizar sua ambição pessoal de chegar à presidência. Neste que seria seu último filme, Peckinpah faz um profunda reflexão sobre o ilimitado potencial de manipulação que poderia surgir se a classe política e os meios de comunicação utilizassem toda a sua força.



O Caso Osterman (The Osterman Weekend)
1983 – EUA - 102 min. – Colorido – SUSPENSE
Direção: SAM PECKINPAH. Roteiro: ALAN SHARP e IAN MASTERS, baseado na obra homônima de ROBERT LUDLUM. Fotografia: JOHN COQUILLON. Montagem: EDWARD ABROMS e DAVID RAWLINS. Música: LALO SCHIFRIN. Produção: PETER S. DAVIS e WILLIAM N. PANZER, para a 20th CENTURY FOX

Elenco: RUTGER HAUER (John Tanner) BURT LANCASTER (Max Danforth), JOHN HURT (Lawrence Fassett), DENNIS HOPPER (Richard Tremayne), CRAIG T. NELSON (Bernie Osterman), MEG FOSTER (Ali Tanner), SANDY MCPEAK (Stennings), CHRIS SARANDON (Joseph Cardone), HELEN SHAVER (Virginia Tremayne) e CASSIE YATES (Betty Cardone).

Trailer Original:


Assista também:



Meu Ódio Será Sua Herança

Um comentário:

Anônimo disse...

Caramba. Nunca tinha ouvido falar do filme, mas parece bem interessante. O difícil vai ser achá-lo nas locadoras daqui =)
Mas e o Homem de Ferro, foi assistir? Eu também fiquei com um pé atrás quando vi o trailer. Os efeitos pareciam ruins. Mas sabe de uma coisa? Homem de Ferro foi o primeiro filme produzido pela Marvel Studios. Eles estão produzindo os próprios filmes agora, exatamente pra ganhar público, fazendo o que eles já fazem.
Assim, o filme se destaca em várias áreas como evitar cenas de pura computação gráfica e focar mais os personagens e o mundo da Marvel.
E o Robert Downey Jr está fantástico =)
Abraços!