sábado, 21 de fevereiro de 2009

AS AVENTURAS DE ROBIN HOOD

“Odeio a injustiça, não os normandos!.”


Inicialmente, o papel estava sendo protagonizado por James Cagney (até então o maior astro da Warner na época), que se aborreceu e deixou o filme. Errol Flynn foi escalado então para o papel. O resultado foi que um ator em ascensão tornou-se um grande trunfo para este filme. Filmado em Technicolor, o visual é espetacular. Os diretores de fotografia Sol Polito e Tony Gáudio utilizaram-se de pesadas câmeras e muita iluminação extra, produzindo uma variedade tonal inigualável. Isso pode ser percebido em diversas cenas, inclusive nas tomadas da floresta de Sherwood (na verdade filmada na Califórnia). Além do apuro técnico, o elenco todo está perfeitamente adequado – além do próprio Flynn, Olívia de Havilland brilha. Também, Claude Rains como príncipe John; Basil Rathbone como Sir Guy de Gisbourne; Patrick Knowles, Eugene Palette e Alan Hale como Will Scarlett, frei Tuck e João Pequeno, respecitvamente, como os engraçados amigos de Robin.

É divertido ver Errol Flynn alegre e ágil, em início da carreira - características fundamentais para o herói. Ele adentra no salão de banquetes do Príncipe John e joga um cervo diante do nobre, sabendo que a punição para tal era a morte. Cercado em ambiente hostil, acusa o Príncipe de trair o irmão – Ricardo Coração de Leão – e luta para sair do castelo. Robin não fraqueza, é destemido e torna o perigo num espetáculo de aventura.

Olívia de Havilland sob os efeitos do Technicolor está maravilhosa. Prometida do Príncipe, quando avista Robin, já se percebe ali uma conexão mútua. As cenas do casal são simples. Não há a necessidade de torná-las realistas em excesso. Essa medida dá o tom certo de fábula que o filme necessita – o ideal medieval de que estão juntos não somente porque se admiram, mas porque têm o destino traçado.

Por outro lado, as cenas de ação são bem realistas e, comparativamente aos efeitos especiais de hoje, com uso de tecnologia digital, os heróis e o elenco do filme não desafiam as leis da gravidade. São pessoas de carne e osso, cujos esforços vemos e acompanhamos.

Há momentos divertidos como brincadeira de criança quando Robin e sés amigos imiscuem-se na competição de arqueiros do príncipe John. Fica engraçado imaginar que os homens mais procurados do reúno poderiam se disfarçar – sem ser percebidos – simplesmente baixando os capuzes sobre o rosto.

Por outro lado, há momentos em que a obviedade impera, como quando Robin leva Marian à floresta de Sherwood ocupada por alguns dos saxões que ele ajudara - um monte de gente cansada e esquiva, acotovelando-se pra lhe manifestar gratidão. Sabe-se que Robin Hood tirava dos ricos para dar aos pobres, mas não que ele administrava esse campo de refugiados.

Também há momentos de bravata, como quando a flecha disparada para matar um normando apaga uma vela. E quando a flecha de Robin racha a do concorrente no torneio de arco e flecha. E o grande duelo entre Robin e sir Guy, que utiliza cortes entre os atores e suas sombras. E o processo de Technicolor jamais foi tão surpreendente como nas grandes e esplendorosas cenas ao ar livre, como a da corte reunida para o torneio.

As cenas íntimas têm uma franqueza quase audaciosa. Quando Robin e Marian se olham e confessam seu amor, agem sem rodeios, sem poesia antiquada. O filme sabe quando ser simples - afinal, este é o vínculo entre Robin e Marian. O herói ideal deve fazer o bem, derrotar o mal, divertir-se e conquistar a mulher amada. As Aventuras de Robin Hood é como um livro didático que ensina a fazer isso corretamente. E, como tal, continua fazendo sucesso mais de setenta anos depois. Super!



"As Aventuras de Robin Hood" (The Adventures of Robin Hood)
1938 - EUA - 102 min. – Colorido – AVENTURA
Direção: MICHAEL CURTIZ. Roteiro: NORMAN REILLY RAINE e SETON I. MILLER. Fotografia: TONY GAUDIO e SOL POLITO. Montagem: RALPH DAWSON. Música: ERICH WOLFGANG KORNGOLD. Produção: HAL B. WALLIS.


Elenco: ERROL FLYNN (Robin Hood) OLIVIA DE HAVILLAND(Marian), BASIL RATHBONE (Sir Guy de Gisbourne), MILO CLAUDE RAINS (Príncipe John), PATRICK KNOWLES (Will Scarlett), EUGENE PALLETTE (Frei Tuck), ALAN HALE (João Pequeno), MELVILLE COOPER (Xerife de Sherwood), IAN HUNTER (Rei Ricardo Coração de Leão), UMA O´CONNOR (Bess), HERBERT MUNDIN (Much), MONTAGU LOVE (Bispo) e LEONARD WILLEY (Sir Essex).

Prêmios:
Oscar de Melhor Direção de Arte (Carl Jules Weyl), Melhor Montagem (Ralph Dawson) e Melhor Trilha Sonora Original (Erich Wolfgang Korngold)/1939.



Cenas do Filme:


Assista também:



Almas em Suplício

2 comentários:

Red Dust disse...

É um excelente filme de aventuras. Duvido (mesmo muito...) que James Cagney, apesar de ser um magnífico actor, se conseguisse enquadrar neste género de filme. Pelo que o papel de Errol Flynn lhe assentou que nem uma luva... :)

10/10.

Abraço.

Sergio Deda disse...

Quero muito assistir, parece uma aventura clássica super interessante.

Abraços