quarta-feira, 6 de agosto de 2008

TARDE DEMAIS PARA ESQUECER

“O Empire State Building é a coisa mais próxima ao céu nesta cidade.”


Melodrama romântico sobre duas pessoas que se conhecem a bordo de um cruzeiro marítimo pela Europa de volta à Nova Iorque. Ele é Nickie Ferrante (Cary Grant), um playboy, noivo de uma milionária. Ela, Terry McKay (Deborah Kerr), uma cantora, também comprometida. Apaixonam-se e prometem encontrar-se no topo do mítico Empire State Building em seis meses (caso ainda estejam apaixonados), apesar de seus respectivos parceiros. Daí, acontece algo inesperado. Passado esse período, sem haverem mantido contato, Terry segue ao encontro de Nickie. É atropelada por um automóvel e, por alguma razão inexplicável, não o avisa do ocorrido, deixando-o perplexo à sua espera. Ele naturalmente acha que foi abandonado e, após outros tantos meses, descobre seu paradeiro. Vai até ela e percebe seu problema. Parece ridículo Terry não ter dito nada sobre o acontecido – e isso é o que pode parecer para quem assiste ao filme. De qualquer forma, eles renovam sua mútua paixão e o filme vai assim até o final.

O charme desta história convencional está no modo com que duas pessoas aparentemente blasé – hoje poderíamos chamá-las de descoladas - lidam com a experiência de descobrirem estar de fato envolvidas emocionalmente. Uma situação ingênua, mas mostrada de forma surpreendente. Os diálogos são cheios de humor e conduzidos com muita desenvoltura pelos protagonistas. Também, a cena em que ambos visitam a avó de Nickie em uma vila na Riviera Francesa é repetida mais de uma vez, de forma interessante – o navio, providencialmente, faz uma escala na região. Cathleen Nesbitt também está bem no papel da avó de Nickie.

Entretanto, algo não vai bem com o filme, quando o casal termina o cruzeiro e abandona aquele clima de ilusão e romantismo, caindo no mundo real. O pacto matrimonial parece meio infantil para ser feito por um casal adulto. A falha de Terry em avisar seu noivo do acidente parece também meio absurda. O fato de que Nickie não ter tido noticias também fica difícil de acreditar. E a morosidade com que ele encara o óbvio quando a visita fica muito evidente.

Lembremos que Leo McCarey havia dirigido anteriormente “O Bom Pastor” (1944) – um fato que pode explicar a presença no filme de uma música envolvente para a heroína deficiente e de algumas crianças. A música-tema é extremamente bonita e já entrou para a história do cinema como uma das mais lembradas – “An Affair to Remember”, originalmente cantada por Vic Damone.

Filme clássico e extremamente reprisado na televisão é um remake de 1939, dirigido pelo mesmo McCarey, tendo Charles Boyer e Irenne Dunne nos papéis principais. Não assisti a essa versão. Mas tenho certeza que a química entre Grant e Kerr é insuperável. Quem não viu, veja. Quem viu, reveja.



"Tarde Demais Para Esquecer" (An Affair to Remember)
1957 – EUA - 119 min. – Colorido – DRAMA
Direção: LEO McCAREY. Roteiro: DELMER DAVES E LEO McCAREY. Fotografia: MILTON S. KRASNER. Montagem: JAMES B. CLARK. Música: HUGO FRIEDHOFER. Produção: JERRY WALD, distribuído pela Twentieth Century Fox.

Elenco: CARY GRANT (Nick Ferrante) DEBORAH KERR (Terry McKay), RICHARD DENNING (Kenneth), NEVA PATTERSON (Lois), CATHLEEN NESBITT (Avó de Nickie), ROBERT Q. LEWIS (Anunciante), CHARLES WATTS (Ned Hathaway) e FORTUNIO BONANOVA(Courbet).

Trailer Original:


Do mesmo diretor:



Os Sinos de Santa Maria

5 comentários:

Miguel Andrade disse...

Jacques, como não me canso de repetir, ainda tem grandes interpretações da dupla principal. Uma graça de filme! :)

Pedro Henrique Gomes disse...

Estou pensando em publicar um texto sobre esse filme também. Aliás, gostei de Tarde Demais para Esquecer.

Abraço!

Miriam disse...

Comprei o filme original para minha coleção. Mas quando o assisti novamente me cansou um pouquinho. O que vale a pena é a música, o cenário lindo e as duas cenas principais: A do Empire State , que na época era o maior do mundo, e a hora que ele descobre que ela estava paraplégica.
Beijos

Jacques disse...

Miguel, é verdade. O casal possui sintonia total. Muito bacana. Abcs.

Pedro, legal. Depois que publicar vou conferir. Abcs.

Miriam, talvez o filme seja ingênuo, mas não o acho longo não. A música marcou, de fato. O Empire State Building sempre marcante, desde King Kong...Beijo.

Cecilia Barroso disse...

Eu gosto desse filme. Mesmo ele sendo um pouco apelativo demais e com aquele jeito de "feito para chorar".
Como muito bem dito no filme Sintonia de Amor (que é uma homenagem a este clássico), não tem como assistir e não chorar.
Não vi a versão anterior, mas sei que a posterior, com Warren Beatty e Annette Bening, é muito fraca!