segunda-feira, 29 de junho de 2009

A TRAMA

“Estou morto, Bill. Só quero ficar assim por um tempo.”


Um senador, aparentemente candidato à presidência dos EUA, é morto durante um comício de campanha. Quando uma série de atentados, principalmente a pessoas que presenciaram o assassinato, começa a acontecer, Warren Beatty interpreta Joseph Frady, um repórter que começa a desconfiar da versão dada, principalmente, depois que sua ex-namorada, Lee Carter (Paula Prentiss), também repórter acaba morrendo, depois de tê-lo avisado que se encontrava em perigo. Lidando com teorias conspiratórias, de fundo político, segue a linha dos fatos que lembram o assassinato do presidente Kennedy. “A Trama” é o tipo de suspense político que tem um curso linear do início ao final. Os mistérios não vão se acumulando à medida que o filme segue. No momento em que vão surgindo, as dúvidas vão se esclarecendo de modo que no término você possa se sentir um pouco surpreso – e não demais, como seria de se esperar de um enredo como este.

A direção de Pakula, embora muito competente, nunca nos premia com algo mais substancial do que alguns instantes de puro suspense, que poderia ser prolongado por mais tempo. Nem Pakula, nem os roteiristas, David Giler e Lorenzo Semple Jr., dispõem, obviamente, do toque que Alfred Hitchcock utilizava em muitos de seus filmes para dar à história uma importância que transcendia um senso plausível imediato – tratava a idéia central de modo tão brilhante que chegava a sabotar nossa crença. Aqui a história é retratada dando a idéia de que, em algum lugar, há uma grande organização dedicada a treinar e empregar párias e criminosos, elevando-os à condição de assassinos profissionais.

De acordo com o filme, a Parallax Corporation possui um programa de recrutamento como de uma multinacional. Transportando-nos à década em que foi produzido, a Parallax parece ser uma organização “de direita”; contudo, o filme trata isso de forma um pouco superficial. A organização insiste em eliminar seus empregados, as testemunhas, bem como as testemunhas das testemunhas, de modo que, no limite, a população estaria toda reduzida a um número qualquer de adeptos num curto período de tempo.

Há uma “história oficial” para esclarecimento de fatos, de modo a desviar a atenção de uma conspiração sempre presente no meio de tudo. O filme é muito bom, não usa trilha musical para potencializar os momentos de ação e, embora possa parecer contraditório, é bastante silencioso. De qualquer modo, fica a impressão de querer aparentar mais sério do que seu diretor pretendia que fosse.

O elenco, além de Warren Beatty e Paula Prentiss, inclui Hume Cronyn, como o editor jornalístico Bill Rintels e um número de outros bons atores. Porém, “A Trama” não é um filme que dependa de atuações fortes, pois o tema sobrepuja as performances. Quem já o viu, provavelmente perceberá que influenciou muitos outros filmes que foram realizados - “O Suspeito da Rua Arlington” (1999), entre outros. “A Trama” faz parte do que se convencionou chamar de trilogia da paranóia de Pakula, iniciada por “Klute, O Passado Condena” (71) e completada por “Todos os Homens do Presidente” (76).




"A Trama" (The Parallax View)
1974 – EUA - 102 min. – Colorido – SUSPENSE
Direção: ALAN J. PAKULA. Roteiro: DAVID GILER E LORENZO SEMPLE JR., baseado no romance de LOREN SINGER. Fotografia: GORDON WILLIS. Montagem: JOHN W. WHEELER. Música: MICHAEL SMALL. Produção: ALAN J. PAKULA, distribuído pela PARAMOUNT PICTURES.

Elenco:
WARREN BEATTY (Joseph Frady) PAULA PRENTISS (Lee Carter), WILLIAM DANIELS (Austin Tucker), WALTER McGINN (Jack Younger) , HUME CRONYN (Bill Rintels) , KELLY THORDSEN (Xerife L.D. Wicker) , CHUCK WATERS (Thomas Richard Linder) , EARL HINDMAN (Deputado Red) e WILLIAM JOYCE (Senador Charles Carroll).



Cenas do Filme:


Assista também:



O Suspeito da Rua Arlington

2 comentários:

Rebecca Leite disse...

Olá!
Trabalho na agência de publicidade Núcleo da Idéia Comunicação e gostaria do seu email para podermos tentar uma parceria.
Aguardo o retorno,
Rebecca Leite
mkt1@nucleodaideia.com.br
Núcleo da Idéia Comunicação.

Wally disse...

Nunca vi... mas seu texto me despertou grande curiosidade.

Ciao!